Para conhecer Maria Rita Kehl

Conheça a obra da psicanalista Maria Rita Kehl, autora do livro do mês do Armas da crítica: "Tempo esquisito".

Maria Rita Kehl é doutora em psicanálise pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e atua, desde 1981, como psicanalista em São Paulo. Entre 2006 e 2011, atendeu na Escola Nacional Florestan Fernandes do MST, em Guararema (SP). Integrou a Comissão Nacional da Verdade (2012-2014). Foi jornalista de 1974 a 1981 e segue publicando artigos em diversos jornais e revistas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em 2010, ganhou o prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção, com a obra O tempo e o cão: a atualidade das depressões publicada por nossa casa. Também pela Boitempo, publicou Videologias: ensaios sobre televisão (em coautoria com Eugênio Bucci), 18 crônicas e mais algumasDeslocamentos do femininoBovarismo brasileiro e Ressentimento. Pela Boitatá publicou, em parceria com Laerte Coutinho, Neném outra vez! e O disco-pizza


Tempo esquisito, nova coletânea da psicanalista Maria Rita Kehl, traz para o leitor um conjunto de reflexões e análises feitas durante o período da quarentena da covid-19: “Diante de tanta tristeza, escrever foi uma forma de ocupar o espaço do debate público sem romper o isolamento físico. Uma forma de estar com os outros”, conta a autora no prólogo. Nos textos, além da questão da saúde pública, Kehl aborda temas recorrentes desde 2019 – início do mandato de Jair Bolsonaro na presidência –, como violência policial, desigualdade social e outros. Há artigos, por exemplo, sobre o linchamento do congolês Moïse Kabagambe, no Rio de Janeiro, em 2021, e também sobre o assassinato de Genivaldo dos Santos, morto pela Polícia Rodoviária Federal, em 2022, em Sergipe. Além, é claro, do olhar sempre voltado à psicanálise, campo principal de atuação de Maria Rita Kehl.

A autora recorre ao conceito de Hannah Arendt sobre a banalidade do mal para estabelecer um paralelo com a realidade brasileira: “Ciente de ter desvirtuado a expressão em relação ao contexto em que fora criada, insisto em resgatá-la aqui para qualificar, com outro sentido, a leviandade com que muitas pessoas se sentem autorizadas a praticar ruindades contra indivíduos vulneráveis. Ou a indiferença com que se eximem de qualquer gesto de solidariedade em relação à multidão de miseráveis que aumenta a cada dia nas cidades do país”, argumenta.

O livro chega antes para os assinantes do Armas da crítica, o clube do livro da Boitempo. Especialmente neste mês, a obra do mês é acompanhada de O que você vê , livro presente para todas as idades de Alexandre Rampazo. Assine até o dia 15 de junho para garantir em primeira mão seus exemplares e todos os benefícios do nosso clube do livro! 


Videologias: ensaios sobre televisão, de Eugênio Bucci e Maria Rita Kehl
Com pouco mais de 50 anos de existência, é onipresente. É impossível ignorá-la ou pensar o mundo hoje sem considerá-la. É a televisão. O livro de Maria Rita Kehl e Eugênio Bucci, é, desde o trocadilho no título com a célebre obra Mitologias, de Roland Barthes, uma obra que une visão crítica e psicanálise para dissecar as relações entre mitologias, ideologias e televisão.

O tempo e o cão: a atualidade das depressões, de Maria Rita Kehl
Escrito a partir de experiências e reflexões sobre o contato com pacientes depressivos, o livro aborda um tema que, apesar de muito comentado, é pouco compreendido e menos ainda aceito atualmente. Para abordá-lo, Maria Rita faz um apanhado do lugar simbólico ocupado pela melancolia, desde a antiguidade clássica até meados do século XX, quando Freud trouxe esse significante do campo das representações estéticas para o da clínica psicanalítica.

Deslocamentos do feminino: a mulher freudiana na passagem para a modernidade, de Maria Rita Kehl
A obra questiona as relações que se estabelecem entre a mulher, a posição feminina e a feminilidade na clínica psicanalítica. Existe uma diferença irredutível entre homens e mulheres, afinal? Partindo da defesa de uma ‘mínima diferença’, um modo de ser e de desejar através do qual homens e mulheres assumem papéis distintos na sociedade, a autora investiga o campo a partir do qual as mulheres se constituem como sujeitos, de modo a contribuir para ampliá-lo.

Bovarismo brasileiro, de Maria Rita Kehl
Conjunto de ensaios marcantes sobre temas que abarcam desde a literatura de Machado de Assis até um estudo de caso, passando por reflexões acerca das origens do samba, do manguebeat, do período de expansão da rede Globo e da primeira campanha de Lula. Para dar liga às suas análises, a autora vale-se do conceito de bovarismo, cunhado pelo filósofo e psicólogo Jules de Gaultier com base na personagem Emma Bovary, de Gustave Flaubert, uma ambiciosa e sonhadora pequeno-burguesa de província que, à força de ter alimentado sua imaginação adolescente com literatura romanesca, ambicionou ‘tornar-se outra’ em relação ao destino que lhe era predestinado.

Ressentimento, de Maria Rita Kehl
O livro aborda a conceitualização do ressentimento a partir de quatro pontos de vista: a clínica psicanalítica, a filosofia de Nietzsche e Espinosa, a produção literária e o campo político. O ressentimento não é um conceito clássico da psicanálise; assim, Maria Rita Kehl mobiliza tanto as suas observações clínicas quanto conhecimentos de outras áreas para definir e explicar a constelação afetiva que forma o ressentimento.

Neném outra vez!, de Maria Rita Kehl e Laerte Coutinho
A divertida incursão de Maria Rita Kehl na literatura infantil aborda o ciúme entre irmãos como pretexto para falar sobre questões mais profundas com as crianças, como o poder da vontade, o amor próprio e aceitação de mudanças na vida. O livro é ilustrado pela cartunista Laerte Coutinho.

O disco-pizza, de Maria Rita Kehl e Laerte Coutinho
Gil é um garotinho de sete anos que tem muita vontade de comemorar o Natal. Sua família diz que é uma data comercial e, por isso, eles nunca fazem os tradicionais festejos em casa. O menino até concorda com a decisão, mas pensa que seria bacana uma árvore cheia de bolas coloridas e luzinhas, presentes ao pé da cama e muita coisa gostosa para comer. Maria Rita Kehl e Laerte trazem ao leitor essa nova obra cheia de criatividade e ressignificação de tradições.


Christian Dunker comenta a obra de Maria Rita Kehl na TV Boitempo:

1 comentário em Para conhecer Maria Rita Kehl

  1. Mesmo com algumas reservas, admiro o texto e o trabalho de Maria Rita Kehl

    Curtir

Deixe um comentário