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Preocupada em expor suas aspirações revolucionárias em matéria de reprodução social ao mesmo tempo que aspirava a atenuar as inquietações de seu público operário camponês, Kollontai se esforça, como já havia feito em As bases sociais da questão feminina, para demonstrar que os comunistas não têm nenhuma intenção de arrancar os filhos de suas mães. ‘Que as mães trabalhadoras fiquem tranquilas: a sociedade comunista não pretende de forma alguma tirar o filho dos pais nem arrancar o bebê do seio da mãe; ela também não tem a intenção de recorrer a meios violentos para destruir a família.’ Os comunistas contentam-se em constatar o inexorável processo de dissolução da ‘antiga família’ e em remediar os sofrimentos que ele engendra. É com esse propósito que o poder soviético assume a missão de ajudar, física e moralmente, as mães, o que não impede nem um pouco ‘os pais que querem participar da educação do pequeno’ de fazê-lo: ‘A sociedade comunista tomará para si os encargos envolvidos na educação da criança, mas as alegrias paternas, as satisfações maternas, ela deixará para aqueles que se mostraram aptos a compreender, a reconhecer essas alegrias’, sem que se saiba no caso quem será considerado capaz disso. Concluindo sua mensagem de apaziguamento, Kollontai sustenta que nisso se resumem os planos da sociedade comunista e que estes não podem de forma alguma ser interpretados como expressão de um desejo de ‘destruição da família’ e de ‘separação forçada da criança e da família’. Ainda que as relações pessoais de Kollontai com seu filho Mikhail – com o qual ela tentará sempre manter uma relação privilegiada a despeito da distância física – nos levem a crer em sua sinceridade quanto ao segundo aspecto, o argumento de ‘não intervenção’ na evolução das estruturas familiares é incontestavelmente uma dissimulação estratégica.”