Engels e o canteiro de obras da teoria marxista

Arlene Clemesha escreve sobre Ludwig "Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã", 33º volume da coleção Marx-Engels.

Por Arlene Clemesha

O que têm em comum os textos tardios de Friedrich Engels, “Sobre a história do cristianismo primitivo” e “Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã”, e as “Teses sobre Feuerbach”, escritas por Karl Marx em meados da década de 1840? Redigidos ao longo de meio século, eles testemunham tanto a unidade de pensamento dos dois intelectuais, quanto a sua evolução e transformações.

O princípio estabelecido por Marx já no início de sua produção intelectual – “A crítica da religião é o pré-requisito de toda crítica” (da filosofia e da política) – informa todos os seus debates sobre matéria religiosa com os principais representantes tardios da filosofia clássica alemã, de Bruno Bauer e Max Stirner a, notadamente, Ludwig Feuerbach. Os textos de Marx e Engels sobre religião evidenciam a formação do materialismo histórico. São os pressupostos e a base de suas investigações sobre economia e sociedade, constituindo, ao mesmo tempo, uma intervenção intelectual e política direta na realidade contemporânea a eles.

Trata-se do canteiro de obras da teoria marxista, que concluiria, pouco mais de duas décadas depois, com a “crítica da religião, da filosofia e da política” ou a crítica da economia política, isto é, com a magnum opus de Marx, O capital.

Os textos publicados em Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã não são, assim, colaterais à “verdadeira” obra marxista, mas parte integral e inseparável dela. Um século e meio depois, graças à mundialização do capital, o escopo e a abrangência da crítica (superação, e não supressão) marxiana da religião ganha uma espessura não apenas atual, mas inédita, incorporando as religiões extraeuropeias, oriundas do mundo árabe, do leste asiático, ou dos povos originários das Américas, para citar exemplos bem conhecidos. Isso para não falar das novas ou renovadas variantes do cristianismo representadas pelo evangelismo ou o pentecostalismo.

Os escritos de Marx e Engels sobre religião – ou sobre a projeção religiosa do mundo real, talvez mais forte hoje do que nunca no passado – falam mais diretamente ao mundo contemporâneo do que outros textos, talvez mais conhecidos, desses autores. Sua publicação não é, portanto, subsidiária e complementar, mas absolutamente essencial à difusão e ao estudo da teoria axial de nossa era histórica.


Em seu 33º volume, a coleção Marx-Engels traz ao leitor brasileiro o consagrado texto “Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã”, trabalho que se situa entre as obras fundantes do pensamento marxista e mostra a relação entre o marxismo e seus predecessores filosóficos, representado pelas figuras mais importantes da filosofia clássica alemã – a saber, Hegel e Feuerbach –, oferecendo uma exposição sistemática dos fundamentos do materialismo dialético e histórico. 

Traduzido nesta edição pelo especialista Nélio Schneider, o texto vem acompanhado de dois apêndices. O primeiro deles, “Sobre a história do cristianismo primitivo”, escrito em 1894 e publicado aqui pela primeira vez em português, é considerado uma das obras fundamentais do chamado “ateísmo científico”, e resulta de muitos anos de estudos sobre a origem e a essência do cristianismo, tema do interesse de Engels desde 1841. O segundo apêndice, popularmente conhecido como “Teses sobre Feuerbach”, é reimpresso aqui na tradução já consagrada que acompanhou a edição da A ideologia alemã, a fim de, respeitando o espírito de sua primeira publicação por Engels, facilitar a comparação com o escrito que dá título ao volume.

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Arlene Clemesha é professora de história árabe contemporânea da Universidade de São Paulo (DLO-USP). Autora, entre outros livros, de Marxismo e judaísmo: história de uma relação difícil (Boitempo).

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