Cultura inútil: a negação dos que deviam se tornar renegados
De Aristóteles a Albert Einstein, passando por Machado de Assis, Jesus Cristo, Virginia Woolf e Simone de Beauvoir, Mouzar Benedito faz uma seleção de frases sobre a negação.
Por Mouzar Benedito
“Fulano é uma negação”. Nunca mais ouvi isso. A frase revelava uma decepção total, uma conclusão sobre alguém absolutamente imbecil, ruim no que faz. Bom… merecedores dela é que não faltam hoje em dia, quando se fala em negacionismo, no sentido de escolha de negar a realidade como forma de escapar de uma realidade que incomoda. Em ciência é a rejeição de conceitos e conhecimentos básicos, incontestáveis, a favor de ideias radicais que não têm nada a ver com a realidade, o que acontece muito hoje em dia por pessoas que têm como fonte exclusiva de conhecimento crenças religiosas.
Mas tem a negação, às vezes, como sinônimo de não submissão, de oposição a um poder que tenta nos esmagar. Ou de uma proposta que se considera “indecorosa”. É o caso da palavra NEGO da bandeira paraibana. O governador João Pessoa rejeitava a continuidade da política do café com leite e não aceitou a candidatura presidencial de Júlio Prestes.
Mas essa negação que poderíamos chamar de “positiva”, diferentemente da negação de quem se comporta como rês de um rebanho irracional, do tipo que nega a realidade escancarada na sua cara.
Coletei frases sobre negação por aí…
Isaac Asimov: “Negar um fato é a coisa mais fácil do mundo. Muita gente faz isso, mas o fato continua sendo um fato”.
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Woody Allen: “Odeio a realidade, mas é o único lugar onde se pode comber um bom filé”.
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Friedrich Hegel: “Todo o racional é real; e todo o real é racional”.
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Sándor Márai: “A realidade não é o mesmo que a verdade — respondeu o general. — A realidade são só detalhes”.
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Antônio Machado. “Fuja de cenários, púlpitos, plataformas e pedestais. Nunca perca contato com o solo; porque só assim terás uma ideia aproximada de vossa estatura”.
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Philip K. Dick: “A realidade é aquilo que, embora deixes de acreditar nisso, segue existindo e não desaparece”.
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Bakunin: “A liberdade de outro, longe de ser um limite ou a negação de minha liberdade, é, ao contrário, condição necessária de sua confirmação”.
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Bakunin, de novo: “A moral divina é a negação absoluta da moral humana”.
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Bakunin, mais uma vez: “O Estado é a negação da humanidade”.
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Juan Bautista Alberdi: “A onipotência do Estado é a negação da liberdade individual”.
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John Katzenbach: “Por que é tão difícil compreender o quanto é poderosa a capacidade de negação que nós todos temos? Nunca queremos crer no pior”.
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Dan Brown: “A mente humana tem um mecanismo primitivo de autodefesa que nega todas as realidades que produzem demasiado estresse para o cérebro as manobre. Chama-se negação”.
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Anônimo: “A negação é o argumento favorito da ignorância; na verdade, seu único argumento”.
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Albert Einstein: “Em Lênin admiro o homem que pôs em jogo todo seu poder, com uma completa negação de sua pessoa, para a realização da justiça social. Seu método não me parece oportuno. Mas é certo que homens como ele são sentinelas e renovadores da consciência da humanidade”.
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Francisco Garzon Céspedes: “A consciência do futuro não pode ser a negação do passado”.
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Gabriel Rolón: “O desespero leva a um mecanismo de defesa que se chama negação […]. A pessoa tende a negar quando não pode aceitar o que lhe dói”.
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Henri-Frédéric Amiel: “A crítica convertida em sistema é a negação do conhecimento e da verdadeira consideração das coisas”.
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Simone de Beauvoir: “O homem não é uma pedra nem uma planta, e não pode justificar-se a si mesmo sua mera presença no mundo. O homem é homem só por sua negação a permanecer passivo, pelo impulso que o projeta do presente para o futuro e o dirige para coisas com o propósito de dominá-las e dar-lhes forma. Para o homem, existir significa remodelar a existência. Viver é a vontade de viver”.
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Paul Valéry: “O estado de espírito de negação precede frequentemente a ocasião do negar. Antes que tenhas falado, se me és antipático, a minha negação está pronta, digas o que disseres – pois é a ti que eu nego”.
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Honoré de Balzac: “É tão natural destruir o que não se pode possuir, negar o que não se compreende, insultar o que se inveja”.
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Blaise Pascal: “O homem está sempre disposto a negar tudo aquilo que não compreende”.
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Pascal, de novo: “A razão, por mais que grite, não pode negar que a imaginação estabeleceu no homem uma segunda natureza”.
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Jean-Jacques Rousseau: “Tudo crer é de um ingênuo. Tudo negar é de um tolo”.
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Virginia Woolf: “É muito mais difícil matar um fantasma do que matar uma realidade”.
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Bertolt Brecht: “Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la”.
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Eduardo Galeano: “A primeira condição para modificar a realidade consiste em conhecê-la”.
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André Gide: “Posso negar da realidade de tudo, mas não da realidade da minha dúvida”.
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T. S. Elliot: “A raça humana não pode suportar muita realidade”.
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Albert Einstein: “Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”.
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Clarice Lispector: “Eu não: quero é uma realidade inventada”.
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Clarice Lispector, de novo: “Eu não sou uma sonhadora. Só devaneio para alcançar a realidade”.
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Erich Fromm: “Saber significa ver a realidade em sua nudez”.
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Jesus Cristo: “Se, pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou Ei-lo aí! não crediteis; porque há de surgir falsos Cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fôra, enganariam até os escolhidos”.
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Machado de Assis: “É melhor, muito melhor, contentar-se com a realidade; se ela não é tão brilhante como nos sonhos, pelo menos tem a vantagem de existir”.
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Sigmund Freud: “Às vezes um pepino é somente um pepino”.
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Aristóteles: “O começo de todas as ciências é o espanto de as coisas serem o que são”.
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Renato Russo: “Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito”.
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Simone Weil: “Os mistérios da fé são degradados se transformados em objetos de afirmação e negação, quando na realidade deveriam ser objetos de contemplação”.
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Al Gore: “Existe a tendência natural à qual todos nós somos vulneráveis de negar realidades desagradáveis e procurar qualquer desculpa para afastá-las e resolver pensar nelas outro dia no futuro”.
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Ingmar Bergman: “A vida pode ser boa, mesmo que a realidade não seja”.
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Mouzar Benedito, jornalista, nasceu em Nova Resende (MG) em 1946, o quinto entre dez filhos de um barbeiro. Trabalhou em vários jornais alternativos (Versus, Pasquim, Em Tempo, Movimento, Jornal dos Bairros – MG, Brasil Mulher). Estudou Geografia na USP e Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo. É autor de muitos livros, dentre os quais, publicados pela Boitempo, Ousar Lutar (2000), em coautoria com José Roberto Rezende, Pequena enciclopédia sanitária (1996), Meneghetti – O gato dos telhados (2010, Coleção Pauliceia) e Chegou a tua vez, moleque! (2021, Editora Limiar). Colabora com o Blog da Boitempo mensalmente.
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