Pensador brasileiro radicado na França, Michael Löwy, é conhecido pela sua postura alinhada, porém crítica, com as ideias de esquerda, principalmente com o marxismo. Desde 1970 o estudioso se dedica às pesquisas sobre Karl Marx e possui um extenso trabalho abordando obras de pensadores como Leon Trótski, Rosa Luxemburgo, Georg Lukács, Lucien Goldmann e Walter Benjamin - que recebe uma atenção especial nessa obra. Tão focado nos estudos marxistas quanto Löwy, o falecido filósofo francês e teórico do movimento trotskista na França, Daniel Bensaid, marcou sua produção teórica pela defesa de um marxismo aberto, não dogmático. Ambos trazem à tona para a modernidade a importância e a reflexão sobre a obra de Marx.
A trajetória dos autores se cruza nesse novo livro: a obra consiste em uma coletânea de artigos sobre problemas do marxismo, da luta socialista e da política contemporânea. Guiados pelo conceito de história formulado por Walter Benjamin, eles reúnem textos que abrangem o período que vai do fortalecimento da onda neoliberal até a crise de 2008 e seus primeiros desdobramentos, mostrando muito do que eles empreenderam e interpretaram da tradição marxista. Dividido em dois blocos, "Comunismos heréticos: de Blanqui e Marx a Walter Benjamin" e "Debates contemporâneos: tecendo o fio vermelho nas lutas atuais", os 18 artigos rompem com as leituras positivistas e evolucionistas do marxismo, pontuando a aversão irreconciliável ao capitalismo e sua modernidade predatória, a rejeição da pequena política miserável em favor da política laica, e abdicando da visão economicista da história predominante nas esquerdas - concebida nesse meio, como uma trajetória ascendente de progresso, alimentada pelo desenvolvimento das forças produtivas.
Um dos pontos a se destacar na obra é o recorte pontuando que o capitalismo, de forma crescente, gera uma intensa destruição no meio-ambiente, destacando que o único socialismo possível no século XXI seria o ecossocialismo. De forma didática e combativa, os autores proporcionam discussões para a formação de uma nova geração de militantes de esquerda, enriquecendo o debate político atual e podendo trazer apontamentos sobre quais caminhos seguir para uma renovação.