Anita Prestes lança edição alemã de seu livro sobre Olga Benario em Berlim
Baseado em arquivos inéditos da Gestapo, a polícia secreta nazista, o livro é a tradução revista de obra publicada no Brasil em 2017 sob o título "Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo", pela Boitempo.
Anita Prestes em Berlim. Foto: Benjamin Pritzkuleit.
A historiadora Anita Leocadia Benario Prestes está na Alemanha para diversas atividades relacionadas ao lançamento da edição alemã da biografia de sua mãe, a revolucionária comunista Olga Benario. O livro foi lançado em evento organizado pela Fundação Rosa Luxemburgo no último dia 8 de maio:
Baseado em arquivos inéditos da Gestapo, a polícia secreta nazista, o livro é a tradução revista de obra publicada no Brasil em 2017 sob o título Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo, pela Boitempo. A edição alemã foi publicada pela editora Verbrecher Verlag sob o título de Olga Benario Prestes. Eine biografische Annäherung.
A historiadora também foi capa do jornal alemão Berliner Zeitung, na edição do dia 12 de maio. A reportagem de Niklas Franzen comenta o lançamento da edição alemã e também acompanha a visita de Anita às “pedras de tropeço” [Stolpersteine] de sua mãe, tio e avós em Munique. As “pedras de tropeço” são plaquinhas feitas por iniciativa de Gunter Demnig em memória das vítimas dos nazistas, colocadas na frente de onde essas pessoas moravam ou trabalhavam. Em cada uma delas há uma descrição sucinta do destino de pessoas que foram mortas, deportadas, perseguidas ou que tiveram que fugir durante o regime nazista.
Anita Prestes na capa do jornal alemão Berliner Zeitung; a reportagem de Niklas Franzen; as pedras de tropeço em frente ao prédio em que morou a família Benário: Olga, o pai, a mãe e o irmão; Anita Prestes em frente à estátua em homenagem ao soldado soviético em Berlim.
A versão brasileira do livro, Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo, publicada pela Boitempo, apresenta a perfeita dimensão da luta diária de Olga Benario Prestes por seus ideais, mesmo nas condições mais adversas. A resistência da jovem revolucionária diante da gigantesca e cruel máquina do Terceiro Reich, que a considerava uma “comunista perigosa”, parece ainda pulsar nestas páginas, como se seu coração, calado há 81 anos, ainda batesse. Um coração destemido, que, encarcerado, soube conjugar a luta política, o amor pelo grande companheiro e a preocupação com a educação da filha, de quem fora afastada prematuramente. Após a abertura dos arquivos da Gestapo, Anita Leocadia Prestes, debruçou-se sobre as cerca de 2 mil páginas a respeito de Olga, recheadas de documentos inéditos, para trazer à tona informações até então desconhecidas.
Com base nos documentos, a autora constrói uma narrativa cronológica que vai da inserção da jovem Olga na luta política até sua morte na câmara de gás do campo de concentração de Bernburg, em abril de 1942, revelando a firmeza inabalável da revolucionária. Enquanto, na prisão, Olga nutria esperanças de conseguir asilo em outro país, e, fora dela, sua sogra e sua cunhada faziam de tudo para que ela fosse libertada, os nazistas nunca consideraram essa hipótese. No entanto, ela jamais se curvou a seus algozes, jamais entregou companheiros e nem sequer revelou suas atividades políticas, ainda que a chantageassem com a perspectiva de voltar a ver a filha. Após o relato biográfico há um caderno de fotos e uma série de anexos com a reprodução de documentos, como o passaporte que Olga se negou a assinar, fotos encontradas no arquivo da Gestapo e a tradução e a reprodução da correspondência inédita de Olga e Prestes, entre outros.
Anita Prestes também é autora da ambiciosa biografia política Luiz Carlos Prestes: um comunista brasileiro (Boitempo, 2015) e de Viver é tomar partido: memórias (Boitempo, 2019), em que narra sua extraordinária trajetória de vida, militância e pensamento.
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