Cultura inútil: Vaidade, quem não tem?
Mouzar Benedito reflete sobre a vaidade e faz uma seleção de sinônimos, ditados populares e frases de diferentes personalidades sobre o tema.
Por Mouzar Benedito
Em 2022 tem eleições para, entre outros cargos, presidente e governador. E me lembro de outras eleições.
Em quase todas elas, tudo quanto é político dizia que o Brasil estava atolado, numa péssima situação, praticamente sem saída, que o presidente a ser eleito iria ter uma tarefa inglória, uma vida duríssima. Como não gosto de sofrer, podia imaginar: “Então, ninguém vai querer se candidatar…”. Mas sempre tem um montão de gente querendo assumir essa tarefa terrível, ir pro sacrifício. Será masoquismo?
E os governadores que não tinham ou não têm dinheiro para encarar a pandemia que nos assola, pra fazer nada? Os que estão no cargo deveriam estar doidos para terminar o mandato e entregar o abacaxi pro próximo infeliz. Mas todos (ou quase) que podem se candidatar a mais um mandato tentam se reeleger, para choramingar mais quatro anos sobre sua infelicidade. Por que não largam o osso?
Eu sempre digo que há três motivos para alguém querer ocupar um cargo político desses.
Um deles, o mais propalado mas na verdade o mais raro, é o messianismo. O sujeito se julga um Messias, acha que vai salvar o povo. No discurso, muitos têm isso, mas na prática, são exceções raríssimas. Não estou me referindo ao “Messias” que assumiu a presidência e a missão diabólica de acabar com o Brasil. Mas, convenhamos: ele é considerado mesmo um “Messias”, por um bando de alucinados (adjetivo maneiro para eles).
O segundo motivo, presente em quase todos eles, é financeiro mesmo: grana lícita ou ilícita. Para uns, o salário garantido durante uns anos e a aposentadoria especial compensa. Mas para muitos é a possibilidade de enriquecer ou de aumentar sua fortuna, meter a mão, roubar o que puder ou mais ainda. Há quem julgue que esse tipo não vai ter muito sucesso daqui pra frente. Será? Eu não apostaria nisso. E isso vale não só para cargos executivos: um senador, deputado ou vereador, além de outras formas ilícitas de juntar dinheiro, pode amealhar parte dos salários dos funcionários do seu gabinete, por exemplo. E faz. Ou melhor ainda: tem funcionários fantasmas que nem veem a cor do dinheiro, o nobre parlamentar embolsa tudo. Tem uns e outros fazendo isso há décadas. Lembram-se? E o que acontece com eles?
O terceiro motivo tem que estar em todos os candidatos: a vaidade. Se a pessoa não tiver muita vaidade, não vai querer encarar uma situação em que fica tolhida de certas liberdades, não pode nem ter a necessidade humana de encher a cara de vez em quando. Pelo menos em público. Uma besteira que fale, vira escândalo. Uma chegada ao boteco da esquina é impensável. Uma paquera… Mas a presença cotidiana nas páginas dos jornais e do noticiário televisivo, os puxa-sacos tecendo elogios… Bem, isso todos (ou quase) querem. Bom, atualmente tem o cara que só fala e faz imbecilidades, aqui e no exterior, deixando nós brasileiros morrendo de vergonha, mas ele se orgulha disso.
Mas a vaidade não é comum só a TODOS os políticos. Cantores, atores, escritores, jornalistas, pintores, escultores, fotógrafos, chefs de cozinha, modistas, cientistas… Quem não gosta de ver sua obra elogiada? Vaidade! Normal, acho. E nas profissões mais “simples” também. Um barbeiro, um pintor de paredes, um marceneiro, uma cozinheira de boteco… Todos gostam que gostem do que fizeram. Normal, repito. E mais: é louvável que queiram ser elogiados e para isso façam bem seus trabalhos.
O duro é quando a vaidade é excessiva, toma conta do caráter e do comportamento das pessoas. A soberba!
Como digo também, a vaia é a antítese do aplauso. Então, quando ouvimos uma música que gostamos, aplaudimos. Vaiar é mostrar ao músico que não gostamos do que fez. Mas a vaia não é aceita, né? Assim como críticas “negativas”, não só a músicas, mas também a livros, peças de teatro, filmes…
Ah… Voltando aos candidatos a presidente, quem pegar o abacaxi pós-Bozo vai ter um trabalho do cão, de verdade. Vai precisar de muito messianismo e muita vaidade pra aguentar o tranco.
Sinônimos pouco (ou nada) louváveis
Se a gente procurar nos dicionários, vai encontrar sinônimos de vaidade como: pretensão, asnice, enfatuamento, vazio, qualidade do que é vão, firmado sobre uma aparência ilusória; avaliação muito lisonjeira que alguém tem de si mesmo; ânsia incontida de despertar admiração; ânsia de reclame; jactância, pavonada, ostentação, imodéstia, bazófia, prosápia, ufania, gabolice, janotismo, presunção, elogios em boca própria, solipsismo, filáucia, exibicionismo, orgulho, petulância, pedantismo, vanglória…
Já o adjetivo vaidoso tem sinônimos como: que se considera melhor, mais bonito, superior aos outros em alguma ou em todas as suas qualidades; empáfio, afetado, cabotino, pretensioso, pomadista, presumido, a ave de Juno, pavão, peru, presumido, parlapatão, micrólogo, sergeta, megalomaníaco, exibicionista, entufado, soberbão…
Ser vaidoso é namorar a si mesmo; não caber nas bainhas, trazer o rei na barriga, ter-se em grande conta, cobrir-se com penas de pavão, empavonar-se, atribuir-se ações que não praticou, gabar-se, jactar-se, julgar-se estrela quando não passa de um pirilampo, ter presunção, narcisar-se, desvanecer-se de si, encomoroçar-se, endeusar-se, empertigar-se, sair da concha, fiar muito em si, não caber no mundo, não se dignar descer de sua importância, ser cheio de vento…
Enfim, para o excessivamente vaidoso, tudo dele é melhor. Autoelogios são comuns na sua boca. Faz lembrar a frase “todos os seus patos são cisnes”.
Frases sobre vaidade e vaidosos
Caetano Veloso (na música Sampa): “Narciso acha feio o que não é espelho”.
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Millôr Fernandes: “Não ter vaidades é a maior de todas”.
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Millôr, de novo: “Não é segredo. Somos feitos de pó, vaidade e muito medo”.
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Jean de la Bruyere: “A falsa modéstia é o último requinte da vaidade”.
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Mark Twain: “Não há graus de vaidade, apenas graus de habilidade em disfarçá-la”.
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Mark Twain, de novo: “As mulheres que não são vaidosas na sua roupa de vestir são vaidosas de não serem vaidosas na sua roupa de vestir”.
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Michel Foucault: “O homem e a vaidade movem o mundo”.
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Massimo Azeglio: “A vaidade quer aplauso”.
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Leoni Kaseff: “A vaidade não aumenta o saber e realça a ignorância, sem saber”.
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Kaseff, de novo: “Os espíritos mesquinhos se consideram sempre acima de sua verdadeira condição”.
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Guerra Junqueiro: “A vaidade é um vício ruim, grama que se custa a deitar fora”.
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Clarice Lispector: “E como nasci? Por um quase. Podia ser outra. Podia ser um homem. Felizmente nasci mulher. E vaidosa. Prefiro que saia um bom retrato meu no jornal do que os elogios. Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Quase tudo”.
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Clarice Lispector, de novo: “Não é que eu queira estar pura da vaidade, mas preciso ter o campo ausente de mim para poder andar”.
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Picasso (falando de seus quadros): “Não existe um Picasso ruim, embora alguns Picassos não sejam tão geniais quanto outros”.
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Nietzsche: “É mais difícil ferir a nossa vaidade justamente quando foi ferido o nosso orgulho”.
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Nietzsche, de novo: “A vaidade dos outros só vai contra o nosso gosto quando vai contra a nossa vaidade”.
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Coelho Neto: “A vaidade é pérfida como a Iara que vive no fundo dos rios, atraindo, com o seu canto, os imprudentes”.
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Machado de Assis: “A vaidade, segundo a minha opinião, não é mais que a irradiação da consciência; a contração da consciência chamo eu modéstia”.
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Machado, de novo: “A vaidade é um princípio de corrupção”.
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Machado, mais uma vez: “Sempre há de haver quem nos gabe um pouco. Nem custa muito elogiar-se a gente a si mesma”.
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Ditado popular: “Elogio em boca própria é vitupério”.
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Aristóteles: “Elogiar-se é coisa de vaidoso; depreciar-se, de tolo”.
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Ditado popular: “No inferno há uma forca para quem não gaba o que é seu”.
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José de Alencar: “O elogio é um meio muito usado, mas sempre novo, de render homenagem à vaidade alheia”.
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Newton Rodrigues: “O governante que se preocupa demais com o espelho acaba vendo apenas a si próprio”.
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Flaubert: “Cheguei à firme convicção de que a vaidade é a base de tudo, e de que finalmente o que chamamos de consciência é apenas a vaidade interior”.
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Ditado popular: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”.
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Balzac: “Deve-se deixar a vaidade aos que não têm outra coisa para exibir”.
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Rachel de Queiroz: “Vaidade não é uma causa, vaidade é consequência daquela noção exaltada da nossa própria existência, fenômeno inefável e para sempre maravilhoso”.
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Ditado popular: “Presunção e água benta, cada qual toma o que quer”.
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Camilo Castello Branco: “A vaidade é um adorno das almas distintas, quando se não vangloria em deslumbrar a vaidade alheia”.
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Georg Christoph Lichtenberg: “Um sujeito apaixonado por si próprio leva pelo menos uma vantagem: não tem muitos rivais”.
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Joaquim Manuel de Macedo: “A vaidade é a mais comum, a mais fácil, a mais perigosa, e quase sempre a mais fatal paixão que se apodera da mulher”.
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Sacha Guitry: “A vaidade é o orgulho dos outros”.
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Madame de Staël: “O ciúme pertence mais à vaidade do que ao amor”.
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Franklin Roosevelt: “Nunca subestime um homem que se superestima”.
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Paul Valéry: “Agradar a si mesmo é orgulho; aos demais, vaidade”.
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Júlio Diniz: “Se a vaidade constituísse pecado capital, talvez que certa particularidade do paraíso muçulmano tivesse razão de ser”.
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Almeida Garrett: “Fatal vaidade, em que misérias, em que desvarios não despenhas os míseros mortais”.
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Tallulah Bankhead (quando idoso): “Já não se fazem espelhos como antigamente”,
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Gore Vidal: “Não há problema humano que não pudesse ser solucionado se as pessoas fizessem o que eu digo”.
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Gertrude Stein: “Só conheci três gênios na vida: Pablo Picasso, Alfred North Whitehead e Gertrude Stein”.
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Gertrude Stein, de novo: “Picasso e Matisse têm uma masculinidade própria dos gênios. Eu também”.
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Gertrude Stein, mais uma vez: “Jacques, reconheço que você não entende muito de literatura, mas, além de mim e Shakespeare, quem você acha que sobra?”.
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Stephen Leackock: “No exato minuto em que um homem se convence de que é interessante, ele deixa de sê-lo”.
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Ditado popular: “Há uma espécie de amor que não passa de vaidade satisfeita”
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Oscar Levant: “O que o mundo precisa é de mais gênios humildes. Hoje restam poucos de nós”.
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Marquês de Maricá: “O orgulho é próprio dos homens, a vaidade das mulheres”.
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Maricá, de novo: “O orgulho pode parecer algumas vezes nobre e respeitável. A vaidade é sempre vulgar e desprezível”.
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Maricá, mais uma vez: “A modéstia doura os talentos, a vaidade os deslustra”.
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Mário Quintana: “A modéstia é a vaidade escondida atrás da porta”.
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Nelson Rodrigues: “O sujeito que não se considera um gênio não deve se dedicar a fazer arte ou literatura”.
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Vassili Rozanov: “O que é um escritor? Crianças abandonadas, uma mulher esquecida, e vaidade, vaidade…”.
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Ditado popular: “Vaidade de pobre é defeito, e de rico é enfeite”
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Ditado popular: “Vaidade de rico é recurso de pobre”.
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Jonathan Swift: “Repetem-nos na escola: a vaidade é o prato dos parvos. Mas os sábios também condescendem em comer dele muitas vezes”.
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Blaise Pascal: “Somos tão presunçosos que desejaríamos ser conhecidos em todo o mundo… E tão vaidosos que a estima de cinco ou seis pessoas que nos rodeiam nos alegra e nos satisfaz”.
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Adam Smith: “O grande segredo da educação consiste em orientar a vaidade para os objetivos certos”.
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Albert Einstein: “O valor de um homem é determinado, em primeira linha, pelo grau e pelo sentido em que se libertou do seu ego”.
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Ernesto Sábato: “A vaidade é um elemento tão sutil da alma humana que a encontramos onde menos se espera: ao lado da bondade, da abnegação, da generosidade!”.
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Miguel Unamuno: “Foram sempre os poetas, homens apaixonados pela glória, a contar a vaidade desta”.
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Jane Austen: “A vaidade e o orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinônimos. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa. O orgulho relaciona-se com a opinião que temos de nós mesmos, e a vaidade, com o que desejaríamos que os outros pensassem de nós”.
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Fernando Pessoa: “O homem prefere ser exaltado por aquilo que não é, a ser tido em menor conta por aquilo que é. É a vaidade em ação”.
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Fernando Pessoa, de novo: “Cada um tem a sua vaidade, e a vaidade de cada um é o seu esquecimento de que há outros com alma igual”.
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José Saramago: “Corre por aí que sou vaidoso. Mas eu acho que a vaidade é a coisa mais bem distribuída deste mundo. Vaidosos somos todos nós. A questão está em saber se há alguma razão para o ser ou se se é vaidoso sem razão nenhuma”.
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Caio Fernando Abreu: “Quanta vaidade, quanto palavreado tolo, quanta culpa idiota”.
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Augustina Bessa-Luís: “Mas o que são os vaidosos senão os que temem a sua nudez? Os que evitam o retrato da alma para não lhes descobrir tormento e debilidade?”.
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Dostoiévski: “A víbora da vaidade infere por vezes mordeduras muito fundas e até incuráveis, particularmente aos homens limitados”.
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François La Rochefoucauld: “A virtude não iria tão longe se a vaidade lhe não fizesse companhia”.
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Barão de Itararé (diálogo sobre vaidade)
O garoto olha para a tia que se pintava no espelho e pergunta:
– Por que é que você pinta tanto, titia?
– Para ficar mais bonita.
– E por que não fica?
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Eu: “Fico envaidecido quando algumas pessoas gostam do que escrevo. E também quando umas outras (que às vezes nem leem) me xingam. Xingamento dessas vale como elogio”.
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Mouzar Benedito, jornalista, nasceu em Nova Resende (MG) em 1946, o quinto entre dez filhos de um barbeiro. Trabalhou em vários jornais alternativos (Versus, Pasquim, Em Tempo, Movimento, Jornal dos Bairros – MG, Brasil Mulher). Estudou Geografia na USP e Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo. É autor de muitos livros, dentre os quais, publicados pela Boitempo, Ousar Lutar (2000), em coautoria com José Roberto Rezende, Pequena enciclopédia sanitária (1996), Meneghetti – O gato dos telhados (2010, Coleção Pauliceia) e Chegou a tua vez, moleque! (2017, e-book). Colabora com o Blog da Boitempo mensalmente.
Ótimo texto, no que tem de leveza, erudição e perspicácia. “Vaidosismo” consentido, portanto.
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