O “placar da vida”: a enganação estatística do milagre brasileiro

O placar da vida do governo Bolsonaro celebra o esquecimento e a morte, mesmo quando tenta ocultá-la.

Por Javier Blank.

“Toda reificação é um esquecimento”
– Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, Dialética do Esclarecimento

No dia 18 de maio, bem no início da gestão interina do general Eduardo Pazuello, um post no Twitter do Ministério da Saúde do Governo Federal informava 16.792 óbitos acumulados e 674 novos óbitos registrados (Figura 1). A comunicação seguia o padrão de informação utilizado até então pelo órgão para sintetizar a situação da pandemia do novo coronavírus no Brasil. Algumas horas depois apareceu pela primeira vez um gráfico chamado Placar da vida, realizado pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom). Ali se apresentavam as seguintes informações: número de infectados (254.220), número (100.459) e proporção (40%) de “brasileiros salvos” e número (136.969) e proporção (54%) de “brasileiros em recuperação” (Figura 2).

Logo após a divulgação da primeira dessas peças de (des)informação do Ministério, diversas reportagens denunciaram aquilo que mais chamava a atenção: a omissão do número acumulado e diário de óbitos. No dia seguinte, não por acaso, o Brasil ultrapassaria pela primeira vez o registro de 1000 mortes por dia1.

No dia 18 de junho, um mês depois, o Placar adquiriu um novo formato. A Secom orienta no texto que acompanha o gráfico: “Os números e índices mundiais revelam que as ações do Governo Federal para salvar vidas estão dando certo” (grifo meu) (Figura 3).

Analisemos detalhadamente o placar do dia 15 de julho, que mantém o mesmo padrão. Em destaque, na coluna da esquerda: número (1.255.564) e proporção (63,8%) de “brasileiros salvos”; número (635.818) e proporção (32,3%) de “brasileiros em recuperação”; número de recuperados (1.255.564) e colocação do Brasil no respectivo ranking mundial (2º, atrás dos EUA) (note-se, de passagem, o pressuposto de que todo mundo que vive nestas terras só pode ser “brasileiro”).

Na coluna da direita: número de infectados (1.966.748) e colocação do Brasil no respectivo ranking mundial (2º, atrás dos EUA); óbitos por milhão de habitantes (359) e colocação do Brasil no respectivo ranking mundial (14º) (Figura 4).

Aqui se repete a omissão, já denunciada por ocasião da primeira versão do Placar, dos óbitos acumulados (para o dia 15 de julho, 75.523) e diários (1.261). Consequentemente, esconde-se que nessa data o Brasil registra a maior média móvel semanal de óbitos desde o início da pandemia (1.067)2.

Mas esse é apenas o modo mais óbvio pelo qual o Placar da vida esconde a morte.

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As proporções apresentadas de brasileiros salvos e brasileiros em recuperação se referem ao universo total de infectados. Curiosamente, a soma delas chega apenas a 96,1%. O 3,9% faltante é a proporção de mortos. Isso mesmo: omite-se que, do total de pessoas infectadas no Brasil até agora, 3,9% faleceu. Essa proporção de mortes em relação a infectados é chamada de taxa de letalidade. Mas, se na conta deixamos de lado os infectados ainda ativos, podemos ver que do universo dos infectados que tiveram algum desfecho (isto é, se recuperaram ou morreram) a proporção de mortes foi de 5,76%. Isto quer dizer que por trás da amena categoria de “brasileiros em recuperação” (635.818) se esconde o fato de que aproximadamente 5,76% deles morrerão nas próximas semanas (36.623 pessoas). Essa estimativa pressupõe que a proporção de mortes se mantenha nesse patamar de 5,76%. Se é bem verdade que ela vem descendo lentamente, não é previsível que o declínio nas próximas semanas seja muito significativo (por outro lado, nem entram nessa estimativa as mortes de novos infectados).

Resumindo: à omissão escancarada das mortes passadas acrescenta-se, de modo um pouco mais sutil, a das mortes futuras.

Tem mais: um outro recurso utilizado no Placar para produzir uma imagem positiva, junto com as omissões, é a comparação enganosa entre números absolutos e proporções.

Informa-se orgulhosamente a 2º colocação atrás dos EUA nos rankings do número de infectados e do número de recuperados. Mas se omite um outro ranking no qual, muito coerentemente, o Brasil também ocupa o 2º lugar atrás dos EUA, o de número de óbitos. A lógica básica por trás dessa coerência é tão óbvia quanto negligenciada pelas comunicações do Ministério: mais infectados implica em mais recuperados, mas também em mais mortes3. Ou seja, os rankings do número de infectados e de recuperados não são acompanhados pelo ranking do número de mortes, pois isso produziria uma imagem negativa. Ao invés disso, apresenta-se o ranking da proporção de óbitos por milhão de habitantes (14º). Essa comparação enganosa entre números absolutos e proporções explica o que, à primeira vista, parece inexplicável: qual seria o motivo de orgulho dessa 2º colocação no ranking mundial de número de infectados? Por algum milagre, o boom de infectados no Brasil provocaria relativamente poucas mortes. Vida que segue. É hora de voltar ao normal. Mas o milagre é apenas enganação estatística.

É importante frisar que a proporção de mortes por milhão de habitantes, única maneira em que aparece a morte no placar da vida, é um dado fundamental. Essa proporção é chamada de taxa de mortalidade. Se, de maneira um tanto fria, a taxa de mortalidade não revela o número absoluto de mortes e pode nos distanciar da dor de cada uma delas, é ela que serve para comparar, pois só em termos de proporção é possível medir o impacto relativo do vírus em países com populações de tamanhos muito diferentes.

Podemos, então, comparar o ranking da proporção de óbitos por milhão de habitantes (14º) com outro ranking omitido, o da proporção de infectados por milhão de habitantes (15º) e o resultado é, de novo, totalmente coerente. O Brasil não produziu nenhum milagre. É básico: ou se comparam ranking de números absolutos com ranking de números absolutos ou ranking de proporções com ranking de proporções. Números absolutos com quantidades é falcatrua.

Esqueçamos por um momento a sua instrumentalização enganosa e analisemos a 14º colocação do Brasil no ranking da taxa de mortalidade. Parece ser um dado positivo. Ou não?

O Placar de 15 de julho nos informa que o Brasil tem 359 mortes por milhão de habitantes, enquanto a Bélgica, líder mundial nesse aspecto, 844. Uma diferença significativa, assim como a que existe entre a Bélgica e os que a seguem no ranking (o 2º colocado é o Reino Unido com 664). Não é fácil explicar essas diferenças pois intervêm nisso muitos fatores. Uma questão importante, no entanto, é o variado grau de subnotificação de mortes nas cifras oficiais dos diversos países. Diferente de seus vizinhos europeus, as autoridades sanitárias da Bélgica decidiram incluir na contagem dos mortos por Covid-19 não só aqueles que morreram em hospitais com confirmação do vírus, mas também os casos suspeitos, incluindo as mortes ocorridas em casas de repouso. Tomaram essa decisão sabendo que os tornaria, tristemente, líderes mundiais nesse ranking. A imagem negativa foi um custo a ser pago, afirmam, para eles mesmos terem uma percepção mais realista da pandemia e, assim, poderem enfrentá-la melhor.

Segundo levantamento feito pela empresa de consultoria Lagom Data, 21.289 mortes que em 22 de junho não constavam nos números oficiais estavam sob suspeita de terem sido causadas pelo vírus. Só com essa estimativa o Brasil superaria hoje as 450 mortes por milhão de habitantes, fazendo o país subir “perigosamente” no ranking mundial. Mas tudo indica que a subnotificação é bem maior do que isso. Diversas reportagens mais recentes têm apontado a enorme quantidade de mortes por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) que não estão sendo registradas como mortes pela covid-19. Evidentemente, nem todas essas mortes estão relacionadas ao novo coronavírus. Mas a Bélgica as registraria como se fossem e é com ela, afinal, que nos estamos comparando.

Mesmo deixando de lado a importante questão da subnotificação, as taxas atuais de mortalidade refletem momentos diferentes da propagação do vírus em diversas regiões do mundo. Basta comparar os rankings do Placar de 18 de junho (o primeiro que incluiu essa informação) com o atual, de 15 de julho. Nesse período de 27 dias, quase um mês, a Bélgica passou de 836 a 844 mortes por milhão de habitantes (um aumento de 0,9%); o Reino Unido, de 623 a 664 (6,5%); a Espanha de 580 a 608 (4,8%); a Itália de 571 a 579 (1,4%); e o Brasil de 220 a 359 (63,1%!). Quer dizer que os países que mantêm a liderança faz tempo estão mais ou menos estacionados. Ao contrário, o Brasil continua em subida acentuada. Ele é hoje o 1º colocado no ranking de novas mortes por dia e o 3º no de novas mortes por dia por milhão de habitantes (média semanal de 5 mortes diárias por milhão, disputando a liderança com o Peru e o Panama). Se tudo continuar desse jeito, o Brasil pode alcançar rapidamente as primeiras colocações no ranking mundial de óbitos por milhão de habitantes (o que certamente exigirá um pouco de criatividade dos realizadores do Placar da vida para maquiar essa informação, se é que não optam simplesmente por eliminá-la).

É notável como o espírito de ranking permeia a construção dos dados do Placar. Se faz qualquer coisa por aumentar qualquer posição que seja (ou diminuir, se for mais conveniente). E quando digo qualquer coisa… é qualquer coisa mesmo.

Não é totalmente verdadeiro que a Bélgica seja a líder no ranking de óbitos por milhão de habitantes. O 1º lugar é de San Marino, com 1238. Acontece que esse país tem uma população de 33 mil habitantes. E é uma norma estabelecida descartar, para fins comparativos, países com populações muito pequenas (algumas tabelas não consideram os países com populações de menos de 1 milhão de habitantes). O 3º lugar é ocupado por Andorra, com 673 mortes por milhão e uma população de 77 mil habitantes. Nem San Marino nem Andorra aparecem no Placar na listagem dos primeiros 5 colocados. Eles foram suprimidos pelo fato de ter populações muito pequenas. Está correto, segundo os usos e costumes. Mas é só levando em consideração San Marino e Andorra que o Brasil fica na 14º colocação. Sem eles, ficaria em 12º lugar. Num passe de mágica, o Brasil se afastou 2 lugares da liderança desse triste ranking da morte.

No dia 8 de julho, em publicação no Twitter, o Ministério da Saúde se orgulhava do Brasil ter superado a marca de 1 milhão de recuperados e, ao mesmo tempo, de ser “o país com o maior número de recuperados do mundo” (Figura 5). O Brasil tinha superado o milhão de recuperados, verdade. Mas esse suposto 1º lugar no ranking mundial contradizia a própria informação dos Placares publicados ao longo desses dias, que mostravam os EUA com uma ampla vantagem e o Brasil em 2º lugar. Como é isso possível? O próprio Placar informa as fontes dos seus dados: Ministério da Saúde e Plataforma Worldometers. Por esses dias, algumas reportagens (por exemplo, aqui e aqui) destacaram esse 1º lugar do Brasil. Acontece que elas se baseavam nos dados de uma outra plataforma, a da Universidade Johns Hopkins, que contabiliza um número de recuperados significativamente menor para os EUA e, de fato, deixa o Brasil na liderança. Os responsáveis pela comunicação do Ministério devem ter achado “empolgante” essa conquista do Brasil e se apressaram a compartilhá-la. Se para isso precisavam misturar fontes divergentes usando-as alternativamente em função do gosto conjuntural… qual é o problema!? É muita balbúrdia, mas o fim justifica os meios. Estar atrás apenas dos EUA é bom, mas deixa aquele gostinho de vice. Nada como estar na liderança.

Deve-se dizer que pela própria insuficiência dos testes aplicados no Brasil, o governo consegue ostentar menos recuperados do que a realidade permitiria. A subnotificação comentada acima não ocorre só em relação às mortes, mas também aos casos. É que o ranking mundial dos testes por milhão de habitantes mostra o Brasil na 106º colocação (um placar da morte, dada a importância da aplicação em larga escala de testes para o enfrentamento da pandemia). Ou seja, muitos casos de covid-19 (e muitos recuperados) ficam fora das cifras oficiais. Estima-se que a quantidade real de contagiados seja 6 vezes maior do que a registrada oficialmente.

De qualquer maneira, se a ostentação de um alto número de infectados serve no Placar para compará-lo indevidamente com uma taxa de mortalidade supostamente baixa, qual é o motivo de orgulho em relação a uma grande quantidade de recuperados?

Será pela perspectiva da imunidade de rebanho? Esse conceito ganhou mais visibilidade na mídia e nas redes sociais na última semana. A imunidade de rebanho se refere ao fato de que quando o vírus atinge uma proporção determinada da população, ele não consegue continuar se propagando pois já não encontra pessoas suscetíveis de serem infectadas em escala suficiente. Em primeiro lugar, isso pressupõe que os contagiados produzam imunidade persistente, o que ainda não foi comprovado. Se isso não se verificar, é posta em xeque a própria ideia da imunidade de rebanho para a covid-19. Por outro lado, se a imunidade persistir, resta saber qual é a proporção da população que deve estar infectada para chegar a esse ponto de não propagação do vírus. Entre 60 e 70%? Alguns estudos estão sinalizado que a proporção requerida talvez seja bem menor do que isso. Baseada nesses estudos, uma reportagem recente na capa do jornal Folha de S.Paulo se apressou a colocar na manchete: “Curva da Covid sugere imunidade maior e segunda onda menos provável”. A reportagem sugere que não estaríamos tão longe da imunidade de rebanho. Isso provocou a indignação do cientista brasileiro Caetano Souto Maior, co-autor dos primeiros estudos a sugerir que o “limiar de imunidade de rebanho” é mais baixo que 60-70%. Uma coisa é determinar que essa proporção possa ser mais baixa. Outra muito diferente é apostar nessa forma de imunização coletiva. Qual seria o impacto no caso do Brasil se a proporção fosse, sejamos muito otimistas, apenas de 25% da população? “25% da população infectada com uma mortalidade média que parece ser entre 0.5-1% implica entre 300 e 500 mil mortos no país”, responde Souto Maior. Ou seja, apostar hoje numa estratégia de imunidade de rebanho implica ainda uma carnificina pela frente4.

Mas nada disso parece estar em jogo no orgulho do Ministério em relação aos recuperados, pois ele já aparecia da mesma maneira no primeiro Placar, de 18 de maio, quando se anunciava: “Mais de 100 mil brasileiros já estão recuperados da COVID-19” (Figura 2) (hoje temos mais de 10 vezes mais do que então!).

Enquanto isso, vão se descobrindo sequelas da covid-19 de curto, médio e longo prazo.

Se os infectados de hoje podem ser os mortos de amanhã (e alguns certamente o serão); se os recuperados de hoje podem ser os infectados ou “sequelados” de amanhã… o que celebra, então, o Ministério da Saúde com o alto número de infectados e recuperados?

O Placar é coroado com o lema #NinguémFicaParaAtrás.

Os que já ficaram e os que ficarão, portanto, não são dignos do Brasil. Eles não serão sequer mencionados. Eles merecem o esquecimento.

É isso. O Placar da vida celebra o esquecimento e a morte, mesmo quando tenta ocultá-la.


Dicas de leitura da Boitempo

Até o último homem: visões cariocas da administração armada da vida social, de Felipe Brito e Pedro Rocha de Oliveira (orgs.).
Margem Esquerda n. 34: crise, neoliberalismo e insurreições populares, com textos de Anselm Jappe, David Harvey, Tithi Bhattacharya, Michael Löwy, Rejane Carolina Hoeveler, entre outros.
Pandemia: covid-19 e a reinvenção do comunismo, de Slavoj Žižek.

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NOTAS
1 Quando não é indicada outra fonte específica, os dados utilizados neste texto são os da plataforma online Worldometers.
2 A média móvel semanal é calculada a partir da soma do número de casos e mortes nos últimos sete dias e dividida, obviamente, por sete. A dinâmica dos procedimentos de registros dos casos e mortes produz uma curva interna à cada semana, na qual se registram menos casos e mortes nos finais de semana e na segunda-feira, e um pico semanal geralmente na terça-feira. Ao contar a semana num todo, a média móvel semanal permite ter uma melhor noção da evolução da pandemia.
3 Há fatores que incidem e até podem alterar essa correlação, mas infelizmente muitos deles só pioram o impacto da pandemia no Brasil (sistema de saúde, condições de saúde e de moradia da população, etc.).
4 É importante notar que o conceito de imunidade de rebanho surge no contexto das políticas de vacinação, no qual “é utilizado para calcular o número de pessoas que precisam ser vacinadas a fim de garantir a segurança da população”. Mas “este não é o caso quando um vírus se espalha no mundo real […] as complexidades da vida real criam o que os modeladores chamam de heterogeneidade. As pessoas são expostas a diferentes quantidades do vírus, em diferentes contextos, através de diferentes rotas”. O resultado disso?: “Qualquer limiar de imunidade de rebanho é dependente do contexto e está em constante mudança. Ele mudará ao longo do tempo e do espaço. Ele varia dependendo do número básico de reprodução – a média de novas infecções causadas por um indivíduo infectado. Durante o estágio inicial de um surto de um novo vírus (ao qual ninguém tem imunidade), esse número será maior. O número é alterado por eventos de super-propagação, tais como quando uma pessoa de um coro infecta 50 outras. E o número em uma cidade densa como Nova York deve ser maior do que o de uma cidade rural do Alasca” (James Hamblin, “A New Understanding of Herd Immunity“, 13 jul. 2020, The Atlantic, tradução minha). Isso tudo quer dizer que de maneira alguma a ideia de um certo limiar da imunidade de rebanho pode funcionar como uma carta branca para “voltar ao normal”. Ao contrário, são as práticas individuais e coletivas que aumentam o diminuem esse limiar.

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Javier Blank é Professor da Escola de Serviço Social da UFF (Niterói). Formado em Comunicação Social (UNC, Argentina) e Doutor em Serviço Social (UFRJ) é um dos autores do livro Até o último homem: visões cariocas da administração armada da vida social (Boitempo), organizado por Felipe Brito e Pedro Rocha de Oliveira. Tradutor, violonista e compositor, colabora com o Blog da Boitempo especialmente para o dossiê “Coronavírus e sociedade“.

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