Um delicado fio de poesia perpassa os escritos de João Anzanello Carrascoza. Neles, situações aparentemente corriqueiras do cotidiano tornam-se imagens cinematográficas. Num cenário iluminado por extremo lirismo - cercado de intenções veladas, silêncios íntimos, olhares reveladores, emoções familiares -, um girar de pião sustenta a ligação entre pai e filho; um almoço entre amigos denuncia os resíduos fundamentais da vida; em meio a uma mudança, o insustentável se revela na vida de um casal; a relação mãe e filho e o cotidiano de uma criança no morro; a felicidade fotografada em preto e branco. É justamente esse o maior talento de Carrascoza: por meio do fio lírico, fazer reviver, dentro de nós, um mosaico de emoções. Como fala o texto de orelha escrito por Luiz Ruffato, “disso é feita a escrita de Carrascoza, de poesia que se quer silêncio, de miudezas que constroem o cotidiano, de melancolia, de lirismo”.