O livro do historiador norte-americano Mike Davis, publicado pela Boitempo Editorial, tem como pano de fundo os atentados de 11 de setembro de 2001. As transformações ocorridas após a derrubada das torres do World Trade Center fundamentam a análise empreendida por Davis de aspectos das políticas interna e externa dos Estados Unidos.
Mike Davis é consagrado como um crítico ferrenho do imperialismo norte-americano. Na apresentação do livro, Paulo Daniel Farah escreve: “Apologia dos bárbaros se propõe a celebrar a contranarrativa dos que não pertencem à autoproclamada ‘civilização’ hegemônica (os quais, portanto, inserem-se automaticamente na categoria amorfa da barbárie)”.
O discurso maniqueísta de George W. Bush, as desastrosas intervenções militares no Afeganistão e no Iraque e as arbitrariedades cometidas em nome da guerra contra o terror são alguns alvos das ácidas críticas de Davis. Mas seus disparos não atingem apenas os membros do Partido Republicano. Os democratas são criticados por apoiarem o “Ato Patriota” e seus desdobramentos. Entre os outros objetos de estudo de Davis estão o sistema penitenciário (e as condições desumanas das prisões), a questão dos recursos hídricos, o aquecimento global e os desastres “naturais” provocados pela devastação ambiental.
A leitura de Apologia dos bárbaros torna-se indispensável para uma compreensão mais profunda de temas candentes, como a disputa eleitoral norte-americana e a crise imobiliária e financeira que os Estados Unidos enfrentam. Os 47 textos que compõem o livro foram escritos entre 2001 e 2007. São conferências e artigos (alguns publicados anteriormente em veículos de comunicação), uma entrevista concedida à revista Radical History e um capítulo de livro. A edição brasileira é ilustrada pelas charges do cartunista carioca Carlos Latuff, conhecido por seu trabalho de cunho anti-imperialista. Os desenhos de Latuff dialogam com a crítica de Davis, pois a seleção das charges privilegiou aquelas que abordassem os mesmos temas.