Cultura inútil | Festejar é preciso!
Fuçando no blog da Boitempo, vi que meu primeiro texto publicado nele foi em abril de 2011, portanto há 12 anos exatos. Não esperava durar tanto. Motivo para festa...
Por Mouzar Benedito
“É festa de rico… uma chatice”. Este é um conceito mais ou menos comum em certos meios. “Festa de rico” é tudo controlado, contraditoriamente sem fartura. Já festa de pobre, sim, é tudo à larga: pode ser que a grana do festeiro só dê pra comprar cerveja e sanduíche de mortadela, mas será muita cerveja e muito sanduíche pra servir à vontade.
Bom, há exceções… Uns amigos meus (e um irmão) relativamente “ricos” felizmente fazem parte dessas exceções: as festas deles são (ou eram) fartas e sem ninguém ficar regulando.
Mas a covid detonou suas festas. Uma pena. Ficam na saudade festas como as deles e as que eu frequentava na zona leste de São Paulo, geralmente com churrasco, que começavam no final da manhã de sábado e se estendiam até a noite de domingo.
E fico me lembrando de uns tempos festivos: o Ricardo, amigo e colega do curso de Geografia, fazia festa todos os sábados. Começou dizendo que era aniversário dele. No sábado seguinte, era “aniversário” de um outro morador da república, depois de outro, depois de outro… Quando acabaram os aniversários de nascimento começaram as festas de aniversário de primeira comunhão, de crisma, de batismo…
Eu me lembro de um parente distante que era um festejador pra valer. Era filho único e sobrinho único de gente que lhe deixou boas heranças. Casou-se com uma mulher festeira também e teve vários filhos também festeiros. Viveram festejando um bom tempo, com a herança deixada pelo pai dele. Quando acabou a grana, continuou festejando com dinheiro emprestado. Aí morreu um tio. Pagou todas as contas e sobrou pra festejar muito tempo, e fazer novas dívidas depois. Aí morreu outro tio. Foi assim, até morrer o único tio. Gastou tudo em festa, como gostava, e, sem ter mais heranças em vista, morreu. Foi coerente.
Ah, e esse conceito de festa com fartura… Na minha terra as festas de Reis, dia 6 de janeiro, eram para se esbaldar. Muita comida (carne de porco gordurosa, tutu de feijão…) e muita bebida, duravam de manhã até a noite. Lembro-me de quando já era adulto e morando em São Paulo, fui lá num janeiro e ouvi um conterrâneo, o Valdir, comentando sobre uma delas: “Festa boa… acabou já faz três dias e tô cagando até hoje”.
Mas havia também os chatos, do tipo que não dispensam uma festa mas ficam ali achando que revolucionário tinha que tinha que ter complexo de culpa por festejar. Dois deles vinham com um papo assim: “Enquanto estamos aqui comendo e bebendo, na África tem crianças passando fome”.
Bom… antes da covid eu já reclamava que a gente só encontrava velhos amigos em velórios e farmácias, e defendia as festas. Depois, apesar do número de velórios ter aumentado, parei de ir a eles. E as festas quase sumiram. Encontrei poucos amigos em “quase festas” restritas a meia dúzia de pessoas.
Aí a pandemia arrefeceu e marcamos uma festa de verdade. Na hora agá veio uma nova onda de covid. Muita gente não foi. Festa boa, embora reduzida em número de amigos. Tomara que os tempos de boas festas estejam de volta. A derrota do coiso já motivou muitos festejos, que venham mais. Muitas boas festas… Colhi frases sobre o assunto. Aí vão elas.
Charles Bukowski: “Se algo ruim acontece você bebe para esquecer; se algo de bom acontece, bebemos para comemorar; e se nada acontecer você bebe para fazer alguma coisa acontecer”.
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Bukowski de novo: “Nós tínhamos que comer. E coma e coma de novo. Éramos todos nojentos, condenados ao dever de casa sujo. Comendo, peidando, coçando, sorrindo e santificando as férias”.
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Robin Williams: “A primavera é a maneira da natureza de dizer ‘vamos festejar”.
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Pino Caruso: “Festas são feitas com amigos porque não vão bem com inimigos”.
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Nancy J. Carmody: “Sou grata por toda a bagunça para limpar depois de uma festa, porque significa que estou cercada de amigos”
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Anônimo: “Quer saber quantos amigos você tem? Dá uma festa. Quer saber a qualidade deles? Fica doente”.
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Marquês de Maricá: “Fazemos ordinariamente mais festa às pessoas que tememos do que àquelas a quem amamos”.
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Criss Jamil: “Falar pra um introvertido que vá a uma festa é como falar a um santo que vá ao inferno”.
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Papa Bento XVI: “A Igreja não é um poder político, tampouco é uma festa: a Igreja é um poder moral”.
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Umberto Eco: “Até a Igreja em sua sabedoria permitiu o momento da festa, do carnaval, da feira, essa poluição diurna que descarrega os ânimos e retém outros desejos e outras ambições”.
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Jean-Louis Bory: “Gula, preguiça, luxúria: essas são as três virtudes cardeais, as virtudes da celebração. Céu na Terra!”.
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John Kennedy: “Nos tempos de crise interna, os homens de boa vontade devem ser capazes de festejar”.
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Cesare Pavese: “Os últimos anos de vida representam o final de uma festa de fantasias; as máscaras sempre se deixam cair”.
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Oscar Niemeyer: “Há o pessimismo que bate quando estou sozinho e penso no mundo. Mas se é para ir a uma festa em que há mulheres bonitas, o pessimismo desaparece”.
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Meredith Grey: “No final das contas, o fato de ainda termos coragem de nos levantarmos já é motivo para comemorar”.
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James Caan: “Algumas pessoas pensam que a beleza está no interior. Mas quando você entra numa festa, a primeira coisa que vê não é o cérebro”.
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Ezra Miller: “A vida é uma grande festa”.
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Stephen King: “A vida é uma festa, e as festas se acabam”.
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Madonna: “A missão nesta vida deveria ser sempre estar em festa”.
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John Lennon: “O mundo é como uma festa em que entramos sem sermos convidados, e depois saímos sem nos despedirmos”.
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George Santayana: “A vida não é um espetáculo nem um festa; é um transe”.
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John Williams: “…Fala inglês, beija como um francês, dirige como um alemão, veste-se como um italiano, gasta como um árabe e festeja como um caribenho”.
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Provérbio chinês: “Só aqueles que vão a festas regularmente conhecem a verdadeira solidão”.
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Outro provérbio chinês: “A festa nem sempre é sinônimo de diversão”.
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Fulton John Sheen: “Conheço apenas duas filosofias de vida. A primeira começa com o jejum e termina com a celebração. A segunda começa com a festa e termina com a enxaqueca”.
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Kimi Raikkonen: “Não deixe que ninguém te diga quando você pode festejar”.
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Shakespeare: “Divertir-se seria algo muito aborrecido se todo o ano fosse festa”.
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Aldous Huxley: “As festas devem ser solenes e raras, senão deixam de ser festas”.
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Axl Rose: “Uma festa sem cerveja, deveria ser cancelada”.
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Billy Carter: “A cerveja não é uma boa bebida para festas, especialmente se você não sabe onde fica o banheiro”.
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Katharine Whiterhorn: “O principal objetivo para fazer festas infantis é lembrá-lo que existem crianças piores que as suas”.
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Benny Hill: “Se não são todos que desfrutam, não é uma festa”.
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Bunbury: “Ir a uma festa e não beber é como ir a uma romaria e não rezar”.
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Washington Irving: “Há duas classes de gente para quem a vida é uma festa contínua: os muito ricos e os muito pobres. Uns, porque não precisam de nada; os outros, porque não têm nada pra fazer”.
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Janis Joplin: “Aqui estou, amigo, para celebrar uma festa, a melhor possível enquanto viver na terra. Creio que esse é também o teu dever”.
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Leonardo Boff: “O humor e a festa revelam que há sempre uma reserva de sentido que ainda nos permite viver e sorrir”.
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Salvador Dalí: “Nunca estou sozinho. Tenho o costume de estar sempre com Salvador Dalí. Acredite: isso é uma festa permanente”.
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Etty Hillesum: “Quem tem culpa de que, deslumbrado pela festa do mundo eu tenha afastado de você?”.
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Robert Burton: “A consciência tranquila é uma festa contínua”.
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José Saramago: “Nem tudo é festa, porque, ao lado de uns tantos que riem, sempre haverá outros que chorem”.
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Virginia Woolf: “Senhora Dalloway, sempre organizando festas para dissimular o vazio”.
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Millôr Fernandes: “Aniversário é uma festa pra te lembrar do que resta”.
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Lady Gaga: “Eu quero que eles digam: caramba, eu não sei em que festa que ela foi, mas eu quero ir nessa festa”.
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Aristóteles: “O melhor é sair da vida como de uma festa, nem sedento nem bêbado”.
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Machado de Assis: “O sonho é uma festa do espírito”.
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Cecília Meireles: “Adestrei-me com o vento e minha festa é a tempestade”.
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Eduardo Galeano: “A Igreja diz: o corpo é uma culpa. A Ciência diz: o corpo é um máquina. A Publicidade diz: o corpo é um negócio. E o corpo diz: eu sou uma festa”.
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Ariano Suassuna: “Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa”.
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Gabriel García Márquez: “Se tem uma coisa que eu detesto neste mundo são as festas obrigatórias em que as pessoas choram porque estão alegres, os fogos de artifício, as musiquinhas chochas, as grinaldas de papel de seda que não têm nada a ver com um menino que nasceu há 2 mil anos num estábulo indigente”.
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Honoré de Balzac: “Devemos oferecer ao povo festas barulhentas; os tolos adoram barulhe e as massas são tolas”.
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Lorenzo de Médici: “Pão e festas mantêm o povo quieto”.
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Jim Carrey: “Eu fico acordado até tarde, não porque frequento festas, mas porque essa é a única hora do dia em que eu fico sozinho e posso ser eu mesmo”.
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Ozzy Osbourne: “Eu sou um viciado em Rock’n Roll. O motivo porque tantos tomam drogas e se ferram é que queremos que a festa continue. Mas isso é realmente o fundo do poço se comparado a um bom show de rock”.
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Nelson Sargento: “Rico dá festa e diz: você leva a bebida. É um sinal dos novos tempos. Pobre é que tem a mania de bancar tudo”.
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Caio Fernando Abreu: “Mas de que adianta sair para festa e voltar pra casa sempre com o coração vazio?”.
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Marilyn Monroe: “Viver sozinha é como estar numa festa onde ninguém olha para ti”.
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Narcisa Tamborindeguy: “Ser socialite não me trouxe nada positivo. Só convivi com gente interesseira, que me usava para animar a festa e não me pagava cachê”.
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Otto Von Bismarck: “A política não se faz com discursos, festas populares e canções; ela faz-se apenas com sangue e ferro”.
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Cazuza: “Sonhar só não dá em nada, é uma festa na prisão”.
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Nietzsche: “Para muitos, pensar e escrever é uma tarefa fastiosa. Para mim, nos meus dias felizes, uma festa e uma orgia”.
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Ana Carolina: “Às vezes eu me escondo, me faço difícil, eu camuflo meus sentimentos, só para me fazer forte. Quando na verdade dentro de mim há uma festa de sentimentos”.
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Carmen Sylva: “A felicidade é um aroma, um ruído de festa; leva-os o vento e despedaçam-se as cordas”;
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Tati Bernardi: “Por mais feliz que eu seja, a festa é sempre pela metade”.
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Tati Bernardi, de novo: “É como Doritos Nacho. Não tenho coragem de levar pra casa, mas se tiver numa festa eu como”.
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Murilo Mendes: “Festa familiar em outubro nós fizemos – que animação! Um piquenique com carabinas”.
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David Brown: “Nunca seja o primeiro a chegar a uma festa ou o último a sair e, principalmente nunca seja os dois”.
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Papa Alexandre: “Toda festa é uma loucura de muitos para a satisfação de poucos”
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Provérbio italiano: “Toda festa tem seus malucos”.
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Outro provérbio italiano: “Sem tolos não há festa”.
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Mario Quintana: “Frases felizes… Frases encantadas… Ó festa dos ouvidos! Sempre há tolices bem ornadas…. Como há pacóvios bem vestidos”.
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Margaret Atwood: “Você deve agir como se estivesse se divertindo muito e como se todo dia fosse uma festa”.
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Ditado popular: “Em festa de jacu, nhambu não pia”.
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Lênin: “As revoluções são as festas dos oprimidos e dos explorados”.
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Danuza Leão: “Nada mais me impressiona. Eu já fui a todas as festas”.
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Provérbio árabe: “Levaram o asno para a festa de casamento: ele começou a zurrar e pedir que o carregassem com os fardos de sempre”.
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Fernando Pessoa: “Lá fora passarão civilizações, escacharão revoltas, turbilhonarão festas, correrão mansos quotidianos povos… E nós, ó meu amor irreal, teremos sempre o mesmo gesto inútil, a mesma existência falsa”.
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Eu: “O que é bom para uns… Alguém já perguntou aos perus o que eles acham das festas de Natal?”.
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Provérbio italiano: “Tem que aceitar o mundo como ele vem e comemorar quando ele cair”.
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Eugene Walter: “Quando tudo desmoronar, dê uma festa”.
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Mouzar Benedito, jornalista, nasceu em Nova Resende (MG) em 1946, o quinto entre dez filhos de um barbeiro. Trabalhou em vários jornais alternativos (Versus, Pasquim, Em Tempo, Movimento, Jornal dos Bairros – MG, Brasil Mulher). Estudou Geografia na USP e Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo. É autor de muitos livros, dentre os quais, publicados pela Boitempo, Ousar Lutar (2000), em coautoria com José Roberto Rezende, Pequena enciclopédia sanitária (1996), Meneghetti – O gato dos telhados (2010, Coleção Pauliceia) e Chegou a tua vez, moleque! (2021, Editora Limiar). Colabora com o Blog da Boitempo mensalmente.
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