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A angústia do precariado
Autoria de Ruy Braga
Baseado em pesquisa nos Montes Apalaches, nos EUA, analisa aspectos surpreendentes do comportamento político dos trabalhadores. Questiona narrativas simplistas, explorando a convergência de trabalhadores brancos e negros em tempos de crise e os desafios contemporâneos da classe trabalhadora.
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Como compreender o comportamento político dos trabalhadores racializados nos Estados Unidos? E dos trabalhadores brancos que vivem em pequenas cidades rurais? A eleição de Donald Trump, em 2016, pode ser interpretada apenas como resultado de uma classe trabalhadora branca ressentida e empobrecida? A angústia do precariado, nova obra do sociólogo Ruy Braga, é fruto de uma pesquisa de campo em pequenas cidades rurais nos Montes Apalaches, região que concentra historicamente a pobreza branca nos Estados Unidos. O estudo coloca à prova a hipótese da eleição de Trump partindo de uma problematização teórica inspirada nos marxismos negro e latino-americano.

Durante sua pesquisa, em vez de comunidades mobilizadas pelo ódio aos imigrantes e aos negros, o autor encontrou grupos de trabalhadores vivendo em constante agonia, em profunda crise sociorreprodutiva, o que os aproximou das condições de subsistência das comunidades negras. Essa confluência indesejada ajudou a criar as condições sociais necessárias para a eclosão de protestos de trabalhadores brancos... Em favor das vidas negras! O livro se dedica a interpretar essa anomalia sociológica por meio da análise do longo processo de reconstrução das identidades coletivas dos trabalhadores precários americanos, desde a crise do fordismo até o advento da pandemia do novo coronavírus.

A angústia do precariado é o último volume de uma trilogia consagrada à formação do precariado global, ou seja, aquele vasto contingente de trabalhadores em situação de insegurança e sub-remunerados. O primeiro trabalho da série foi publicado em 2012, com o Título A política do precariado: do populismo à hegemonia lulista, seguido por A rebeldia do precariado: trabalho e neoliberalismo no Sul global (2017). Sean Purdy, que assina o Prefácio de A angústia do precariado, afirma que a conclusão da trilogia representa um recomeço para o autor:

 

Ruy Braga encarou o espinhoso desafio de interpretar o comportamento político do precariado racializado vivendo no ventre da fera capitalista, isto é, os Estados Unidos. Dois anos como pesquisador visitante na Universidade Estadual da Pensilvânia asseguraram a ele a oportunidade de diversificar seu arcabouço teórico e empírico, ampliando-o a fim de abarcar o capitalismo avançado.


 
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Trecho do livro

Em resumo, o senso comum liberal propôs interpretar o trumpismo por meio do ódio à igualdade social gerado pela perda dos privilégios da branquitude, da masculinidade e do nativismo. Trata-se de um diagnóstico concentrado na manipulação política daqueles que se veem acuados pelo progresso do reconhecimento dos grupos historicamente oprimidos.Esse tipo de diagnóstico condensa dois contratempos frequentes nos estudos sobre a classe trabalhadora branca . Por um lado, percebemos a substancialização da classe, isto é, a atribuição a priori de certas características comportamentais a um agregado de indivíduos. Por outro, verificamos a alienação da classe, ou seja, sua manipulação por interesses alheios. Amiúde, as opiniões dos trabalhadores brancos a respeito de sua própria dominação desaparecem dessas análises.

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Autoria de Ruy Braga
Texto de orelha de Silvio Luiz De Almeida
Prefácio de Sean Purdy
Capa de Maikon Nery
Apoio de Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
Coleção: Mundo do trabalho
Número de páginas: 288
Dimensões: 23 x 16 x 2 cm
Peso: 406,1 g
ISBN: 9786557172940
Encadernação: Brochura
Ano de publicação: 2023

SubTítulo 295608

trabalho e solidariedade no capitalismo racial