Os éguas, de Edyr Augusto, é um romance policial diferente. Trata-se de um thriller regionalista que conta uma história de sexo, drogas, corrupção policial e morte. Em seu centro, um delegado alcoólatra "de mediana inteligência e vastos sofrimentos".
O cenário é Belém do Pará, surpreendentemente violenta e decadente, retratada sem qualquer condescendência. Os éguas é um romance que não deixa nada da cidade de fora, indo da grã-finagem à patuleia, mostrando bares, botecos, restaurantes, delegacias, clubes e motéis. Sua linguagem é coloquial, típica da região, compondo um retrato perfeito da oralidade local. O Título da obra define com ironia a fauna humana que cafunga e geme na história de aterradora violência narrada.
A trama de Edyr Augusto tem ecos de romance policial com um detetive, o delegado Gil, e seu parceiro, Bode, investigando um suicídio que mais parece homicídio. Gil não é um detetive cerebral, tampouco aguenta beber, sendo derrubado por umas poucas cervejas. É um personagem diferente do habitual das histórias policiais, sem glamour ou força. Mediano, e, por isso mesmo, mais verossímil.
Os éguas avança para além da mera trama policial e mergulha na realidade e nos horrores de uma cidade povoada de violência, corrupção, crueldade e hedonismo. Edyr Augusto envereda pela trilha que aprofunda a violência e faz, ao mesmo tempo, um retrato e uma reflexão sobre a criminalidade, as transgressões éticas e a impunidade desses tempos. Por tudo isso é um grande romance, que choca e comove, fazendo o leitor torcer e pensar.