A TV Boitempo acaba de estrear a série “O último Marx”, com o destacado professor e estudioso italiano Marcello Musto. Ao longo de quatro vídeos, ele apresenta uma análise perspicaz dos anos finais e ainda pouco explorados da vida do filósofo e revolucionário. Contrariando a ideia de que a partir de meados de 1870, devido a problemas de saúde e dificuldades pessoais, Marx teria suspendido quase inteiramente suas pesquisas, ele mostra que esses últimos anos de vida foram marcados por uma enorme ampliação no escopo dos interesses teóricos do barbudo.

Os quatro episódios da série, organizada em torno do livro O velho Marx: uma biografia de seus últimos anos (1881-1883), já estão disponíveis em nosso canal no YouTube! Clique aqui para acessar a playlist completa, ou confira os episódios um a um mais abaixo neste post.

Conduzida por Artur Renzo, a série foi gravada na sede da Boitempo em São Paulo durante a última visita do autor ao Brasil. A edição é de Heleni Andrade, com legendas de Leonardo Martins.

Confira abaixo os dois primeiros vídeos de “O último Marx” e não se esqueça de se inscrever na TV Boitempo para receber nossos vídeos em primeira mão. Toda segunda, quarta e sexta tem conteúdo novo no canal!

Em O velho Marx, Marcello Musto combina rigorosa abordagem acadêmica com uma escrita acessível e defende a ideia de que nos anos finais de sua vida, Karl Marx não só deu continuidade a seu trabalho, mas estendeu-o a novas disciplinas e a outras áreas do planeta.

A partir do estudo de manuscritos que vieram a público recentemente e ainda não foram traduzidos do alemão nem publicados em livro, Musto demonstra que Marx passa a se interessar por antropologia, pelas sociedades não ocidentais e pela crítica ao colonialismo europeu. Por trás disso, não havia, como se tem dito, mera curiosidade intelectual, mas o propósito teórico-político de alargar e refinar a compreensão do capitalismo.

Além de desconstruir a imagem de um Marx eurocêntrico, economicista e exclusivamente absorvido pelo tema da luta de classes, esta biografia intelectual, com base nas de outros membros da família, oferece um retrato mais amplo e humano do autor em sua fase final. Permite ainda uma reavaliação inovadora de algumas de suas ideias-chave.

O livro de Marcello Musto tem tradução de Rubens Enderle, texto de orelha de Michael Löwy, quarta capa de Immanuel Wallerstein e capa de Ronaldo Alves.

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O último Marx (1881-1883), com Marcello Musto

#1 — Apresentação: Um outro Karl Marx

Marx concentrou seus escritos apenas na Europa Ocidental e na Inglaterra? Não se preocupou com as contradições étnicas e de gênero? Focou-se somente nos conflitos entre capital e trabalho? Para acabar com essas lendas bastante consolidadas, Marcello Musto comenta as razões teóricas e políticas que o levaram a escrever O velho Marx: uma biografia de seus últimos anos (1881-1883), mostrando a complexidade e diversidade dos escritos do filósofo alemão em seus últimos anos de vida.

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#2 — Marx e as sociedades pré-capitalistas

Em seus últimos anos de vida, Marx ampliou ao máximo seus estudos para outras disciplinas, temáticas e questões. Marcello Musto reforça o papel fundamental da antropologia para o velho Marx, além dos estudos sobre agronomia, química agrária e mineralogia. Mesmo diante das mais severas dificuldades, o filósofo alemão manteve-se aberto a diversos temas para elaborar sua crítica do capitalismo.

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#3 — Marx e os russos

Você sabia em que seus últimos anos de vida, Marx se dedicou a aprender a ler e escrever russo? Qual era a relação dele com a Rússia e com autores russos? Marcello Musto comenta sobre o crescente e quase “obsessivo” – nas palavras de Engels – interesse do filósofo revolucionário com essa região que décadas depois protagonizaria a grande revolução comunista do século XX.

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#4 — A viagem de Marx à Argélia

Perto do final da vida, com problemas de saúde e após a morte de sua esposa, Marx faz uma viagem para a Argélia em busca um clima melhor para se reestabelecer fisicamente e voltar a escrever. A observação da sociedade argelina, no entanto, reforçou a crítica de Marx ao colonialismo francês, afastando-se de posições eurocêntricas que muitos insistem erroneamente em atribuir a autor.

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