Para conhecer György Lukács

Confira nossa seleção de conteúdos para conhecer e se aprofundar na obra de György Lukács, amplamente considerado o maior filósofo marxista do século XX.

György Lukács nasceu em 13 de abril de 1885 em Budapeste, Hungria. Doutorou-se em ciências jurídicas e depois em filosofia pela Universidade de Budapeste. No fim de 1918, aderiu ao Partido Comunista e, no ano seguinte, foi designado vice-comissário do povo para a Cultura e a Educação Popular. 

Em 1933, mudou-se para Moscou, onde desenvolveu intensa atividade intelectual. Em 1945, retornou à Hungria e assumiu a cátedra de Estética e Filosofia da Cultura na Universidade de Budapeste. Morreu em sua cidade natal, em 1971, em plena atividade e empenhado na organização de uma ação internacional de intelectuais para a libertação de Angela Davis.

Foi um dos mais influentes filósofos marxistas do século XX. Seus estudos no campo marxiano estiveram relacionados à estética e aos princípios humanizadores da atividade artística e literária, além da elaboração de uma ética marxista. 

Dele, a Boitempo publicou Prolegômenos para uma ontologia do ser social (2010), O romance histórico (2011), Lênin (2012), Para uma ontologia do ser social I (2012), Para uma ontologia do ser social II (2013), Reboquismo e dialética (2015), Marx e Engels como historiadores da literatura (2016), O jovem Hegel e os problemas da sociedade capitalista (2018), Essenciais são os livros não escritos (2020) e Goethe e seu tempo (2021).


Já conhece a Biblioteca Lukács?

Desde 2010, a Biblioteca Lukács, sob coordenação de José Paulo Netto com colaboração de Ronaldo Vielmi Fortes, com o trabalho de tradutores de competência comprovada, de revisores técnicos de alto nível e com subsídios de intelectuais destacados, vem avançando a missão de divulgação para o leitor brasileiro do pensamento daquele que foi o maior filósofo marxista do século XX. O diferencial destas obras consiste na tradução, que se vale dos originais alemães, devidamente autorizada pelos detentores dos direitos autorais.

A Boitempo não se propõe entregar ao leitor de língua portuguesa as obras completas de Lukács, como também não ambiciona elaborar – no sentido estrito – edições críticas. O projeto em curso ousa oferecer o essencial do pensamento lukacsiano em traduções confiáveis e dignas de crédito, posto que se conhecem a complexidade e a dificuldade da tarefa de verter textos tão densos, substanciais e polêmicos.

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Prolegômenos para uma ontologia do ser social
Partindo da premissa marxiana de que a realidade deve ser não somente analisada e compreendida mas principalmente transformada, ao redigir Prolegômenos para uma ontologia do ser social: questões de princípios para uma ontologia hoje tornada possível, Lukács tinha nos ombros o peso de uma série de desilusões e derrotas da esquerda no período posterior à Revolução de 1917. Buscava partir de Marx para reformular as perspectivas revolucionárias de então, apontando respostas aos impactos que o stalinismo causara no projeto comunista. Certamente aqueles que ainda se preocupam com uma atuação social transformadora não podem deixar de analisar esta importante contribuição para o pensamento revolucionário. O livro tem apresentação e notas de Ester Vaisman e Ronaldo Vielmi Fortes, posfácio de Nicolas Tertulian e texto de orelha de José Paulo Netto.

O romance histórico
Escrito em 1936-37, O romance histórico de György Lukács é considerado o trabalho mais significativo do filósofo nos anos de exílio na União Soviética. Inédito em português, o livro traz textos preparatórios para uma “estética marxista”. Nele, o filósofo húngaro amadurece os fundamentos da sua teoria dos gêneros literários com uma abordagem materialista da história da literatura moderna e investiga a natureza da interação entre o espírito histórico e a grande literatura: correntes, ramificações e pontos de confluência que, do ponto de vista da teoria, são característicos e imprescindíveis. O livro tem apresentação de Arlenice Almeida da Silva e texto de orelha de Carlos Eduardo Ornelas Berriel.

Lênin: um estudo sobre a unidade de seu pensamento
Quando escreveu essa obra, Lukács considerava que uma exposição digna da totalidade da obra e história de Lênin ainda carecia de material suficientemente completo para sua realização e deveria ser situada no mínimo no contexto histórico dos trinta ou quarenta anos anteriores. Sem tal pretensão, sua obra Lênin: um estudo sobre a unidade de seu pensamento aponta em linhas gerais a relação entre a teoria e a práxis do líder revolucionário a partir do sentimento de que tal unidade ainda não estava clara o suficiente, nem mesmo na consciência de muitos comunistas. Escrito em 1924, logo após a morte de Lênin, o livro é fruto do fascínio do filósofo húngaro pela personalidade dessa figura histórica. O livro tem apresentação e notas de Miguel Vedda e texto de orelha de Carlos Nelson Coutinho.

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Para uma ontologia do ser social I e II
György Lukács é um dos maiores expoentes do pensamento humanista do século XX e Para uma ontologia do ser social é a mais complexa sistematização filosófica de seu tempo. Considerada uma das mais importantes obras do filósofo húngaro, concebida no curso dos anos 1960, a Ontologia (como se tornou conhecida) significa o salto daquela intuída à ontologia filosoficamente fundamentada nas categorias mais essenciais que regem a vida do ser social, bem como nas estruturas da vida cotidiana dos homens. O primeiro volume tem apresentação de José Paulo Netto e tradução direta do alemão por Mario Duayer e Nélio Schneider, acrescida da tradução de Carlos Nelson Coutinho, introdutor de Lukács no Brasil e profundo conhecedor de sua obra, baseada na edição italiana, minuciosa revisão técnica de Ronaldo Vielmi Fortes, auxiliado por Ester Vaisman e Elcemir Paço Cunha e texto de orelha de Maria Orlanda Pinassi. Já o segundo volume tem prefácio de Guido Oldrini, orelha de Ricardo Antunes e tradução direta do alemão por Nélio Schneider, com colaboração de Ivo Tonet e Ronaldo Vielmi Fortes. O texto contou também com uma minuciosa revisão da tradução por Nélio Schneider e revisão técnica de Ronaldo Vielmi Fortes.

Reboquismo e dialética: uma resposta aos críticos de História e consciência de classe
Escrito, provavelmente entre 1925 e 1926, para responder pontualmente as críticas a História e consciência de classe (1923), Reboquismo e dialética permaneceu inédito por muitos anos, e o próprio autor jamais se referiu a ele, até que o manuscrito foi descoberto nos arquivos de Moscou e publicado em 1996. Neste breve livro, György Lukács parte da teoria marxiana, passa pela função do sujeito no processo de desenvolvimento histórico e problematiza a consciência de classe ao refutar a ideia de que ela seja somente um estado psicológico desatrelado da materialidade, argumento a que ele responde apresentando formas de mediação da práxis para chegar a uma real emancipação do ser social. O livro tem tradução e notas de Nélio Schneider, revisão técnica de Ronaldo Vielmi Fortes, apresentação e notas de László Illés, prefácio de Michael Löwy, posfácio de Nicolas Tertulian e texto de orelha de Antonio Carlos Mazzeo.

Marx e Engels como historiadores da literatura
Marx e Engels se ocuparam a fundo dos problemas da arte e da literatura, mas não chegaram a publicar escritos abordando o tema de maneira sistemática. Nesta obra, o filósofo húngaro György Lukács realiza um trabalho magistral de destrinchar e examinar o tratamento que os fundadores do marxismo dedicaram ao tema da estética. Referência fundamental para pensar o imbricamento entre estética e política, os escritos reunidos em Marx e Engels como historiadores da literatura revelam a percepção inaugural que o pensador húngaro tem da estética marxista. O livro tem tradução e notas de Nélio Schneider com revisão técnica e notas de José Paulo Netto e Ronaldo Vielmi Fortes, prefácio de Hermenegildo Bastos e orelha de Ranieri Carli.

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O Jovem Hegel
Concluído no final de 1938 e publicado uma década depois, O jovem Hegel é um dos trabalhos filosóficos mais importantes de György Lukács. Mereceu, ao longo dos anos, importantes edições em diversos idiomas. Ao se debruçar sobre as obras juvenis do filósofo alemão, Lukács resgata os momentos de construção do pensamento que veio a se tornar a expressão mais ampla e mais completa do pensamento burguês. Ao mesmo tempo que propõe uma análise de rigor da fase juvenil de Hegel, o autor denuncia a decadência ideológica da burguesia, que renuncia à grandeza racionalista do sistema filosófico hegeliano em prol das tendências irracionalistas, que passam a vigorar a partir do século XX. Trata-se de uma obra fundamental tanto para a biografia intelectual de Lukács quanto para a recepção de Hegel nos séculos XIX e XX. O livro tem tradução de Nélio Schneider, revisão técnica e notas de José Paulo Netto e Ronaldo Vielmi Fortes e texto de orelha de Bernard H. Hess.

Essenciais são os livros não escritos: últimas entrevistas (1966-1971)
Conjunto inédito de entrevistas concedidas pelo filósofo húngaro em seus últimos anos de vida, de 1966 a 1971, a nova obra da coleção Biblioteca Lukács oferece ao leitor temas que vão desde questões relativas a ontologia, estética, política e cultura – passando pela autocrítica de sua produção intelectual – até uma defesa da necessidade da retomada do pensamento marxiano para além das experiências socialistas do século XX. O livro tem organização, tradução e notas de Ronaldo Vielmi Fortes, apresentação de Ronaldo Vielmi Fortes e Alexandre Aranha Arbia e texto de orelha de Anderson Deo.

Goethe e seu tempo
Em Goethe e seu tempo, Lukács se debruça sobre a obra de Johann Wolfgang von Goethe em um conjunto de cinco ensaios escritos durante a década de 1930. Considerado um dos pontos culminantes da literatura humanista burguesa, Goethe tem sua trajetória esmiuçada e contraposta à de outros contemporâneos seus, em uma análise engajada do grande romance moderno e de seu conteúdo progressista. Os dois primeiros textos tratam de obras específicas de Goethe e sua construção, ao passo que os três seguintes discutem o contexto social e literário no qual o escritor estava imerso, propondo percepções originais a respeito das motivações, contradições e desafios enfrentados por sua obra. O livro tem tradução de Nélio Schneider com a colaboração de Ronaldo Vielmi Fortes, revisão da tradução de José Paulo Netto e Ronaldo Vielmi Fortes. apresentação de Miguel Vedda e texto de orelha de Ronaldo Vielmi Fortes.

Acesse  aqui  o guia de leitura de Goethe e seu tempo, livro 10 do clube do livro da Boitempo, o Armas da crítica.


Para conhecer a estética do jovem Lukács

Em Estética da resistência, Arlenice Almeida da Silva, professora de estética e filosofia da arte na Unifesp, examina os primeiros escritos estéticos de György Lukács. Com base em ensaios, cartas, diários e manuscritos inacabados de Lukács, escritos entre 1908 e 1918, a autora demonstra a atualidade e a relevância da primeira estética do filósofo húngaro, buscando preencher uma lacuna nos estudos sobre essa fase do pensamento lukacsiano no Brasil.

Confira também o debate sobre Estética da resistência e Goethe e seu tempo com Arlenice Almeida e Jorge de Almeida, mediação de Ronaldo Vielmi Fortes:


Por que ler Lukács hoje?

José Paulo Netto, coordenador da Biblioteca Lukács na Boitempo, defende a importância de se debruçar sobre a obra do filósofo marxista húngaro hoje.


Quer se aprofundar na obra de Lukács?

Confira o Curso Livre Lukács, composto por 10 aulas abertas apresentadas por alguns dos maiores estudiosos da obra lukacsiana no Brasil.


Para entender o marxismo de Lukács

Veja esta aula de Ana Cotrim no VI Curso Livre Marx-Engels.


As últimas entrevista de Lukács

Debate com Ester Vaisman e Ronaldo Vielmi Fortes, mediação de Bianca Imbiriba Bonente sobre Essenciais são os livros não escritos: últimas entrevistas (1966-1971)


Leia no Blog da Boitempo:
As últimas entrevistas de Lukács, por Anderson Deo
O testamento filosófico de Lukács, por Nicolas Tertulian
A recepção de Lukács no Brasil, por Celso Frederico
Theodor W. Adorno versus György Lukács: duas leituras de Balzac, por Bruna Della Torre
O Goethe de Lukács, por Ronaldo Vielmi Fortes
Ética e estética no jovem Lukács, por Ricardo Musse

1 comentário em Para conhecer György Lukács

  1. A Boitempo precisa publicar A Destruição da Razão. A edição publicada pelo Instituto Lukacs se esgotou e eles não tem previsão de uma nova edição. Já que a revisão é da Ester Vaisman e do Ronaldo, negociem com o Coletivo Veredas ou os herdeiros do Instituto Lukacs.

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