Cultura inútil: Imbecis e assemelhados
De Montaigne a Oscar Wilde, passando por Kipling, Einstein, Susan Sontag, Simone de Beauvoir e vários ditados populares, Mouzar Benedito faz uma seleção de frases sobre a imbecilidade humana.
Por Mouzar Benedito.
“Ninguém até hoje perdeu dinheiro por subestimar a inteligência do povo norte-americano”.
Quem disse isso não foi nenhum antigringo, mas um deles, Henry Louis Mencken, jornalista de Baltimore, que viveu de 1880 a 1956.
A máxima continua valendo, acho, para quase metade deles. As eleições presidenciais de 2020 que o digam.
Será que podemos dizer que os brasileiros são diferentes?
Vendo manifestações raivosas contra a ciência, contra a vacina, com aglomerações provocadoras do gado dando vivas ao seu líder; lembrando que houve aqui até congresso de terraplanistas (pensei que era um bando de gozadores, mas não era), e lembrando também os resultados das eleições de 2018 e grande parte da de 2020 (e vem aí 2022 – será que vem mesmo?), as palavras que me vêm à cabeça, além de uns adjetivos piores, são idiotice, imbecilidade, tolice, burrice, estupidez… sinônimos entre elas, né?
Coletei frases sobre isso.
Ditado popular: “Um tolo sempre tem outro tolo que o admira”.
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Nicolas Boileau: “Um idiota sempre encontra um idiota ainda maior para admirá-lo”.
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Millôr Fernandes: “Candidate-se. Por mais idiota que você seja, sempre haverá um número suficiente de idiota maiores do que você para acreditar que você não o é”.
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Barão de Itararé: “Em toda família tem um imbecil. É muito difícil, portanto, a situação do filho único”.
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Nelson Rodrigues: “A maior desgraça da democracia é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas, que são a maioria da humanidade”.
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Nelson Rodrigues, de novo: “Invejo a burrice, porque é eterna”.
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Ditado popular: “Um burro carregado de livros é doutor”.
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Camilo Castelo Branco: “Os estúpidos guerreiam barbaramente o talento: são os vândalos do mundo espiritual”.
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Camilo Castelo Branco, de novo: “Os tolos são felizes; eu, se fosse casado, eliminava os tolos da minha casa”.
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Ditado popular: “Bastantes vezes se fazem por acaso as tolices mais felizes do mundo”.
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Padre Antônio Vieira: “Quem é tolo pede a Deus que o mate ou ao diabo que o carregue”.
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Walther Waeny: “Quando um tolo entra na História, ele se torna apenas um exemplo a não ser seguido”.
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Ditado popular: “Só o tolo cai duas vezes no mesmo conto do vigário”.
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Godofredo de Alencar: “Mais idiota que um idiota? Toda a gente!”
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Sousa Martins: “A imbecilidade humana é ilimitada. Por mais que extrema que em certas ocasiões nos pareça, há sempre quem seja capaz de excedê-la”.
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Júlio Ribeiro: “É grande, é vasta; mais ainda, é imensa, verdadeiramente, a minha indulgência para com a imbecilidade”.
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Ditado popular: “Acreditar em tudo é tolice; não acreditar em coisa alguma tolice é.”
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Fialho de Almeida: “Um cínico disse: só os imbecis se portam bem. E eis aí uma verdade universal”.
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Tavares Bastos: “Quando o brasileiro decide ser burro, é melhor sair da frente”.
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Ditado popular: “Néscio calado por sábio é contado”.
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Montaigne: “Nenhum homem está isento de dizer asneiras. O problema é quando essas asneiras são ditas a sério”.
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Baltasar Gracián y Morales: “Aplaudem-se as tolices de um rico enquanto nem se dá ouvidos às máximas de um pobre”.
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Paul Lafitte: “Um idiota pobre é um idiota. Um idiota rico é um rico”.
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Ditado popular: “Um imbecil pobre é um imbecil; um rico imbecil é um rico”
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Harold MacMillan: “Já foi dito que não há maior idiota do que um velho idiota, exceto um jovem idiota. A diferença é que o jovem idiota tem de amadurecer e tornar-se um velho idiota para descobrir que era idiota no tempo em que era um jovem idiota”.
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Rudyard Kipling: “A mulher mais idiota pode dominar um sábio. Mas é preciso uma mulher extremamente sábia para dominar um idiota”.
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Mark Twain: “Vamos agradecer aos idiotas. Não fosse por eles não faríamos tanto sucesso”.
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Ditado popular: “Na primeira, quem quer cai, na segunda cai quem quer, na terceira quem é otário”.
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Lord Byron: “Aqueles que se recusam a serem chamados à razão, são intolerantes; aqueles que não conseguem, são idiotas; e aqueles que não ousam, são escravos”.
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Susan Sontag: “A política de uma democracia que implica desacordos, que promove a sinceridade, foi substituída pela psicoterapia. Vamos chorar juntos. Mas não vamos todos ser idiotas juntos”.
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Eu: “Nem só da classe média vive a imbecilidade”.
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Marquês de Sade: “Não há outro inferno para o homem além da estupidez ou da maldade dos seus semelhantes”.
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Baronesa Phyllis Dorothy James: “Pode-se combater a estupidez, a intolerância e o fanatismo quando se luta com eles em separado; mas se vêm juntos, o melhor é escapar, ainda que só para preservar o próprio equilíbrio”.
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Ditado popular: “Querer desculpar uma asneira é cometer outra”.
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Marie von Ebner-Estenbach: “Uma mulher inteligente tem milhões de inimigos: todos os homens estúpidos”.
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O povo: “De pensar morreu um burro”
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Eu: “De pensar morreu um burro. De não pensar morrem muitos”.
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Konrad Adenauer: “Deus é injusto, pois criou sérios limites à inteligência dos homens, mas nenhuma à sua burrice”.
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Vanessa Pimentel: “Inteligência encobre feiura, mas beleza não disfarça burrice”.
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Oscar Wilde: “É sempre uma tolice dar conselho, mas dar bom conselho é totalmente funesto”.
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Albert Einstein: “Há duas coisas infinitas: o Universo e a tolice dos homens”,
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Provérbio chinês: “Um homem aponta o céu. O tolo olha o dedo, o sábio vê a lua”.
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Ditado popular: “Cada casa tem seu tolo e cada tolo a sua mania”.
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Erasmo de Roterdã: “Toda tolice, por mais grosseira que seja, sempre encontra sequazes”.
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Mark Twain: “A confiança que tenho em saber que a religião do outro homem é tolice, me leva a suspeitar que a minha também seja”.
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Mário Quintana: “A ironia atinge apenas a inteligência. Inútil desperdiçá-la com os que estão longe do seu alcance. Contra estes ainda não se conseguiu inventar nenhuma arma. A burrice é invencível”.
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Albert Camus: “A estupidez insiste sempre”.
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Florence Nightingale: “É necessária uma certa dose de estupidez para se fazer um bom soldado”.
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Ditado popular: “É duas vezes tolo o que faz o mal e o apregoa”.
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Jean de la Bruyere: “Há apenas duas formas de subir na vida: pelo nosso engenho ou pela estupidez dos outros”.
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Simone de Beauvoir: “Diante de um obstáculo que é impossível de superar, obstinação é estupidez”.
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Eduardo Galeano: “Temos, há muito tempo, guardado dentro de nós um silêncio bastante parecido com a estupidez”.
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Stephen Hawking: “Estamos em risco de nos destruir por conta de nossa cobiça e estupidez. Não podemos permanecer olhando para dentro de nós em um planeta pequeno e crescentemente poluído e superpovoado”.
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Mouzar Benedito, jornalista, nasceu em Nova Resende (MG) em 1946, o quinto entre dez filhos de um barbeiro. Trabalhou em vários jornais alternativos (Versus, Pasquim, Em Tempo, Movimento, Jornal dos Bairros – MG, Brasil Mulher). Estudou Geografia na USP e Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo. É autor de muitos livros, dentre os quais, publicados pela Boitempo, Ousar Lutar (2000), em coautoria com José Roberto Rezende, Pequena enciclopédia sanitária (1996), Meneghetti – O gato dos telhados (2010, Coleção Pauliceia) e Chegou a tua vez, moleque! (2017, e-book). Colabora com o Blog da Boitempo mensalmente, às terças.
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