Ousar lutar: memórias da guerrilha que vivi traz o relato de José Roberto Rezende, um brasileiro que viveu, sob fogo cerrado, os meandros do movimento de resistência ao regime militar, nos anos 1960-70. Seu depoimento carregado de sinceridade, narrado ao jornalista Mouzar Benedito, permite ao leitor conhecer a história de quem percorreu os segredos da clandestinidade, conheceu os porões da ditadura e, em sua essência, os escaninhos da tortura.
A decisão de cair na clandestinidade, os "aparelhos", as ações armadas, o sequestro do embaixador da Alemanha, a tortura, a morte de Rubens Paiva, a prisão e o testemunho do surgimento da falange vermelha no presídio de Ilha Grande são alguns dos episódios marcantes abordados pelo livro.
A motivação do autor ao contar sua história é contribuir para que a memória da luta pela ditadura militar no Brasil não seja esquecida. Na Introdução do livro, ele ressalta que não pretende assumir qualquer papel de destaque diante das ações de que participou ou dos companheiros com quem conviveu, desejando apenas que as novas gerações conheçam uma parte do passado recente e sombrio do país.
Ousar lutar marca ainda a parceria de José Roberto Rezende, falecido em agosto de 2000, pouco tempo antes da primeira publicação do livro, com o jornalista Mouzar Benedito. Conterrâneos, Mouzar conheceu o parceiro durante o período de cárcere de José Roberto, quando passou a visitar sistematicamente presos políticos.
Em suma, trata-se de um resgate e uma homenagem aos que participaram, sobreviventes ou não, da luta necessária, porém ingrata, contra uma ordem institucional que não se furtou em mergulhar em sangue qualquer projeto que viesse brindar o desenvolvimento voltado para as gritantes carências sociais de um país rico como o Brasil.