Sete faces de Eduardo Coutinho
"Conhecer os filmes de Eduardo Coutinho e não conhecer sua pessoa parece, de alguma forma, uma perda. Este livro nos proporciona um encontro único que não seria possível sem ele."
Por Bia Lessa.
Nem sempre autor e obra suscitam o mesmo interesse. Na maioria das vezes, não. No caso do Eduardo Coutinho, a história é outra. Para quem o conheceu de perto, sua figura e a potência do personagem criado por ele eram de uma radicalidade e de um humor extraordinários. Ouso dizer que sua personalidade era tão rica e complexa quanto seus filmes. Sua forma de estar no mundo inspirava reflexões, nos colocava em xeque e nos fazia rir risadas infinitas.
O livro Sete faces de Eduardo Coutinho vem preencher uma imensa lacuna: nos oferece uma análise profunda de seus filmes e de sua biografia, e um contato “pessoal” com Coutinho. Os dois, obra e autor, revolucionários e implacáveis, sem sombrinha de descanso! Em todos os seus atos, em suas falas e na própria história de sua vida – encerrada com uma morte para lá de trágica –, Coutinho se apresentou de forma peculiar. Seu escritório era a rua, sua respiração, o cigarro, seu radicalismo em relação a todos os assuntos, uma marca firme.
Por meio da expertise de Carlos Alberto Mattos – responsável por livros admiráveis como os realizados sobre Walter Lima Jr., Maurice Capovilla e Vladimir Carvalho, apenas para citar alguns –, temos a oportunidade de encontrar obra, pessoa e biografia. Acompanhar a trajetória do Coutinho de forma cronológica, desde os primeiros filmes, amplia nossa compreensão de seu trabalho, e essa é apenas uma das qualidades deste texto. Usufruir de sua formação familiar e acadêmica, de seus caminhos pelo teatro até chegar ao cinema, de suas andanças pela Europa, suas referências, tudo isso nos oferece uma chave em que obra e autor se mostram exemplarmente unidos.
Conhecer seus filmes e não conhecer sua pessoa parece, de alguma forma, uma perda. Sete faces de Eduardo Coutinho nos proporciona um encontro único que não seria possível sem ele.
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Em Sete faces de Eduardo Coutinho o jornalista Carlos Alberto Mattos nos oferece uma análise crítica que entrelaça vida e obra do cineasta. Observando as transversalidades e as conexões no tempo da obra completa – empreitada inédita –, Mattos revela as diferentes faces do realizador. Coutinho aparece aqui como diretor de teatro e cinema, roteirista, ator, crítico e até autor de horóscopo.
Dessa imersão no universo de Eduardo Coutinho nasce uma visão panorâmica das circunstâncias que forjaram cada um de seus filmes, das escolhas e processos que os construíram, assim como dos saberes que foram sendo acrescentados à consciência do documentário brasileiro contemporâneo. Também vem à tona, pela primeira vez num livro, a abordagem das manias, das obsessões e dos traços de personalidade que influenciavam diretamente os métodos de trabalho e a preferência de Eduardo Coutinho pelo cinema de encontro.
Coutinho teve um olhar criativo sobre realidades que tinham muito a nos dizer, ele foi e continuará sendo imprescindível em nossas vidas.
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