FOME!

Costumo colher frases bem-humoradas nesta série sobre cultura inútil. Mas quando o assunto é fome, fica difícil. Até existem, mas não são muitas.

“Eu sou negra, a fome é amarela e dói muito”, Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo. 

Por Mouzar Benedito.

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava qualquer coisa
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

MANUEL BANDEIRA

No ano de 2019, um assunto recorrente nas matérias de jornais, revistas e TV foi o que chamam de “empreendedorismo”.

Ouvi e li louvações ao tal de empreendedorismo, mas o que chamam de “empreendedores” são na verdade, em grande parte, pessoas desesperadas que topam qualquer bico, trabalho que rende muito pouco, para não morrerem de fome. Nada de mal nisso. São pessoas que vão à luta, se viram. E é isso que me veio à memória: nos meus tempos de jovem chamávamos de “se virantes” esses “empreendedores” de hoje. Não estou usando o termo “se virante” como pejorativo, ao contrário. Só não gosto do eufemismo, de ouvir economistas e jornalistas louvando o Brasil como campeão de “empreendedorismo”, como se isso fosse grande coisa. Ora, temos mais gente se virando porque faltam empregos.

E tem gente bem paga e bem alimentada que acha pouco a pessoa se virar para manter vivo, afirmam que ela tem que poupar, guardar dinheiro para a velhice. No final do ano, vi na TV um sujeito desses (logicamente defensor da destruição da Previdência que está sendo promovida) dizendo que no Brasil, enquanto os ricos planejam o futuro, desde cedo aplicam na poupança ou na previdência privada, os pobres gastam tudo o que ganham.

Afinei os ouvidos para ver se não havia ironia no que ele falava. E o cara falava num tom sério. Achei o cúmulo do cinismo, de insensibilidade, de falta de noção da realidade. Então a pessoa que não ganha mais do que o suficiente para a mera sobrevivência deve reservar parte desse ganho para o futuro? O sujeito chega pobre à velhice (quando vive até chegar a ela) porque foi um gastador inconsequente?

Queria ver os canalhas que dizem isso passando fome, mas fome de verdade, não sentindo um mero apetite por comida.

Costumo colher frases bem-humoradas nesta série sobre “cultura inútil”. Mas quando o assunto é fome, fica difícil. Até existem, mas não são muitas.

Apesar do Bozo afirmar que ninguém passa fome no Brasil, neste país de fartura 5,2 milhões de pessoas passam fome, sim. Nos últimos dez anos, morreram de fome 63 mil pessoas. A cada dia, em média, morrem 17 pessoas por subnutrição, o que dá uma média de 510 pessoas por mês, mais de 6 mil por ano.

Então, leitores, perdoem-me por não levar muito humor a vocês… Aí vão as frases:

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Carolina de Jesus: “A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impede de cantar. Mas a fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar no estômago”.

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Carolina de Jesus, de novo: “O maior espetáculo do pobre da atualidade é comer”.

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Carolina de Jesus, mais uma vez: “Quem inventou a fome são os que comem”.

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Mahatma Gandhi: “Se Deus tiver que aparecer para os famintos, não se atreverá a aparecer em outra forma que não seja a de um prato de comida”.

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Gandhi, de novo: “Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de fome”.

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Oscar Wilde: “Recomendar a um pobre que economize, é o mesmo que aconselhar um homem que está à morte de fome a comer menos”.

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Ariano Suassuna: “A meu ver, enquanto houver um miserável, um homem com fome, o sonho socialista continua”.

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Planeta Diário: “Enquanto os padres gritam dos púlpitos, ‘Pão para quem tem fome’, o povo berra nas ruas: “Capricha na manteiga”.

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Jesus Cristo: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de Justiça, porque eles serão fartos”.

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Chico Xavier: “O mundo está repleto de ouro. Ouro no solo. Ouro no mar. Ouro nos cofres. Mas o ouro não resolve o problema da miséria”.

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Papa Francisco: “A fome se deve a uma egoísta e má distribuição dos recursos, a uma ‘mercantilização’ dos alimentos”.

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Papa Francisco, de novo: “A fome é uma das ameaças à paz e serena convivência humana”.

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Josué de Castro: “O que falta é vontade política para mobilizar recursos a favor dos que têm fome”.

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Bezerra da Silva: “Todo dinheiro gasto pela humanidade comprando armas para a guerra que só traz dor daria para matar a fome de todo povo sofredor”.

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Lao-Tsé: “As pessoas passam fome porque seus superiores consomem excessivamente o que arrecadam”.

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Herbert de Souza, o Betinho (sociólogo, criador da ONG Ação de Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida – em 1994): “Quem tem fome tem pressa”.

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Ditado popular: “A fome não espera tempo de fartura”.

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Adélia Prado: “Não quero a faca e o queijo. Quero a fome”.

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Adélia Prado, de novo: “Aqui se passa fome, aqui se odeia, aqui se é feliz, no meio de invenções miraculosas”.

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Provérbio árabe: “Se teu cão passa fome, qualquer pessoa que oferecer um pouco de comida consegue afastá-lo de ti”

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Diálogo ocorrido em 1949, em Hollywood: Alfred Hitchcock: “Basta olhar para o senhor, sr. Shaw, para constatar que existe fome no mundo”. George Bernard Shaw: “E basta olhar para o senhor, sr. Hitchcock, para saber quem a provoca”.

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Voltaire: “Encontrou-se uma boa política o segredo de fazer morrer de fome aqueles que, cultivando a terra, fazem viver os outros”.

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Caetano Veloso: “Gente é para brilhar, não para morrer de fome”.

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Eu: “Greve de fome, pra quem ganha salário mínimo, não é nada demais. O que eles gostariam de fazer é greve de comida”.

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O cachorrinho (personagem criado pelo Ohi e por mim): “Os ricos também são contra a fome. Por isso comem cinco vezes ao dia”.

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Ditado popular: “Quem guarda com fome, o gato come”.

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Provérbio árabe: “Era tão pobre que as formigas saíram da cozinha dele com fome”.

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William Reich: “O homem precisa primeiro e acima de tudo, matar a fome e satisfazer seus desejos sexuais. A sociedade moderna torna difícil a primeira e frustra a segunda”.

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Anatole France: “A fome e o amor são os dois sexos do mundo. A humanidade gira toda sobre o amor e a fome”.

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José Saramago: “Não é a pornografia que é obscena, é a fome que é obscena”.

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Dercy Gonçalves: “Palavrão, meu filho, é condomínio, palavrão é fome, palavrão é maldade (…), palavrão é não ter cama nos hospitais”

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Provérbio turco: “Um faminto não se tranquiliza ao ver os outros comendo”.

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Outro provérbio turco: “Quando um come e outro apenas o vê comer, nasce a revolta”.

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Olavo Bilac: “Os livros não matam a fome nem suprem a miséria, não acabam com as desigualdades e as injustiças, mas consolam as almas, e fazem-nos sonhar”.

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Titãs (na música “Comida”): “Você tem fome de quê? A gente não quer só comida. A gente comida, diversão e arte…”.

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Ditado popular: “A fome faz sair o lobo do covil”.

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João Paulo II: “O desemprego deve ser tratado como tragédia e não como estatística econômica”.

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Mano Brown: “Como você vai obrigar um cara de 20, 25 anos a trabalhar por cem reais? O cara vai roubar, mano”.

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Ditado popular: “A fome não tem lei”.

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Fidel Castro: “É preferível morrer pelo fogo, em combate, a morrer em casa, de fome”.

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Che Guevara: “Se não há café para todos, não haverá para ninguém”.

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Chico Anysio: “O brasileiro só tem três problemas: café da manhã, almoço e jantar”.

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Nelson Mandela: “Ainda há gente que não sabe, quando se levanta, de onde virá a próxima refeição, e há crianças com fome que choram”.

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Mandela, de novo: “Nos lugares em que homem e mulher e criança carregam o fardo da fome, um discurso sobre democracia e liberdade que não reconheça esses aspectos materiais pode soar falso e minar os valores que procuramos promover”.

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Mandela, mais uma vez: “Democracia com fome, sem educação e saúde para a maioria é uma concha vazia”.

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Lula: “A fome, em lugar nenhum, levou o homem à revolução. A fome leva à submissão”.

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Ditado popular: “A fome é má conselheira”.

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Albert Einstein: “O estômago vazio não é exatamente um bom conselheiro político”.

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George Eliot: “Ninguém pode ser sensato com o estômago vazio”.

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Denis Diderot: “A voz da consciência e da honra é bem fraca quando as tripas gritam”,

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Ditado popular: “A fome é inimiga da virtude”.

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Jean de La Fontaine: “Barriga vazia não tem ouvidos”.

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Érico Veríssimo: “Quem está com fome fica surdo até mesmo à voz de Deus”.

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Bertolt Brecht: “Primeiro comer; a moral, depois”.

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Brecht, de novo: “Para quem tem uma boa posição social, falar de comida é coisa baixa. É compreensível – eles já comeram”.

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Ditado popular: “Saco vazio não para em pé”.

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Virginia Woolf: “Não se pode pensar bem, amar bem, dormir bem, quando não se jantou bem”.

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Dorothy Dix (jornalista estadunidense): “Ninguém quer beijar quando tem fome”.

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Gabriel Garcia Márquez: “O amor é tão importante quanto a comida. Mas não alimenta”.

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Barão de Itararé: “Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos”.

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Barão de Itararé, de novo: “A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados”.

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Ditado popular: “Quem vive de esperança, morre de fome”.

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Rosalind Russell (atriz estadunidense): “A vida é um banquete e as pessoas mais pobres estão morrendo de fome”.

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Mathew Henry (pastor presbiteriano inglês): “Morrer de fome é morrer polegada a polegada”.

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Herta Muller: “Não há palavras adequadas para o sofrimento causado pela fome. Até o dia de hoje sinto necessidade de mostrar à fome que escapei de seu alcance. Desde que parei de ter fome, eu literalmente como a vida em si. E quando como, estou travada pelo gosto de comer”.

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Ditado popular: “À pão de quinze dias, fome de três semanas”

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Outro ditado popular: “A boa fome não há mau pão”.

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Josué de Castro: “Fome e guerra não obedecem a qualquer lei natural, são criações humanas”.

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Josué de Castro, de novo: “A fome é a expressão biológica de males sociológicos”.

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Pierre Véron (escritor francês): “E pensar que foi necessário criar uma nova ciência para verificar que a fome de uns não é compensada pela indigestão de outro!”.

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Evita Perón: “A arma dos imperialismos é fome. Nós, o povo, sabemos o que é morrer de fome”.

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Maria Antonieta (às vésperas da Revolução Francesa, quando lhe disseram que “o povo não tem pão”): “Que coma brioche”.

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Miguel de Cervantes: “Assaz infeliz é a pessoa que às duas da tarde ainda não tomou café da manhã”.

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Provérbio chinês: “Ao que tem fome dá teu pão, mas ao triste dá-lhe o coração”.

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Ditado popular: “Em casa que não tem pão, todos gritam e ninguém tem razão”.

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Barão de Itararé: “Num governo sem razão todos gritam e ninguém tem pão”.

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George Orwell: “Como eles estão certos ao perceber que o estômago vem antes da alma, não na escala de valores, mas no tempo”.

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Dom Hélder Câmara: “A fome dos outros condena a civilização dos que não têm fome”.

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Ditado popular baiano: “Pra quem está com fome, piloro é carne”.

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Bertolt Brecht: “O que tem fome e te rouba o último pedaço de pão, chama-o teu inimigo. Mas não saltas ao pescoço do teu ladrão que nunca teve fome”.

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Camilo Torres, padre que abandonou a batina para entrar na guerrilha, na Colômbia: “Não me interessa saber se a alma é imortal, se eu sei que a fome á mortal”.

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Elza Soares (aos 13 anos, muito pobre, mal ajambrada, apresentando-se num programa de calouros para tentar ganhar dinheiro, respondendo à pergunta de Ary Barroso, apresentador do programa: “De que planeta você veio, minha filha?”: Do planeta fome!
(Ary Barroso se redimiu assim que ela começou a cantar: abraçou-a e disse algo mais ou menos assim: “Nasce uma estrela”.

***

Mouzar Benedito, jornalista, nasceu em Nova Resende (MG) em 1946, o quinto entre dez filhos de um barbeiro. Trabalhou em vários jornais alternativos (Versus, Pasquim, Em Tempo, Movimento, Jornal dos Bairros – MG, Brasil Mulher). Estudou Geografia na USP e Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo. É autor de muitos livros, dentre os quais, publicados pela Boitempo, Ousar Lutar (2000), em co-autoria com José Roberto Rezende, Pequena enciclopédia sanitária (1996), Meneghetti – O gato dos telhados (2010, Coleção Pauliceia) e Chegou a tua vez, moleque! (2017, e-book). Colabora com o Blog da Boitempo quinzenalmente, às terças. 

2 comentários em FOME!

  1. Luiz Alexandre Lara // 13/02/2020 às 1:50 am // Responder

    Caríssimo Mouzar, esse conjugado de frases que você nos “joga na cara” me traz um pensamento inquietante sobre nosso povo, o brasileiro, tantas vezes massacrado pelas elites que se revesam em gerações de genocidas, desde sempre: como sairemos da “vergonha”, passando pela equidade, para chegarmos à lucidez? Haverá tempo em nosso tempo?
    Brigado pela provocação… abraço – Xande (Luiz Alexandre)

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  2. Flavio Wolf de Aguiar // 13/02/2020 às 8:09 am // Responder

    Provérbio popular, muito citado por minha avó, que reinava na cozinha: “A fome é o melhor tempero”.

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