Uma referência para gerações de ativistas

"Regras para radicais" é uma contribuição singular para a sociedade civil brasileira diante dos desafios que se apresentam à ação política no atual momento histórico e que vão da escala local à transnacional.

Por Áurea Carolina e Roberto Andrés

Regras para radicais é a principal obra de Saul Alinsky e, desde sua publicação, no começo da década de 1970, no calor da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, tem servido de referência para gerações de ativistas. Contribuiu inclusive para a formação de lideranças e agendas voltadas à radicalização da democracia na emergência do século XXI.

Agora este guia para a disputa política é lançado no Brasil. Se já passou algum tempo da primeira edição, as táticas e as estratégias propostas por Alinsky permanecem atuais. Sintetizando décadas de atuação do autor junto a sindicatos e associações de bairro, elas foram pensadas para que o lado mais frágil da sociedade seja capaz de vencer disputas contra aqueles com muito poder.

Particularmente hoje, em tempos em que a disputa de opinião se faz no acelerador de partículas das redes sociais, urge ajustarmos o foco das ações políticas. O mundo está cada vez mais ameaçado por correntes de desinformação, concentração de poder das big techs e riscos de manipulação por inteligência artificial. Fica, então, o alerta sobre a aplicação dessas táticas por agentes de extrema-direita.

Qual seria a forma mais apropriada de abordar um tema em disputa? Quem é o agente público capaz de tomar determinada decisão e como é possível pressioná-lo de forma mais efetiva? Como mobilizar uma comunidade por uma causa?

Essas questões são a ordem do dia para ativistas, organizações populares, movimentos sociais e todas as pessoas que batalham por justiça e democracia. Nesse contexto, Regras para radicais é uma contribuição singular para a sociedade civil brasileira diante dos desafios que se apresentam à ação política no atual momento histórico e que vão da escala local à transnacional.


Regras para radicais: guia prático para a luta social

Publicado pela primeira vez em 1971, Regras para radicais, do estadunidense Saul Alinsky, foi escrito em meio a efervescências políticas como a Guerra do Vietnã e a luta pelos direitos civis. A obra, que desde então virou referência na formação de ativistas, apresenta os princípios teóricos e políticos do movimento de organização das comunidades estadunidenses, em especial as urbanas. Como um guia político, Regras para radicais traz ideias e orientações para mudanças sociais a partir de construções coletivas, além de abordar os princípios organizativos e de formação de lideranças populares.

A obra chega ao Brasil pela primeira vez e em meio a disputas jamais imaginadas por Alinsky, como a concentração de poder das big techs, a ascensão da extrema direita no mundo e novos debates sobre identidade e interseccionalidade. Para Áurea Carolina e Roberto Andrés, que assinam a orelha da obra, as táticas propostas pelo autor permanecem atuais: “Elas foram pensadas para que o lado mais frágil da sociedade seja capaz de vencer disputas contra aqueles com muito poder”.

Regras para radicais, de Saul D. Alinsky, tem tradução de Nélio Schneider, prefácio de Alessandra Orofino, orelha de Áurea Carolina e Roberto Andrés e capa de Mateus Rodrigues.

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Áurea Carolina é ativista com trajetória nas lutas de mulheres, negritude, juventudes, povos e comunidades tradicionais e populações periféricas. Atualmente é diretora executiva do NOSSAS, organização da sociedade civil que promove o ativismo solidário e democrático em defesa do direito à cidade e de justiça climática, racial e de gênero. Educadora popular e mestra em ciência política, foi vereadora em Belo Horizonte e deputada federal por Minas Gerais pelo PSOL. Integrou o projeto político Gabinetona, a rede Ocupa Política e a rede global Progressive International.

Roberto Andrés é urbanista, ensaísta e ativista, dedicado a cidades, política e meio ambiente. Professor da Escola de Arquitetura da UFMG, é também colaborador da revista Piauí, e foi um dos editores-fundadores da revista Piseagrama.

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