Alguns poemas do cárcere, de Ho Chi Minh

Em razão dos 55 anos da morte de Ho Chi Minh, no próximo dia 2 de setembro, a seção de poesia do Blog da Boitempo faz uma homenagem com a publicação de alguns de seus poemas do cárcere, com versão e nota de Flávio Wolf de Aguiar.

Foto: Wikimedia Commons

Em razão dos 55 anos da morte de Ho Chi Minh, no próximo dia 2 de setembro, a seção de poesia do Blog da Boitempo faz uma homenagem com a publicação de alguns de seus poemas do cárcere, com versão e nota de Flávio Wolf de Aguiar, publicados no n.32 da Margem Esquerda, a revista da Boitempo.

Versão e nota por Flávio Wolf de Aguiar

Em 1942, o futuro presidente do Vietnã do Norte Ho Chi Minh foi aprisionado na China, onde era enviado pela Internacional Comunista. Passou um ano no cárcere, em condições deploráveis e sofrendo maus tratos. Solto em 1943, saiu da prisão com um caderno, no qual escreveu em chinês vários poemas – seus Poemas do cárcere. Era o começo da ventura poética de um dos maiores líderes revolucionários do século XX. Consagrado na luta contra o colonialismo francês e o imperialismo norte-americano, Ho Chi Minh também se consagrou como poeta.

Em seus primeiros versos já transparece uma compreensão madura das artes poéticas nas línguas que dominava. Hoje seus poemas estão traduzidos em dezenas de idiomas. Como homenagem ao legado desse líder, apresentamos aqui duas versões de seus poemas, escritos muitos em quadras da tradição chinesa, baseadas na tradução francesa. Ousamos cometer esta heresia no campo da tradução porque, afinal, o mandarim não era a língua nativa do poeta, embora ele a dominasse com fluência, a julgar pela qualidade das imagens. Nestas transparecem, conjuntamente, a dura situação dos prisioneiros, imersos na solidão e na infestação de doenças e piolhos, e o estro poético que, apesar dela, não esmorece.


A lua
Na prisão, não há flores nem bebida;
Mas, em indiferença, a beleza da noite não é contida.
Pela janela o homem contempla a lua repleta;
Através das grades a lua vem contemplar o poeta.


Sarna
Nossos corpos se vestem de púrpura da mais fina;
Nossa pele sob os dedos parece cítara que se ilumina.
Com tais vestes bordadas cada preso é um convidado
Dedilhando a própria pele com um ardor desenfreado.


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“A elaboração teórica de Lênin apoiava-se em três fontes: a crítica marxista da economia burguesa, as lições do movimento operário e socialista europeu e a experiência da construção do Partido Bolchevique nas condições próprias da Rússia. A excepcional capacidade de sintetizar os conceitos e as informações proporcionadas por essas fontes básicas explica o impacto de seus escritos, sejam eles estudos econômicos de fôlego, ou político-programáticos, como os muitos que ele consagrou ao programa agrário, à conexão da revolução democrática com a revolução socialista, à questão do poder, à aliança operário-camponesa etc”, conta o autor na apresentação.

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Flávio Wolf de Aguiar é poeta, escritor, jornalista, professor aposentado de literatura brasileira da USP e correspondente em Berlim de várias mídias brasileiras, inclusive do Blog da Boitempo. Autor, entre outros livros, de Crônicas do mundo ao revés e Anita, ganhador do Prêmio Jabuti de melhor romance em 2000.

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