Cultura inútil | Beijos
De Scott Fitzgerald a Marilyn Monroe, passando por Augusto dos Anjos, Bette Davis e Albert Einstein, Mouzar Benedito faz uma seleção de frases sobre o beijo.
Foto : O beijo, de Auguste Rodin (Wikimedia Commons)
Por Mouzar Benedito
Já citei várias vezes em textos publicados por aí uma história que um amigo dizia na época, lá pelos anos 1980, que o Brasil não era um país a ser levado a sério. A causa: beijos, ou melhor, um beijador obstinado, conhecido como Beijoqueiro. Naquele tempo de “antigamente”, em qualquer evento envolvendo altas autoridades na Europa havia um enorme esquema de segurança, e a causa era o medo de um terrorista venezuelano, Ilich Ramirez Sánchez, conhecido como “Carlos, o Chacal”, o homem mais procurado do mundo. Enquanto isso, no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, começaram a criar também um grande esquema de segurança em certos eventos, não por medo de assassinato de autoridades: o “Chacal” daqui era um taxista, o português José Alves de Moura, que enfrentava os maiores desafios para beijar autoridades. Medo de beijos, do beijoqueiro!
O Beijoqueiro driblava grandes esquemas e beijava todo mundo. Beijou Frank Sinatra no seu show no Maracanã (em 21 de janeiro de 1980) e desceu por uma corda, não sei de onde, na cerimônia de posse de Leonel Brizola como governador do Rio, em março de 1983, e beijou o novo governador. Ao contrário de Sinatra, que reagiu com certa violência, Brizola sorriu, levou numa boa. A militância beijoqueira do taxista durou bastante, eu me lembro que o entrevistei para a Gazeta de Pinheiros em 1989 ou 90… e recebi um beijo na testa.
Alguns empresários custeavam viagens do Beijoqueiro para outros estados, para “atacar” autoridades. Quando o Papa João Paulo II esteve no Brasil, em 1980, começando pelo Rio de Janeiro, o Beijoqueiro foi preso e só libertado depois que o Papa seguiu para São Paulo. O Beijoqueiro foi atrás, e acabou preso em São Paulo também. Depois foi para Curitiba, também atrás de João Paulo II. Preso mais uma vez. Finalmente conseguiu chegar ao Papa em Manaus, e sapecou 17 beijos nos pés dele.
Bons tempos em que o Rio de Janeiro votava em candidatos progressistas e empresários cariocas se divertiam financiando um beijador… E pensar nas tranqueiras que o Rio elege de uns tempos para cá, a começar pelos últimos governadores! E o bispo eleitor prefeito, que foi à Bienal do Livro e tentou tirar de circulação um livro por causa de… beijo! Beijo gay.
Fiquei pensando numas coisas relacionadas ao beijo, como o beijo de Judas, significado de traição, e o “beijo da paz”, também chamado de “ósculo santo”, que é dar um beijo na face de alguém, em sinal de fraternidade, e segundo li é uma forma de cumprimento criada por Jesus Cristo. Bom… ósculo, que palavra feia para falar de uma coisa tão boa.
Lembrei do famoso beijo de um marinheiro gringo chegando da Segunda Guerra aos Estados Unidos, que tascou um beijo invejável na namorada, uma enfermeira, na Times Square, em Nova York, em 14 de agosto de1945. O beijo foi fotografado e tornou-se famoso.
Darcy Ribeiro grande pensador e defensor de um socialismo moreno, festeiro e gostoso, planejou um “beijódromo” na Universidade de Brasília.
Lembrei também da estátua de Auguste Rodin, no Museu de Paris. E também da escultura chamada “O beijo eterno”, no Largo São Francisco, em São Paulo, que chegou a ser retirada do espaço público por ser considerada imoral: é de um casal nu se beijando, o que “ofendia a moral” dos paulistanos.
Tenho muitas outras lembranças em relação ao beijo, mas uma ficou marcada em mim. Morava em Brasília e, em 1996 precisava voltar para São Paulo. Apareceu um emprego de subeditor da revista Querida, destinada a meninas de 11 a 14 anos de idade, e aceitei. Amigos acharam maluquice minha. Como pode trocar um emprego de editor regional do Jornal do SBT (na época, muito bom) por uma revista “sem importância”, para adolescentes? Até o editor do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo achou estranho, mandou me fotografar na redação da revista e publicou a foto com destaque numa seção destinada a contratações e demissões de jornalistas nos órgãos de comunicação.
Perguntavam sobre como eu, já beirando os 50 anos podia escrever matérias para meninas adolescentes, e eu respondia brincando: “Grito Shazam e me transformo numa menina de 14 anos. Aí escrevo sobre meu primeiro beijo, minha primeira menstruação…”.
Era fácil editar a revista, e consegui publicar nela algumas matérias que considero importantes, como a vida de meninas da idade delas no deserto de Atacama (no Chile) e em Chiapas (no México), além de outras sobre reforma agrária, a questão indígena… Levava um pouco de realidade às leitoras.
Mas nunca consegui emplacar uma capa. Por exemplo, era tempo de globalização e o governo FHC se submeteu ao neoliberalismo global, provocando muito desemprego aqui. Muitas meninas não tinham mais dinheiro para comprar a revista. Propus uma matéria sobre isso, e sobre como as meninas podiam colaborar com os pais… Não… “Já falamos da crise numa matéria seis meses atrás”, foi a resposta. “Mas matéria interna, não capa, e a crise piorou”, eu retruquei. Não! Tudo que eu propunha para a capa não era aceito. “No ano passado já saiu uma matéria parecida”, era a resposta. Até que alguém da reunião propunha: “Vamos dar uma capa sobre beijos”. Viva! Maravilha! Boa ideia. Eu chiava: “Mas há dois meses já teve uma capa sobre beijos” (a revista era quinzenal). “Ah… Mas desta vez vamos perguntar sobre o primeiro beijo de artistas da novela tal”, era a resposta. E lá ia mais uma capa sobre beijos.
Bom, já “falei” demais, vamos aos beijos… quer dizer, a frases sobre beijos que colhi por aí. Mas antes uma informação de uma data a ser comemorada devidamente: 13 de abril é Dia Internacional do Beijo.
F. Scott Fitzgerald: “O beijo nasceu quando o primeiro réptil macho lambeu a primeira réptil fêmea, significando com isso, de maneira sutil e elogiosa, que ela era tão suculenta quanto o pequeno inseto que ele jantara na véspera”.
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Helen Rowland: “O homem rouba o primeiro beijo, implora pelo segundo, exige o terceiro, recebe o quarto, aceita o quinto e suporta os restantes”.
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Billie Holiday: “Um beijo não provado é para sempre desperdiçado”.
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Provérbio árabe: “Um beijo é uma guloseima que não engorda”.
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Arturo Toscanini: “Beijei a primeira mulher e fumei o primeiro cigarro no mesmo dia. Desde e então, nunca mais tive tempo para fumar”.
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Mae West: “O beijo de um homem é a sua assinatura”.
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Eduardo Galeano: “Todos somos mortais até que chega o primeiro beijo e a segunda taça de vinho”.
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Cher: “Estou sempre interessada em alguém que beije bem”.
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David Cotos: “Tu não sabias o que era um beijo, perguntaste a minha língua e achaste a resposta”.
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Rémy de Gourmont: “As mulheres ainda se lembram do primeiro beijo mesmo quando os homens já se esqueceram do último”.
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Antônio Maria: “Beijei muitas mãos com vontade de cuspi-las”.
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Leonardo Di Caprio: “O primeiro beijo que dei foi a coisa mais nojenta da minha vida. A garota injetou cerca de meio quilo de saliva na minha boca e, quando me afastei, tiver que cuspir tudo”.
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Cameron Díaz: “Eu beijaria um sapo mesmo que não houvesse nenhuma promessa de que um príncipe encantado sairia dele. Eu amo os sapos”.
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Dominique Swain: “Os meninos sempre gostam de ver as meninas se beijando. Eu não entendo; as meninas não querem ver os meninos se beijando”.
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Bette Davis: “Eu gostaria de beijar você, mas acabei de lavar meu cabelo”.
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Marilyn Monroe: “Hollywood é um lugar onde eles pagam mil dólares por um beijo e cinquenta centavos pela sua alma”.
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Chico Marx: “Eu não estava beijando! Estava apenas respirando em sua boca!”.
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Margaret Mitchell: “Tu deverias ser beijada por alguém que saiba como fazê-lo”.
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Helen Howland: “O casamento é o milagre que transforma um beijo de prazer em dever”.
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Charlotte Rampling: “Fiz aquele filme só para beijar Robert Redford”.
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George Meredith: “Um beijo não dura tanto quanto um bom almoço”.
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H. L. Mencken: “O homem perde o seu senso de direção depois de quatro drinques; a mulher, depois de quatro beijos”.
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Anne Barratin: “O homem acredita facilmente que um beijo lhe valerá a absolvição”.
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Augusto dos Anjos: “O beijo, amigo, é a véspera do escarro”.
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Kevin Costner: “Creio em longos, lentos, profundos, suaves e úmidos beijos que duram três dias”.
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Albert Einstein: “Qualquer homem que consegue dirigir com segurança enquanto beija uma garota bonita, simplesmente não está dando ao beijo a atenção que ele merece”.
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Provérbio italiano: “Um beijo sem bigode é como um bife sem mostarda”.
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Mistinguett: “Um beijo pode ser uma vírgula, um ponto de interrogação ou um ponto de exclamação. E é isto que uma garota precisa aprender de gramática”.
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Dorothy Parker: “Lábios que sabem a lágrimas são muito mais beijáveis”.
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Lana Turner: “Uma garota precisa adquirir um bocado de experiência para beijar como uma principiante”.
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Suzanne Collins: “É o primeiro beijo que de verdade faz que me agite algo no peito, algo cálido e curioso. É o primeiro beijo que me faz desejar um segundo”.
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Medeiros de Albuquerque: “Do beijo – o mérito é esse: escapa à definição”.
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Menotti Del Picchia: “Toda história de amor só presta se tiver, como ponto final, um beijo de mulher”.
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Olavo Bilac: “Cada beijo é a sanção dos Sete Dias, e a gênese fulgura em cada abraço”.
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Ingrid Bergman: “O beijo é um truque adorável criado pela natureza para interromper a fala quando as palavras ser tornam supérfluas”.
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Guy Maupassant: “Um beijo legítimo nunca vale tanto como um beijo furtado”.
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Berilo Neves: “O beijo das mulheres sérias é frio: faz a gente espirrar… o das mulheres ardentes gasta-nos os lábios… e o dinheiro”.
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Barão de Itararé: “Há certos beijos que se parecem com a torre de Babel, pois neles se dá a confusão de línguas”.
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Pablo Neruda: “Num único beijo saberás tudo aquilo que tenho calado”.
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Albino Forjaz de Sampaio: “A pancada é sempre mais sincera do que o beijo”.
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Monteiro Lobato: “As moças entrebeijam-se porque não podem morder-se umas às outras”.
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Machado de Assis: “O lábio do homem não é como a pata do cavalo de Átila, que esterilizava o solo em que batia; é justamente o contrário”.
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Daina Chaviano: “O primeiro beijo pode ser tão aterrador quanto o último”.
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Marta Gárgoles: “Um beijo move, dois atam e três marcam”.
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Jean Rostand: “Um belo segredo que se diz na boca e não no ouvido”.
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Marguerite Duras: “Os beijos no corpo fazem chorar. Dir-se-ia que consolam”.
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García Lorca: “Em cada beijo, um poema; em cada suspiro, uma melodia”.
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Bobby Knight: “Quando meu tempo na Terra acabar e minhas atividades aqui terminarem, quero que me enterrem de cabeça para baixo e que meus críticos posam beijar a minha bunda”.
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Nicole Williams: “Gostaria de poder guardar esse beijo em uma garrafa e tomá-lo em pequenas doses cada hora ou cada dia”.
Em O Boitatá e os boitatinhas, Mouzar Benedito questiona o “progresso” que destrói a natureza e expulsa as comunidades tradicionais. As ilustrações vibrantes de Hallina Beltrão mostram aos pequenos leitores os encantos da fauna e flora.
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Mouzar Benedito, jornalista, nasceu em Nova Resende (MG) em 1946, o quinto entre dez filhos de um barbeiro. Trabalhou em vários jornais alternativos (Versus, Pasquim, Em Tempo, Movimento, Jornal dos Bairros – MG, Brasil Mulher). Estudou Geografia na USP e Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo. É autor de muitos livros, dentre os quais, publicados pela Boitempo, Ousar Lutar (2000), em coautoria com José Roberto Rezende, Pequena enciclopédia sanitária (1996), Meneghetti – O gato dos telhados (2010, Coleção Pauliceia) e Chegou a tua vez, moleque! (2021, Editora Limiar). Colabora com o Blog da Boitempo mensalmente.
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