Preta Ferreira e Judith Butler participam de filme que estreia hoje nos cinemas

“Para Onde Voam as Feiticeiras” tem a narrativa centralizada em sete personagens LGBTQIA+, as artistas-ativistas autodenominadas “manas”: Ave Terrena Alves, Fernanda Ferreira Ailish, Gabriel Lodi, Mariano Mattos Martins, Preta Ferreira, Thatha Lopes e Wan Gomez.

Para onde voam as feiticeiras acompanha a deriva de encenações e improvisos de sete artistas pelas ruas do centro de São Paulo em uma experiência cinematográfica que torna visível a persistência de preconceitos arcaicos de gênero e raça no imaginário comum. No centro desta narrativa polifônica está a importância da resistência política através das alianças de luta comum entre coletivos LGBTQIA+, negritude, indígenas e trabalhadores sem teto. O filme tem a participação de Preta Ferreira, autora de Minha carne: diário de uma prisão, e Judith Butler, autora de A força da não violência e Caminhos divergentes: judaicidade e crítica do sionismo. A direção é de Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral.

Desde 2020, o longa conquistou diversos prêmios: “Melhor Filme”, no Festival Queer Porto; “Melhor Filme” (voto popular) e “Melhor Direção” no Rio Festival LGBTQIA ; “Melhor Direção” e “Melhor Filme” (júri técnico) no Festival de Vitória; e “Melhor Direção Longa Nacional” no Santos Film Fest. Também esteve nas seleções oficiais do 23º Festival de Documentários de Montreal, 42º Festival de Havana, Chicago ChangeFest 2021 e La Fête du Slip (Lausanne, Suíça). 



No dia 24 de junho de 2019, Preta Ferreira e seus familiares foram surpreendidos pela manhã por dois homens, uma mulher e um mandado de busca e apreensão. Não seria a primeira nem a última vez que Preta precisaria lidar com o abuso do Estado, e, nesse caso, nas primeiras páginas de seu diário, a artista já mostra a confiança de que o infortúnio duraria, no máximo, alguns dias. No entanto, ao contrário de suas expectativas iniciais, Preta Ferreira ficou presa injustamente até 10 de outubro de 2019. 

Em Minha carne: diário de uma prisão, estão relatados os longos dias de cárcere, os processos pelos quais passou, as etapas do sistema prisional, os trâmites jurídicos, as emoções que viveu e o que ouviu de outras mulheres com quem compartilhou esse tempo. Com oscilações de humor – como medo, raiva e também inspiração –, Preta escreve e mescla sua rotina e seus pensamentos com poemas e músicas. O tom da obra remete, ainda, a um grito por justiça. 

O livro conta com uma apresentação sobre a vida da cantora e com surpresas inesperadas – como quando recebeu a visita, em sua casa, da ativista Angela Davis –, além de reflexões pós-cárcere em plena pandemia. Respondendo ao processo em liberdade e obrigada a seguir diversas regras, como horário para sair e voltar para casa e compromissos no fórum de justiça, ainda há um árduo caminho até a finalização do processo: “Eu tô livre, mas continuo presa”. 

Acesse  aqui  o guia de leitura de Minha carne, livro 2 do Armas da crítica, o clube do livro da Boitempo.

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