“Vim ao mundo a passeio, não em viagem de negócios”, costumava dizer Carlito Maia. Irreverente, radical, moleque, gentil e, sobretudo, “solidário como uma floresta”, Carlito era desses sujeitos - cada vez mais raros - que jamais separam trabalho de convicção política. Militante petista atípico (criou slogans como oPTei, Lula-lá e Sem medo de ser feliz, mas não se filiou ao partido), nunca foi devoto da neutralidade e fazia questão de afirmar ser avesso a concessões: “Podem não publicar tudo o que escrevo, mas ninguém vai me obrigar a escrever o que não penso”. Entre suas máximas (ou mínimas?) estavam: “Evite acidentes: faça tudo de propósito” e “Uma vida não é nada. Com coragem, pode ser muito”.
São dele também expressões como “Tremendão”, “Ternurinha” e “Jovem Guarda” - esta inspirada num texto de Lenin em que se referia ao proletariado como “a jovem guarda a quem o futuro pertence” -, além de ser atribuída a Carlito a paternidade da expressão “É uma brasa, mora!”, usada pela primeira vez como Título de um show de Roberto Carlos. Mas não foi somente a criação de frases geniais que fez a glória de nosso herói. Marcando presença constante em todos os bons combates, notabilizou-se por enviar - sob o patrocínio da Rede Globo, onde trabalhou por mais de vinte anos - flores para uma infinidade de estreias de espetáculos teatrais, lançamentos de livros ou vernissages, o que só fez aumentar a legião de amigos e admiradores que colecionou.
Este livro é resultado da vida rica e multifacetada desse publicitário-filósofo-humanista. Escrito por Erazê Martinho, amigo de velha data, parceiro de noitadas, campanhas políticas e publicitárias, percebe-se em todas as páginas a admiração do autor pelo personagem. E, nas entrelinhas, a paixão pela matéria-prima preciosa de que era feito Carlito: rija, brilhante, prismática.