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Habitar a tensão entre as perspectivas clínica e crítica da psicanálise envolve reconhecer que estamos lidando, ao mesmo tempo, com dois sistemas de alocação contraditórios. Do ponto de vista clínico, o inconsciente é, antes de tudo, o que se passa entre um profissional e seu paciente. Do ponto de vista crítico, o inconsciente se dá no próprio nível existencial de nossos seres sexuados. Evidentemente, a clínica lida de maneira extensiva com os problemas da sexuação, porém a transferência só põe em jogo o real dos impasses sexuais do paciente, não os do psicanalista. No momento em que as próprias tribulações do analista como ser sexuado emergem na cena analítica, ele não está mais atuando como psicanalista – e é por isso que a análise dos clínicos é como qualquer outro processo analítico, e a supervisão não é em realidade considerada um trabalho propriamente analítico. Estaríamos errados se afirmássemos que a psicanálise, como procedimento crítico mais amplo, não leva em conta a diferença entre analistas e analisandos. Contudo, tal distinção é trazida como marcador estratégico: perguntamos apenas ‘onde está o analista?’ depois que a análise crítica de uma situação trouxe à tona seus impasses inconscientes. Só então a questão da intervenção analítica se torna significativa”.