6 filmes e séries sobre a decadência da indústria e a sindicalização nos EUA

Conheça os cenários da pesquisa do sociólogo Ruy Braga em "A angústia do precariado".

Uma seleção de filmes e séries sobre os cenários da pesquisa do sociólogo Ruy Braga em seu novo livro, A angústia do precariado, que chega primeiro para os assinantes do Armas da crítica, o clube do livro da Boitempo. Assine até o dia 15 de agosto para receber a versão impressa e e-book, além de brindes, benefícios e materiais exclusivos!

Matewan (1987)

Dirigido por John Sayles, o filme é baseado em eventos reais ocorridos na década de 1920 nas minas da Virgínia Ocidental durante as chamadas “Guerras do Carvão”: uma série de conflitos armados entre 1890 e 1930 concentrados na região dos Montes Apalaches entre trabalhadores e capangas contratados pelas empresas mineradoras. O filme gira em torno da chegada de Joe Kenehan, um sindicalista, à cidade de Matewan a fim de apoiar os mineiros em sua luta por melhores condições de trabalho. A história do sindicalismo americano desde os anos 1920 está sintetizada no livro A angústia do precariado, de Ruy Braga.

Nomadland (2020)

Filme dirigido por Chloé Zhao e baseado no livro de não-ficção de Jessica Bruder, ganhou o Oscar de Melhor Filme em 2021. A história retrata a vida de Fern, uma mulher que perdeu sua casa e seu emprego após a Grande Recessão de 2008. Diante da escassez de novas oportunidades, Fern decidiu viver como uma trabalhadora nômade, viajando em sua van a procura de empregos intermitentes enquanto observa as deslumbrantes paisagens da região Oeste dos Estados Unidos. O filme mostrou Fern trabalhando no programa “Amazon CamperForce” que contratava trabalhadores pobres, sobretudo, sem-tetos, para seus depósitos durante períodos de pico de entrega de encomendas, como as festas natalinas, por exemplo. A história da criação do primeiro sindicato da Amazon está contada no livro A angústia do precariado segundo o relato de Chris Smalls e Derrick Palmer, líderes do sindicato entrevistados por Ruy Braga.  

Pão e Rosas (2000)

Um filme dirigido por Ken Loach, baseado na campanha “Justiça para os Faxineiros e Zeladores” de organização dos trabalhadores imigrantes sem documentos na cidade de Los Angeles nos anos 1980 e 1990, e liderada pelo sindicato Seiu. A trama gira em torno de duas irmãs imigrantes mexicanas, Maya e Rosa, que vivem nos Estados Unidos ilegalmente. Maya consegue um emprego em uma empresa de limpeza, onde se aproxima da luta sindical O filme retrata as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores imigrantes em seu processo de mobilização por seus direitos. A história heroica e trágica da campanha organizada pelo Seiu  foi analisada detalhadamente em A angústia do precariado.  

American Rust (2021)

Uma série policial que se passa em uma cidade da Pensilvânia duramente atingida pela desindustrialização. A trama gira em torno do chefe de polícia, Del Harris, que investiga um crime chocante envolvendo o filho de um importante empresário local. Conforme a investigação avança, Del se vê imerso numa trama de segredos, mentiras e corrupção. Ao longo dos episódios, a série explora temas como a luta de classes, o desespero econômico, a decadência da América industrial e o impacto do aumento da pobreza e da criminalidade em pequenas cidades onde vivem os trabalhadores americanos. A história da desindustrialização da Pensilvânia é o pano de fundo do livro A angústia do precariado.

Dopesick (2021)

Uma série baseada no livro de mesmo nome escrito por Beth Macy. A trama aborda a epidemia dos opioides nos Estados Unidos, explorando a devastadora disseminação da dependência química. A série examina como a indústria farmacêutica, em particular a Purdue Pharma, contribuiu para o aumento do vício em analgésicos por meio da comercialização agressiva de medicamentos como o OxyContin em comunidades onde vivem os trabalhadores brancos pobres, em especial, na região dos Apalaches. “Dopesick” destaca o personagem Dr. Samuel Finnix, um médico morador da cidade fictícia de “Portsmouth” em sua jornada para recuperar ele próprio e sua comunidade do vício em opioides. Ruy Braga analisa a crise social gerada por essa epidemia nos Montes Apalaches em A angústia do precariado.

Mare of Easttown (2021)

Uma série de drama policial que se passa na cidade fictícia de Easttown, na Pensilvânia. A série explora os conflitos entre os moradores de uma pequena cidade atingida pela desindustrialização pela perspectiva de uma detetive local. Ao longo dos episódios, a história revela diferentes dimensões da crise sociorreprodutiva que ameaça a pequena Easttown. A série é uma imersão emocional no gênero policial e no drama vivido pelas pequenas comunidades da Pensilvânia atingidas pelo avanço da pobreza. Essa crise social está retratada no livro A angústia do precariado.


Como compreender o comportamento político dos trabalhadores racializados nos Estados Unidos? E dos trabalhadores brancos que vivem em pequenas cidades rurais? A eleição de Donald Trump, em 2016, pode ser interpretada apenas como resultado de uma classe trabalhadora branca ressentida e empobrecida? A angústia do precariado, nova obra do sociólogo Ruy Braga, é fruto de uma pesquisa de campo em pequenas cidades rurais nos Montes Apalaches, região que concentra historicamente a pobreza branca nos Estados Unidos. O estudo coloca à prova a hipótese da eleição de Trump partindo de uma problematização teórica inspirada nos marxismos negro e latino-americano.

Durante sua pesquisa, em vez de comunidades mobilizadas pelo ódio aos imigrantes e aos negros, o autor encontrou grupos de trabalhadores vivendo em constante agonia, em profunda crise sociorreprodutiva, o que os aproximou das condições de subsistência das comunidades negras. Essa confluência indesejada ajudou a criar as condições sociais necessárias para a eclosão de protestos de trabalhadores brancos… Em favor das vidas negras! O livro se dedica a interpretar essa anomalia sociológica por meio da análise do longo processo de reconstrução das identidades coletivas dos trabalhadores precários americanos, desde a crise do fordismo até o advento da pandemia do novo coronavírus.

A angústia do precariado é o último volume de uma trilogia consagrada à formação do precariado global, ou seja, aquele vasto contingente de trabalhadores em situação de insegurança e sub-remunerados. O primeiro trabalho da série foi publicado em 2012, com o título A política do precariado: do populismo à hegemonia lulista, seguido por A rebeldia do precariado: trabalho e neoliberalismo no Sul global , em 2017. 

Assine o Armas da crítica, o clube do livro da Boitempo, até o dia 15 de agosto e receba o novo livro de Ruy Braga em primeira mão em versão impressa e e-book, além de brindes exclusivos, materiais multimídia para expandir a leitura, 30% de desconto em todos os livros da Boitempo no site e mais benefícios!

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