Tréplica de Anita L. Prestes ao comentário de Breno Altman

A historiadora Anita Leocadia Prestes comenta a resposta de Breno Altman ao seu artigo sobre os "renovadores" do PCB.

 Por Anita Leocadia Prestes

Agradeço a Breno Altman a “Resposta…” a meu artigo sobre os chamados “renovadores”, publicado recentemente no Blog da Editora Boitempo. Ele deve ter razão quando destaca possível engano meu quanto à composição da Comissão de Reorganização do PCB/SP formada em 1976. Certamente Breno Altman vivenciou esse período, enquanto eu me encontrava no exílio e extraí essas informações de alguns textos referidos ao final do meu artigo.

Considero, contudo, inaceitável a defesa feita por Breno Altman de uma organização partidária supostamente “comunista” baseada numa unidade sem princípios e sem uma estratégia política definida.

Devo destacar que os livros O PCB em São Paulo: documentos (1974-1981) e Há o que fazer: a esquerda na Nova República, por mim referidos no artigo, de autoria de alguns dos participantes dessa Comissão de Reorganização, incluindo textos publicados à época por essa instância partidária, evidenciam a proximidade de suas posições políticas com as defendidas pelos eurocomunistas e pelos “renovadores”, seus seguidores nacionais.

Rio de Janeiro, 01/12/2021

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Anita Leocadia Benario Prestes, nascida em 27 de novembro de 1936 na prisão de mulheres da rua Barminstrasse, em Berlim, na Alemanha Nazista, é uma historiadora brasileira, filha dos militantes comunistas Olga Benario Prestes e Luiz Carlos Prestes. É doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense, professora do Programa de Pós-graduação em História Comparada de UFRJ e presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes. Autora da ambiciosa biografia política Luiz Carlos Prestes: um comunista brasileiro (Boitempo, 2015), do livro Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo (Boitempo, 2017) e de Viver é tomar partido: memórias (Boitempo, 2019), em que narra sua extraordinária trajetória de vida, militância e pensamento. Assina também o artigo “Luiz Carlos Prestes e a luta pela democratização da vida nacional após a anistia de 1979” publicado no livro Ditadura: o que resta da transição? (Boitempo, 2014), organizado por Milton Pinheiro.

1 comentário em Tréplica de Anita L. Prestes ao comentário de Breno Altman

  1. Fabiana de Holanda // 06/12/2021 às 5:53 pm // Responder

    Sobre a resposta de Breno Altman ao artigo publicado pela professora Anita Leocádia Prestes, necessário ressaltar alguns pontos equivocados:Não corresponde à realidade a alegada intervenção do Comitê Central nomeando nova direção em São Paulo. Jarbas de Holanda foi eleito – e por ampla maioria – em convenção realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo que contou com delegados de todo o Estado. 
    A polêmica básica na esquerda nos anos 80 contrapunha os defensores de uma frente de esquerda contra o regime (que reunia os defensores da luta armada e os de propostas socialistas radicais) aos que defendiam a construção de uma ampla frente democrática para o enfrentamento e a derrota política do regime militar. A direção do PCB em São Paulo e a maioria do Comitê Central defendiam a segunda posição, que se afirmaria progressivamente através de alianças com figuras como Montoro, Ulisses Guimarães, Tancredo Neves. 
    Enquanto os adversários propunham saídas radicais, como se evidenciou em seguida na postura do PT e dos dissidentes do Partidão contra a Nova Constituição. Parte disso foi a expulsão de três parlamentares do PT Bete Mendes, Airton Soares e José Eudes que votaram, não apenas na chamada Constituição Cidadã, mas também a favor de Tancredo no Colégio Eleitoral.  

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