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A virada para os anos 1990 define novas bifurcações no âmbito dos intelectuais paulistas sobre os quais versa este trabalho. E não poderia ser diferente. São vários os acontecimentos que, num curto período, pareciam indicar que uma ruptura de época estava se consumando […]. No Brasil, o impacto foi ainda maior, à medida que suplantou as esperanças que haviam se produzido na década anterior. As derrotas de Lula nas duas primeiras eleições presidenciais após o fim da ditadura foram, a esse respeito, bastante sintomáticas. Em 1989, a vitória de Collor representou o sufrágio popular da perspectiva neoliberal, em tensão com o espírito da própria Constituição promulgada no ano anterior. Mas foi com a eleição de Fernando Henrique Cardoso para a presidência da República, em 1994, que o caldo entornou de vez, inclusive pelo simbolismo, que tocava no âmago da vertente intelectual aqui analisada. Principal responsável, ao lado de Giannotti, pela formação do marxismo acadêmico paulista no fim dos anos 1950, em plena euforia desenvolvimentista, Cardoso se tornava agora presidente do Brasil à frente de uma coalizão liberal-conservadora à qual caberia preparar o país para a inserção vantajosa no mundo globalizado. Não sem algum paradoxo, portanto, o fechamento do horizonte de expectativas ganhava sanção intelectual de prestígio, capitaneada pelo sociólogo outrora marxista, social-democrata e, agora, arauto da globalização neoliberal.”