Guia de leitura | Homens ou máquinas? | ADC#14
Homens ou máquinas?
Antonio Gramsci
Guia de leitura / Armas da crítica #14
Como amalgamar o presente e o futuro, satisfazendo as urgentes necessidades do presente e trabalhando efetivamente para criar e antecipar o porvir?
Esse é o questionamento de Antonio Gramsci que sintetiza as reflexões presentes nos 33 artigos reunidos em Homens ou máquinas?: escritos de 1916 a 1920. A seleção, com mais da metade das traduções inéditas em português, traz artigos de grande importância para a concepção gramsciana da luta de classes, com destaque para a questão da construção de uma subjetividade autônoma, da independência e autossuficiência das massas populares e da democracia operária como meio e fim para o socialismo. Os artigos também apresentam um retrato do período final da I Guerra Mundial e tratam dos dramáticos anos que culminariam na ascensão do fascismo.
E para começar 2022 na companhia de Karl Marx e Friedrich Engels, os assinantes do Armas da crítica recebem o calendário da Boitempo na caixa de dezembro, com algumas das principais datas da história do marxismo e das revoluções sociais.
autor Antonio Gramsci
tradução Carlos Nelson Coutinho e Rita Coitinho
seleção dos textos e apresentação Gianni Fresu
notas da edição Luciana Aliaga
orelha Marcos Del Roio
edição Thais Rimkus
diagramação Antonio Kehl
capa Maykon Neri
páginas 304
Quem foi Antonio Gramsci?
Antonio Gramsci, teórico e ativista político marxista, nasceu na Sardenha, Itália, em 22 de janeiro de 1891. Estudou na Universidade de Turim e em 1913 se filiou ao Partido Socialista Italiano.
Foi um dos fundadores do semanário L’Ordine Nuovo, porta voz dos Conselhos de Fábrica de Turim, em 1919-1920. Em 1921, participou da fundação do Partido Comunista da Itália. No ano seguinte, viajou à Rússia e participou do IV Congresso da Internacional Comunista. Foi eleito deputado em 1924, tornando-se um dos principais dirigentes do partido.
Foi preso em novembro de 1926 e em seguida condenado pelo Tribunal de exceção do regime fascista. Permaneceu preso até abril 1937 e morreu poucos dias depois de ser colocado em liberdade vigiada. Enquanto preso, redigiu vasta quantidade de anotações em 33 cadernos, que vieram a conformar uma obra extraordinária de filosofia e interpretação em interlocução crítica com os mais diferentes autores.
“Decerto, para os industriais tacanhamente burgueses, pode ser mais útil ter operários-máquinas, em vez de operários-homens. Mas os sacrifícios a que o conjunto da coletividade se sujeita voluntariamente para melhorar a si mesma e fazer brotar de seu seio os melhores e mais perfeitos homens, que a elevem ainda mais, devem espalhar-se beneficamente pelo conjunto da coletividade e não apenas por uma categoria ou uma classe.”
ANTONIO GRAMSCI
A coleção Escritos Gramscianos
Homens ou máquinas? é o segundo título lançado pela coleção Escritos Gramscianos, que se propõe a reunir, abarcando diversos assuntos, textos desse originalíssimo pensador marxista. A coleção foi inaugurada com Odeio os indiferentes, artigos de 1917 selecionados e traduzidos por Daniela Mussi e Alvaro Bianchi. O objetivo da coleção é divulgar, com o devido cuidado editorial, uma voz que as forças retrógradas tentaram calar muito cedo e que, no entanto, repercute através dos tempos e tem muito a dizer para atuais e futuras gerações.
O conselho editorial da coleção Escritos gramscianos é composto por Alvaro Bianchi, Daniela Mussi, Gianni Fresu, Guido Liguori, Marcos Del Roio e Virgínia Fontes.
“Não é possível compreender bem e a fundo o legado gramsciano prescindindo do debate teórico que o alimentou e da discussão política em que Gramsci esteve imerso durante toda sua existência.”
GIANNI FRESU
[ANTONIO GRAMSCI, O HOMEM FILÓSOFO: UMA BIOGRAFIA INTELECTUAL, p. 244]
Elevação e consciência das massas
A seleção de artigos de Homens ou máquinas?, além de reproduzir alguns textos inéditos no Brasil, oferece um focus analítico de grande relevo para entendermos a particular concepção de Gramsci a respeito da luta de classes e, mais em geral, para nos encaminhar – naqueles anos dramáticos e exaltantes marcados pela dialética – por “perspectivas catastróficas” entre “velho” e “novo”, “regressivo” e “progressivo”.
Uma época que passou pelo drama do primeiro conflito em que se aplicaram em larga escala os conhecimentos científicos da Segunda Revolução Industrial, cujo efeito colateral foi desencadear a participação de grupos sociais até então passivos, a ponto de criar um quadro totalmente novo para a “política de massas”.
Toda a biografia intelectual e política de Gramsci permanece intimamente ligada a este problema histórico: a luta pela emancipação da subalternidade devia passar necessariamente pela elevação e pelo fortalecimento da consciência das massas populares.
Gianni Fresu
Professor de filosofia política na Universidade Federal de Uberlândia e presidente da International Gramsci Society Brasil. É autor da biografia intelectual Antonio Gramsci, o homem filósofo (Boitempo, 2020).
“‘Revolução’, para Gramsci, significa uma mudança profunda da sociedade e do mundo que partisse da cultura, do senso comum, da ideologia, capaz de evitar a revolução passiva e de conduzir os subalternos a uma nova hegemonia. Todas estas ‘palavras de Gramsci‘ que devemos conhecer e usar ainda hoje.”
GUIDO LIGUORI
Nota da tradução
Em Homens ou máquinas? estão reunidos 33 textos escritos por Antonio Gramsci entre 1916 e 1920, dos quais dezesseis se veem publicados em língua portuguesa pela primeira vez. Em sintonia com os mais recentes estudos das técnicas de tradução, buscou-se apresentar ao leitor um texto compatível com os usos da língua portuguesa no Brasil contemporâneo e, ao mesmo tempo, fiel ao pensamento gramsciano.
De modo geral, dado o objetivo de agitação e polêmica política, os artigos reunidos no livro foram escritos por Gramsci em linguagem clara e acessível, destinados a circular em jornais partidários e a atingir a militância socialista e operária. São textos que não apresentam as mesmas dificuldades de Cadernos do cárcere, cuja linguagem, por vezes cifrada, e o caráter de notas de estudo e reflexões filosóficas impõem grandes desafios a quem os traduz e ensejam certas polêmicas.
No entanto, nos raros casos em que não foi possível uma tradução suficiente da ideia pretendida pelo autor, optou-se por manter o termo em italiano, com a adição de uma explicação, de forma a evitar soluções que alterassem o sentido exato do texto.
“O lugar do pensamento de Antonio Gramsci só pode ser este mundo grande e terrível. É nele que esse pensamento pode realizar sua vocação.”
ALVARO BIANCHI
Idealismo radicalmente crítico
Homens ou máquinas? mostra o profundo envolvimento de Gramsci com a classe operária de Turim e de toda a Itália. Mostra também a perspectiva internacionalista presente na formulação e na ação política do revolucionário sardo, com a sempre presente ideia da tradução da Revolução Russa para as condições concretas de seu próprio país.
Entre 1916 e 1920, a Itália, como toda a Europa, foi atingida por uma grave crise de hegemonia que possibilitou a eclosão de um movimento revolucionário, enfim derrotado nos países europeus e restrito apenas à Rússia. São escritos de entusiasmada militância cotidiana, radicalmente críticos, mas com traços de idealismo, que cobrem esse período.
Marcos Del Roio
Professor titular de Ciência Política da UNESP-FFC e autor de Os prismas de Gramsci: a fórmula política da frente única (1919-1926) (Boitempo, 2019).
“As ideias de Gramsci puderam se manter vivas e renovar a caixa de ferramentas do pensamento, porque, num primeiro momento, foram traduzidas de maneira livre e herética nas línguas de diferentes experiências intelectuais críticas e engajadas e, em segundo, porque estas ideias foram religadas ao universo e trajetória singulares de seu autor.”
DANIELA MUSSI
A cultura e a escola
A cultura é um privilégio. A escola é um privilégio. E não queremos que seja assim. Todos os jovens deveriam ser iguais perante a cultura. O Estado não deve pagar com o dinheiro de todos a escola também para os medíocres e estúpidos filhos dos ricos, enquanto exclui os inteligentes e capazes filhos dos proletários.
As escolas média e superior devem ser dirigidas apenas para os que se mostram dignos delas. Se é do interesse geral que existam e sejam mantidas e regulamentadas pelo Estado, é também do interesse geral que possam ter acesso a elas todos os que são inteligentes, qualquer que seja sua condição econômica.
O proletariado precisa de uma escola desinteressada. Uma escola que não hipoteque o futuro da criança e não constrinja sua vontade, sua inteligência, sua consciência em formação a mover-se por trilhos com estação prefixada.
[HOMENS OU MÁQUINAS?, p. 76]
“O movimento proletário deve educar os indivíduos que compõem a massa no sentido de solidarizar-se entre si de modo permanente e orgânico, deve difundir nas consciências individuais a convicção firme, precisa, racionalmente adquirida, de que somente na organização política e econômica reside o caminho da salvação individual e social.”
ANTONIO GRAMSCI
Os ensinamentos da guerra
Quatro anos de guerra mudaram rapidamente o ambiente econômico e espiritual. Uma gigantesca mão de obra foi improvisada, e a violência inata nas relações entre assalariados e empresários revelou-se de modo evidente e reconhecível até mesmo pelas mentes mais decadentes. E revelou-se de modo não menos espetacular como o Estado burguês é instrumento dessa violência, em todos os seus poderes e ordenamentos.
O crescimento industrial tornou-se um milagre graças à saturação dessa violência de classe elevada. Mas a burguesia não pôde evitar oferecer aos explorados uma terrível lição prática de socialismo revolucionário. Surgiu uma nova consciência, uma consciência de classe; e não só na fábrica, mas também na trincheira, que oferece muitas condições de vida semelhantes àquelas da fábrica. Essa consciência é elementar; a consciência doutrinária ainda não a formou. É matéria bruta ainda não modelada. O artífice dessa modelagem deve ser nossa doutrina.
[HOMENS OU MÁQUINAS?, p. 81]
“A Revolução Russa é revolução feita por homens organizados no Partido Comunista, que no partido plasmaram uma nova personalidade, adquiriram novos sentimentos, realizaram uma vida moral que tende a se tornar consciência universal e meta para todos os homens.”
ANTONIO GRAMSCI
A Revolução Russa
A notícia da revolução de março na Rússia foi recebida em Turim com indescritível alegria. Os operários choraram de emoção quando souberam que o poder do tsar fora derrubado pelos trabalhadores de Petrogrado. Mas os trabalhadores turineses não se deixaram enganar pela fraseologia demagógica de Keriénski e dos mencheviques.
Quando, em julho de 1917, chegou a Turim a missão enviada à Europa ocidental pelo soviete de Petrogrado, os delegados Smirnov e Goldenberg, que se apresentaram diante de uma multidão de 50 mil operários, foram recebidos aos gritos ensurdecedores de: “Viva Lênin! Viva os bolcheviques!”.
E não se deve esquecer que esse episódio ocorreu depois da repressão à revolta bolchevique de julho, quando a imprensa burguesa italiana atacava duramente Lênin e os bolcheviques, chamando-os de bandidos, intrigantes, agentes e espiões do imperialismo alemão.
[HOMENS OU MÁQUINAS?, p. 216]
“O Estado é o órgão executivo dos interesses capitalistas, e a boa vontade individual não lhe vai mudar a essência.”
ANTONIO GRAMSCI
A revolução proletária
A revolução proletária não é o ato arbitrário de uma organização que se afirma revolucionária ou de um sistema de organizações que se afirmam revolucionárias. A revolução proletária é um longuíssimo processo histórico que ocorre quando surgem e se desenvolvem determinadas forças produtivas (que resumimos na expressão “proletariado”) em determinado ambiente histórico (que resumimos nas expressões “modo de propriedade individual”, “modo de produção capitalista”, “sistema de fábrica”, “modo de organização da sociedade no Estado democrático-parlamentar”).
Em certa fase desse processo, as novas forças produtivas não podem mais se desenvolver e organizar de modo autônomo nos quadros oficiais em que se processa a convivência humana; é nessa fase que ocorre o ato revolucionário, que consiste num esforço orientado para quebrar violentamente esses quadros, destruir todo o aparelho de poder econômico e político, no qual estavam opressivamente contidas as forças produtivas revolucionárias; que consiste também no esforço orientado para quebrar a máquina do Estado burguês e constituir um tipo de Estado em cujos quadros as forças produtivas liberadas encontrem a forma adequada ao seu desenvolvimento e expansão ulteriores, em cuja organização encontrem a garantia e as armas necessárias e suficientes para suprimir seus adversários.
[HOMENS OU MÁQUINAS?, p.170]
“Nosso dever mais urgente é o de sermos fortes, de agruparmos em torno dos núcleos existentes de organização política e econômica todos os cidadãos que estão conosco, que aceitam nossos programas, que votam em nossos candidatos nas eleições, que vão às ruas por nossas palavras de ordem.”
ANTONIO GRAMSCI
O Estado socialista
O Estado socialista existe já potencialmente nas instituições de vida social características da classe trabalhadora explorada. Articular entre si essas instituições, coordená-las e subordiná-las em uma hierarquia de competências e poderes, centralizá-las fortemente, respeitando ao mesmo tempo as necessárias autonomias e articulações, significa criar já uma verdadeira democracia operária, em contraposição eficiente e ativa ao Estado burguês, preparada desde já para substituir o Estado burguês em todas as suas funções essenciais de gestão e domínio do patrimônio nacional.
A vida social da classe trabalhadora é rica em instituições, articula-se em múltiplas atividades. É necessário que precisamente essas instituições e atividades sejam desenvolvidas, organizadas de modo global, vinculadas num sistema amplo e agilmente articulado, que absorva e discipline toda a classe trabalhadora. A fábrica com suas comissões internas, os círculos socialistas, as comunidades camponesas são os centros de vida proletária nos quais é preciso trabalhar diretamente.
[HOMENS OU MÁQUINAS?, p. 85]
“Sabemos que o caminho não será breve nem fácil; muitas dificuldades surgirão e se oporão a vocês, e, para superá-las, será preciso usar de grande habilidade, recorrer por vezes à força da classe organizada, ser sempre movido e estimulado por uma grande fé. Mas o que mais importa, companheiros, é que os operários, sob sua orientação e dos que os imitarão, conquistarão a viva confiança de que agora caminham, certos do objetivo final, pela grande estrada que conduz ao futuro.”
ANTONIO GRAMSCI
Leituras complementares
Baixe os conteúdos complementares do mês em PDF!
Este mês trazemos uma seleção de três textos de apoio: o artigo que dá nome ao primeiro livro da coleção Escritos gramscianos, um trecho da biografia de Antonio Gramsci escrita por Gianni Fresu e um capítulo de Os prismas de Grasmci, de Marcos Del Roio.
Clique nos botões vermelhos abaixo para fazer o download!
Antonio Gramsci
Indiferentes
Gianni Fresu
Dialética versus positivismo:
a formação filosófica do jovem Gramsci
Marcos Del Roio
A estratégia da frente única antifascista
Vídeos
Este mês trazemos o lançamento antecipado de Homens ou máquinas?, com Luciana Aliaga, Marcos Del Roio, Rita Coitinho e Sabrina Areco (mediação), além da playlist completa da série Dicionário gramsciano, com conceitos fundamentais do autor explicados por especialistas e um episódio de Conversas Impertinentes, coluna de Virgínia Fontes na TV Boitempo, dedicado ao marxista sardo.
Para aprofundar…
Compilação de textos, podcasts e vídeos que dialogam com a obra do mês.
Odeio os indiferentes: escritos de 1917, de Antonio Gramsci
O rato e a montanha, de Antonio Gramsci
Antonio Gramsci, o homem filósofo: uma biografia intelectual, de Gianni Fresu
Dicionário gramsciano (1926-1937), organização de Guido Liguori e Pasquale Voza
Os prismas de Gramsci: a fórmula política da frente única (1919-1926), de Marcos Del Roio
De Rousseau a Gramsci: ensaios de teoria política, de Carlos Nelson Coutinho
Salvo Melhor Juizo: #98 Antonio Gramsci, com Daniela Mussi e Moisés Alves Soares set. 2020.
Jones Manoel: Antonio Gramsci: política e questão nacional, com Jones Manoel, out.2020.
Em Movimento: #26 Quem foi Antonio Gramsci?, com Daniela Mussi, nov.2021.
Estação literária: O rato e a montanha – Antonio Gramsci, com Fabio Gentile, nov.2020.
Rádio Carta Maior: Gramsci e a mãe de todas as crises políticas: a crise de hegemonia, com Alvaro Bianchi.
Como entender a obra de Gramsci?, com Guido Liguori, TV Boitempo, dez. 2020.
O marxismo de Antonio Gramsci, com Daniela Mussi, TV Boitempo, dez. 2020.
Antonio Gramsci, o homem filósofo, com Gianni Fresu e Marcos Del Roio, TV Boitempo, 2020.
Quem foi o pensador marxista Antonio Gramsci e como ele refletiu sobre o fascismo?, com Daniela Mussi, Rede TVT, dez. 2020.
Por um Gramsci revolucionário, com Ruy Braga, TV Boitempo, dez. 2019.
Filologia e política em Gramsci, com Alvaro Bianchi, HISTRAEB (História, Trabalho e Educação no Brasil), 2020.
Sociedade Civil e luta de classes em Gramsci, com Virgínia Fontes, Grupo de Pesquisa Historia e Poder, 2020.
Por que ler Gramsci hoje?, com Alvaro Bianchi, Daniela Mussi e Ruy Braga, TV Revista CULT, 2018.
“Pequeno glossário gramsciano“, por Alvaro Bianchi e Daniela Mussi, Revista Cult, abril 2021.
“Os escritos gramscianos de 1917“, por Guido Liguori, Blog da Boitempo, jul. 2020.
“Gramsci, um revolucionário de carne e osso“, por Lorenzo Alfano, Jacobin, jan. 2020.
“Gramsci e a Revolução Russa“, por Alvaro Bianchi e Daniela Mussi, Blog da Boitempo, maio 2017.
“Gramsci: Cultura e revolução“, por Guido Liguori, Revista Cult, abril 2017.
“Um sardo no mundo grande e terrível“, por Alvaro Bianchi, Revista Cult, abril 2017.
Os Cadernos de Gramsci ou Pequena história acerca de como se salva um Livro, por Lincoln Secco, Blog da Boitempo, ago. 2011.
Gramsci: O olhar móvel e ingênuo da hegemonia, por Daniela Mussi, Revista Cult, abril 2017.
A edição de conteúdo deste guia é de Isabella Meucci e as artes são de Uva Costriuba.
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