Após a morte do filósofo marxista István Mészáros, a Boitempo publica A revolta dos intelectuais na Hungria, primeira obra do autor num exílio que se tornaria definitivo. Publicado originalmente na Itália, em 1958, menos de dois anos após a Revolução Húngara de 1956, esse testemunho de grande valor histórico completa sessenta anos sem perder sua atualidade. Um jovem Mészáros fornece ao leitor uma série de informações e análises em primeira mão sobre as atividades dos intelectuais e das instituições e a grande "reviravolta" que levaria à involução e à supressão de todas as liberdades democráticas. Esses eventos marcaram de forma profunda o desenvolvimento de seu pensamento e de sua vida.
Para além de seu papel como representante da jovem geração intelectual que participou da revolta húngara, Mészáros se debruça sobre o conjunto dos acontecimentos, oferecendo uma perspectiva crítica inédita até então e ainda hoje rara. A partir da reconstituição das relações de oposição socialista ao socialismo soviético, o autor avalia as transformações das políticas de controle sobre a produção intelectual, tanto teórica quanto literária, e o processo de auto-organização dos intelectuais húngaros. A narrativa perpassa desde debates referentes à estética propriamente dita até diversas questões relativas à política soviética para a arte e a intelectualidade em geral, o que inclui, por exemplo, o debate sobre a situação da educação e das ciências.
Neste livro, István Mészáros desvenda os meandros de um regime que esterilizou a política, instrumentalizou a arte e aprisionou o pensamento. Trata-se de uma narrativa seminal sobre liberdade, sensibilidade, tomada de consciência e radicalismo político.