Clássico sobre reality shows ganha curso e reimpressão

O livro de Silvia Viana mostra como um olhar atento para os reality shows tem um espantoso poder de revelação sobre o capitalismo contemporâneo e o mundo do trabalho no século XXI. A obra acaba de ser reimpressa e será abordada em um curso exclusivo na Casa do Saber.

Publicado em 25/03/2021 // 1 comentário

Quase uma década depois de sua publicação original, Rituais de sofrimento permanece o livro que melhor desvendou o fenômeno dos reality shows. Mais do que isso, a socióloga Silvia Viana mostra como um olhar atento para esses espetáculos de realidade tem um espantoso poder de revelação sobre o capitalismo contemporâneo e o mundo do trabalho no século XXI. A obra acaba de ser reimpressa, com novo projeto gráfico, e será abordada em um curso exclusivo na Casa do Saber. Alunos lilberam 40% de desconto na nova edição!

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Em Rituais de Sofrimento, Silvia Viana faz um relato clínico, com traços firmes e finos, dos rituais e mecanismos de dominação em vários produtos televisivos da indústria cultural brasileira, com especial atenção ao maior deles, o Big Brother Brasil. A autora destaca como o mote do espetáculo da realidade tem como maior apelo junto aos telespectadores a concorrência e não o voyeurismo, escancarando assim a violência, a crueldade e a perversidade que sustentam a nossa sociedade capitalista contemporânea. Silvia Viana é doutora em Sociologia pela USP e professora de Sociologia na EAESP-FGV.

O curso Muito além do espetáculo: sofrimento e realidade nos reality shows, ministrado por Silvia Viana na Casa do Saber, abordará as razões do sucesso e fascínio que os reality shows exercem sobre as pessoas, apesar de serem espaços nos quais a violência, a perversidade e a tortura (física e psíquica) sejam normalizadas. A conexão entre esses produtos midiáticos e a vida social possibilita uma atualização do conceito de indústria cultural desenvolvido por Adorno e Horkheimer.

O curso ocorrerá em quatro encontros: Realidade, Ritual, Sofrimento, Política e espaço público. Parte-se da relação entre reality shows e a realidade social contemporânea, a partir dos conceitos de ideologia e de indústria cultural. Em seguida, será abordada a coerência narrativa dos formatos de diversos programas. Para isso, será analisado o “jogo”, as regras que o sustentam e o ritualismo por ele posto em marcha. Em sequência, observam-se os sujeitos participantes e o papel central de seu sofrimento para o funcionamento do mecanismo geral dos realities e, por fim, o transbordamento da lógica dos reality shows para o campo político e o questionamento: a dinâmica de uma sociedade, que nos reality shows assistia a si mesma, hoje já não consegue mais fazer da política outra coisa que não um reality show?

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"O mote do espetáculo da realidade e seu maior apelo junto aos telespectadores é a concorrência, não o voyeurismo. Portanto, aquilo a que assistimos não é algo obsceno, isto é, fora da cena simbólica; o que se vê é essa mesma cena: um pega pra capar. É esse o fundamento que atrai o nosso olhar, pois é o fundamento de nossa reprodução social. Os programas têm a mesma forma que a vida produtiva sob o neoliberalismo: sua organização é a da empresa capitalista contemporânea, sua estrutura é de gestão de trabalho flexível; a voz de comando que ecoa de ambos os lados da tela é uma só e há um mesmo padrão de respostas, de ambos os lados da tela." 

Silvia Viana em Rituais de sofrimento

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