O décimo Número da revista Margem Esquerda é dedicado aos 40 anos da morte de Ernesto Che Guevara e aos 90 anos da Revolução Russa. A publicação traz um dossiê especial com textos de Moshe Lewin, um dos mais respeitados estudiosos da vitória bolchevique, que analisa a dinâmica de governo dos sovietes.
Virginia Fontes debate a atualidade do pensamento de Lenin sobre o imperialismo, enquanto a transcedência da Revolução e a situação atual da Rússia são analisadas por Tony Wood. Além disso, as “Cartas de longe” de Lenin, escritas na Suíça entre março e abril de 1917, compõem a seção “Clássicos”.
Essa edição traz também um segundo dossiê, intitulado “Em defesa da universidade pública”. Uma série de artigos que refletem sobre as ocupações estudantis que ocorrem no país, particularmente a que aconteceu na Universidade de São Paulo, que abortou o plano do governador José Serra de restringir a autonomia da instituição. Uma mesa redonda foi organizada com estudantes de diferentes tendências políticas e integrantes dos sindicatos dos funcionários para debater a experiência dos meses de ocupação da reitoria. Luiz Renato Martins, Maria Orlanda Pinassi e Paulo Arantes organizaram e instigaram este debate. Entre outros textos do dossiê, Pablo Ortellado e Maria Carlotto refletem sobre os desafios da esquerda na hora de pensar o ensino superior.
O entrevistado desse Número é o sociólogo Francisco de Oliveira, que fala sobre sua trajetória intelectual e de vida profundamente ligada à história do Brasil recente – desde a criação da Sudene, o pensamento de Celso Furtado e da Cepal, a fundação do Cebrap, as divisões na intelectualidade paulista e seus ecos na vida partidária do PSDB e PT, além de suas relações e opiniões sobre os dois últimos presidentes do país, Fernando Henrique Cardoso e Lula. Notório pela combinação de honestidade e engajamento intelectual, e por um pensamento de originalidade desconcertante, a trajetória de "Chico" é uma aula sobre as contradições do país-ornitorrinco.
Entre os artigos, vale destacar os textos de Göran Therbon sobre o pensamento social após o fim da União Soviética, e Michael Löwy e Daniel Bensaïd sobre a obra de Auguste Blanqui e Vera Malaguti Batista, que em "O alemão é mais complexo" reflete sobre as políticas de segurança pública do novo governo do Rio de Janeiro.
As fotos desse Número são da instalação "Aurora", da artista plástica Carmela Gross, montada na II Bienal de Arte Contemporânea de Moscou. A seção Poesia traz a obra “A plenos pulmões” de Maiakovski, traduzida por Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman.