A informação como principal ativo econômico do capitalismo contemporâneo
Fábio Palácio comenta “O valor da informação”, de Marcos Dantas, Denise Moura, Gabriela Raulino e Larissa Ormay, destacando que a obra lança nova luz sobre a teoria marxista do valor-trabalho a partir da compreensão da informação como principal ativo econômico do capitalismo contemporâneo.
Por Fábio Palácio
A incorporação da tecnologia como força produtiva, a partir das revoluções técnico-científicas e, em especial, da Terceira Revolução Industrial, colocou a informação no centro da problemática econômica. Que tipo de trabalho a produz? De onde vem o valor que incorpora? Trata-se de uma mercadoria como outras ou de um bem compartilhado? Qual é o papel das plataformas digitais no processo de valorização do capital? Por que os conglomerados financeiros detentores dessas plataformas estão entre os mais ricos do planeta?
Em torno dessas questões giram os capítulos de O valor da informação. Seus autores expõem as formas pelas quais o capital se apropria da informação – uma riqueza intangível, de natureza heurística, que só existe como pura atividade e relação sujeito-objeto. Essa riqueza, produzida sob as formas da ciência e da tecnologia, das artes e dos esportes, manifesta-se sob a forma do espetáculo, definido como “modo de existência da produção e do consumo no capital-informação”.
A abordagem lança nova luz sobre a teoria marxista do valor-trabalho. Reportando-se a Marx, o livro mostra que, como já dissera Walter Benjamin, o autor de O capital soube conferir à sua investigação valor de prognóstico. Ao analisar as relações fundamentais do capitalismo, Marx conseguiu, se não prever, ao menos vislumbrar, em seus traços gerais, as tendências futuras do sistema. É o que surge claro de conceitos marxianos como o de general intellect, ricamente examinado em O valor da informação.
Se no tempo de Marx, contudo, informação e cultura ainda viviam, em larga medida, a salvo das emanações do mercado, hoje se encontram sujeitadas a processos de acumulação que revelam a presença tentacular das relações capitalistas. É quando o capital, ao embrenhar-se por todos os poros da vida social, enseja modelos de apropriação como os direitos de propriedade intelectual e as licenças de acesso. Revestidos de novos traços, esses modelos remontam, contudo, a formas mais antigas, como a renda diferencial da terra.
Na tentativa de estender os limites naturais da jornada de trabalho, expandindo possibilidades de extração de mais-valor, o capitalismo se imiscui no tempo livre e nos espaços de fruição. Faz isso por meio da privatização maciça dos processos informacionais, agora inseridos na lógica da monetização de todos os aspectos da vida.
Como o leitor constatará, O valor da informação é uma fértil contribuição ao entendimento da informação como principal ativo econômico no contexto do capitalismo contemporâneo. Realidade que emerge cristalina de uma das frases síntese da obra: “O capital é a rede”.
***
O valor da informação, de Marcos Dantas, Denise Moura, Gabriela Raulino e Larissa Ormay, é um estudo inédito e provocador que examina três grandes processos em curso na sociedade capitalista contemporânea: a apropriação do conhecimento pelos direitos de propriedade intelectual, a geração de valor por trabalho não pago dos usuários nas plataformas e redes sociais da internet e a produção e apropriação de rendas informacionais por meio do espetáculo audiovisual, com foco nos grandes campeonatos de futebol.
Com a ótica da teoria marxiana do valor-trabalho aplicada à teoria da informação, os autores apresentam temas extremamente atuais e com o mérito de unir uma teoria tradicional e consagrada a práticas absolutamente modernas – um tema já tratado de forma esparsa por outros autores, mas pela primeira vez reunido de forma consistente e aprofundada numa única publicação.
Entre outras considerações, é colocada uma questão central para reflexão: a informação é uma mercadoria? Nos três eixos da obra, são expostos os grandes conglomerados empresariais, suportados pelo capital financeiro, que comandam o trabalho de artistas, cientistas e mesmo da sociedade em geral, por meio da apropriação do mais-valor que geram graças à constante troca de informações.
O valor da informação: de como o capital se apropria do trabalho social na era do espetáculo e da internet, de Marcos Dantas, Denise Moura, Gabriela Raulino e Larissa Ormay é o livro de julho do Armas da crítica, o clube do livro da Boitempo. Assine até o dia 15 de julho para garantir em primeira mão seu exemplar e todos os benefícios do nosso clube do livro:
📙📱 Um lançamento antecipado da editora por mês, em versão impressa e e-book
🎁 Brinde + marcador + adesivo
📰 Guia de leitura no Blog da Boitempo
📺 Vídeo antecipado na TV Boitempo
🛒 30% de desconto sobre os livros em nossa loja virtual
📖 Duas vezes ao ano, além do livro do mês, são enviadas também as novas edições da Margem Esquerda, nossa revista semestral
🗣️ 30% de desconto na assinatura do streaming de cursos da Kope + 99% de desconto no curso “Soluções para o Brasil”, com Guilherme Boulos
Na próxima quarta-feira (06/07), às 15h, teremos o lançamento antecipado de O valor da informação, com debate entre Marcos Dantas, Denise Moura, Gabriela Raulino, Larissa Ormay e Rafael Grohmann (mediação), na TV Boitempo:
***
Fábio Palácio é jornalista, doutor em Ciências da Comunicação (ECA-USP) e professor no Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Boa noite! Tem como comprar sem assinar? Podem me mandar o link?
CurtirCurtir
Olá, Glauber! Para comprar o livro sem assinar o clube é preciso esperar ele ser lançado em nossa loja virtual no próximo mês. É só ficar de olho neste link: https://www.boitempoeditorial.com.br/
CurtirCurtir