Quem é Angela Davis?

Conheça Angela Davis, ícone dos movimentos negro e feminista e da luta pelos direitos civis. Não perca os descontos de até 40% em obras escritas por ou sobre mulheres no #8M da Boitempo!

Angela Yvonne Davis nasceu em 26 de janeiro de 1944 na cidade de Birmingham, no estado do Alabama, Estados Unidos. À época, sua cidade sofria com a política de segregação racial implantada na maioria dos estados do sul dos Estados Unidos, além de ataques perpetrados por brancos contra negros. Seus pais eram professores e participavam de movimentos antirracistas como a NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor), além de terem como amigos próximos integrantes do Partido Comunista. Portanto, Davis cresceu vendo as ações da organização Ku Klux Klan acontecerem, mas também viu exemplos de resistência em sua família, o que fez com que desde cedo tivesse sua trajetória marcada pela luta em prol dos direitos civis dos negros.

Aos 15 anos, Davis ganhou uma bolsa para estudar na Elisabeth Irwin High School em Nova York, entrando em contato com as teses do marxismo e comunismo e passando a integrar uma organização marxista-leninista para jovens chamada Advance (Progresso), próxima ao Partido Comunista.

Em 1961, Davis ingressou na Universidade de Brandeis, Massachusetts, para estudar Literatura Francesa e consegue uma bolsa de estudos de um ano para estudar na Sorbonne, em Paris. Na França, se interessou por textos existencialistas de Sartre e pela fenomenologia de Merleau-Ponty. Esse interesse pela filosofia faz com que, em seu retorno aos Estados Unidos, Davis procurasse o professor Herbert Marcuse, que a orientou até o fim da graduação.

No início dos anos 1960 se filou ao Student Nonviolent Coordinating Committee (SNCC), uma organização antirracista fundada pelo ativista negro Stokely Carmichael que tinha como princípios a resistência pacífica, ideal de luta também defendido por Martin Luther King. Com o tempo, a SNCC deixou de existir e tanto Carmichael quanto Davis aderiram a um estilo mais radical de luta pelos direitos, filiando-se ao Partido dos Panteras Negras, mais tarde conhecido como Movimento dos Panteras Negras.

Ao se formar, em 1965, Davis foi para a Alemanha para fazer uma pós-graduação em Filosofia sob orientação do professor Theodor Adorno na Universidade Goethe, em Frankfurt. Retornou aos EUA em 1967 e se envolveu em diversas atividades voltadas ao ativismo político e direitos da população negra. No ano seguinte, filiou-se oficialmente ao Partido Comunista e se tornou professora assistente do Departamento de Filosofia da Universidade da Califórnia. Devido à filiação ao PC, sofreu dura perseguição política na universidade e também por parte do governador Ronald Reagan, até ser demitida em 1969.

Sua atuação e envolvimento no movimento negro levaram não só à demissão, mas também a injustas e infundadas acusações de assassinato, sequestro e conspiração, que fizeram com que Davis integrasse a lista dos dez mais procurados pelo FBI. A prisão de Davis, que durou 16 meses, mobilizou o mundo inteiro através da campanha feita pelo Comitê Libertem Angela Davis e Todos os Presos Políticos, até que ela fosse inocentada de todas as acusações.

Após conquistar sua liberdade, Davis dedicou-se ao ativismo, especialmente à luta pelo abolicionismo penal. Em 1980 e 1984 foi candidata a vice-presidente da República. Em 1994 retornou à Universidade da Califórnia como professora especialista nos estudos de raça e gênero, filosofia, teoria crítica, abolicionismo penal e feminismo negro, tornando-se professora emérita. Ícone da luta pelos direitos civis e autora de vários livros, sua vida e obra são marcadas por um pensamento que visa romper com as assimetrias sociais.

No Brasil tem publicadas as obras Mulheres, raça e classe (2016), Mulheres, cultura e política (2017), A liberdade é uma luta constante (2018) e Uma autobiografia (2019), todas pela Boitempo.

Para saber mais sobre a autora, confira aqui no Blog da Boitempo:
Carta aberta ao Partido Comunista, por Angela Davis
A potência de Sojourner Truth, por Angela Davis
Construindo o futuro da luta contra o racismo, por Angela Davis
Cultura e política na obra de Angela Davis, por Vilma Reis
O marxismo de Angela Davis, por Silvio Almeida
As ideias imprescindíveis de Angela Davis, por Rosane Borges
A liberdade é uma luta constante, por Conceição Evaristo
A utopia de Angela Davis, por Djamila Ribeiro
Dialética negativa e radicalismo negro: Angela Davis nos anos 1960, por Raphael F. Alvarenga


Mulheres, raça e classe, de Angela Davis

Obra fundamental para se entender as nuances das opressões. Davis Começa o livro tratando da escravidão e de seus efeitos, da forma pela qual a mulher negra foi desumanizada, demonstrando a impossibilidade de se pensar um projeto de nação que desconsidere a centralidade da questão racial, já que as sociedades escravocratas foram fundadas no racismo. Além disso, a autora mostra a necessidade da não hierarquização das opressões, ou seja, o quanto é preciso considerar a intersecção de raça, classe e gênero para possibilitar um novo modelo de sociedade. Davis também apresenta o debate sobre o abolicionismo penal como imprescindível para o enfrentamento do racismo institucional e denuncia o encarceramento em massa da população negra como mecanismo de controle e dominação.

Mulheres, cultura e política, de Angela Davis

Nessa compilação de discursos e artigos, a ativista política Angela Davis apresenta um balanço de sua luta por uma mudança social progressista. Dividida em três eixos temáticos, “Sobre as mulheres e a busca por igualdade e paz”, “Sobre questões internacionais” e “Sobre educação e cultura”, a obra aborda as mudanças políticas e sociais pelas quais o mundo passou nas últimas décadas em relação à igualdade racial, sexual e econômica.

A liberdade é uma luta constante, de Angela Davis

Ampla seleção de seus artigos, discursos e entrevistas recentes realizados em diferentes países entre 2013 e 2015, organizados pelo militante dos direitos humanos Frank Barat. Os textos trazem reflexões sobre como as lutas históricas do movimento negro e do feminismo negro nos Estados Unidos e a luta contra o apartheid na África do Sul se relacionam com os movimentos atuais pelo abolicionismo prisional e com a luta anticolonial na Palestina. Além de sua reconhecida atuação política no combate ao racismo, Davis denuncia também o sexismo, demonstrando de forma muito objetiva a relação entre a violência contra a mulher e a violência do Estado.

Uma autobiografia, de Angela Davis

Lançada originalmente em 1974, a obra é um retrato contundente das lutas sociais nos Estados Unidos durante os anos 1960 e 1970 pelo olhar de uma das maiores ativistas de nosso tempo. Davis, à época com 28 anos, narra a sua trajetória, da infância à carreira como professora universitária, interrompida por aquele que seria considerado um dos mais importantes julgamentos do século XX e que a colocaria, ao mesmo tempo, na condição de ícone dos movimentos negro e feminista e na lista das dez pessoas mais procuradas pelo FBI. A falsidade das acusações contra Davis, sua fuga, a prisão e o apoio que recebeu de pessoas de todo o mundo são comentados em detalhes por essa mulher que marcou a história mundial com sua voz e sua luta.

Os quatro livros estão na lista de descontos de 20 a 40% entre os dias 7 e 14 de março e também podem ser adquiridos em conjunto no combo Angela Davis.


Não perca o debate Gênero, raça e classe: pensamento feminista negro e interseccionalidade, com Angela Figueiredo, Nubia Regina Moreira e Letícia Parks (mediação), que faz parte da programação do 8 de março! Dia 10 de março às 14h, na TV Boitempo:


Playlist com todas as apresentações de Angela Davis no Brasil e vídeos sobre sua obra


Curso de Introdução ao pensamento de Angela Davis, com Raquel Barreto, Angela Figueiredo e Conceição Evaristo


Introdução a Angela Davis, com Raquel Barreto


Da reivindicação dos direitos da mulher ao feminismo marxista, confira a programação do #8M da Boitempo:

Da reivindicação dos direitos da mulher há 230 anos aos desafios do marxismo feminista com a ascensão do fascismo no Brasil e no mundo. O já tradicional #8M da Boitempo buscará apresentar o documento fundacional do feminismo, sua atualidade e seus limites, passando pelas origens do 8 de março na Rússia, pelos conceitos de patriarcado e reprodução social, pelas contribuições do feminismo negro às questões de gênero, raça e classe, com destaque para a interseccionalidade, até chegarmos às lutas feministas no Brasil contemporâneo. Ao longo de seis debates na TV Boitempo entre os dias 7 e 14 de março, apresentaremos as obras de Mary Wollstonecraft, Aleksandra Kollontai, Silvia Federici, Angela Davis, Patricia Hill Collins, Nancy Fraser Flávia Biroli.

Além da programação de debates na TV Boitempo, fizemos uma seleção de ebooks por até R$19,90 nas principais lojas do ramo, descontos de até 40% em livros escritos por ou sobre mulheres e combos arrasadores em nossa loja virtual:

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