Escrito entre agosto e setembro de 1917, em meio às perseguições do governo provisório encabeçado por Aleksandr Keriénski, este livro é o mais relevante estudo sobre o caráter do Estado desde as obras de Karl Marx e Friedrich Engels. Para concluí-lo, Lênin desbravou página a página os escritos sobre o Estado dos fundadores do materialismo dialético, notadamente A origem da família, da propriedade privada e do Estado, de Engels, e A guerra civil na França, de Marx.
Sua elaboração remonta a polêmicas no seio do partido bolchevique, em 1916, que motivaram o dirigente a confeccionar o caderno conhecido como O marxismo sobre o Estado (o "Caderno azul"). Nele, organizou inúmeras citações de Marx, Engels, Kautsky, Pannekoek e Bernstein, e fez observações e críticas que se tornariam a base de O Estado e a revolução. Essa obra, redigida meses antes da tomada do poder, só foi publicada no primeiro semestre de 1918. O autor revisou e ampliou o volume para a segunda edição russa, lançada no ano seguinte, dando-lhe a forma final.
O Estado e a revolução ganha tradução inédita, feita diretamente do original em russo e revisada por Paula Vaz de Almeida. Inaugurando a coleção Arsenal Lênin, a edição cuidadosa traz diversas notas e comentários, além dos preciosos esboços preparatórios de Lênin que incluem planos para um último capítulo, jamais publicado, e outros anexos selecionados. A obra vem acrescida de cronologia, índice onomástico, apresentação de Marcos del Roio, posfácio de Maria Angélica Borges, e orelha de Marly Vianna.
O Estado e a revolução é um livro fundamental, não só por explicitar o que seria um Estado do proletariado no poder, como por ser um verdadeiro laboratório sobre a práxis revolucionária, por mostrar como uma teoria sobre o Estado e a atuação no processo revolucionário permitiram formular a teoria do Estado da classe operária.