Marx pelos marxistas
A vida de Marx trazida pela pena de seus contemporâneos e herdeiros políticos mostra que ciência e conhecimento, assim como arte, cultura, filosofia, compreensão e afeto, são espaços de humanidade. Outra vida social é possível. E a cada dia mais necessária.
Por Virgínia Fontes.
O livro Marx pelos marxistas é uma lufada de ar fresco e de humanidade, que atravessa o tempo que nos separa de Marx e chega até nós em forma de homenagens feitas por muitos dos que o conheceram proximamente. Não é uma biografia, mas um conjunto de relatos de amigos, conhecidos e entusiastas. Nenhum dos que escrevem aqui teve o vil interesse como razão para seu texto, apenas a expressão de um afeto que não se compra.
A inteligência, o humor, a poesia, o conhecimento, a ciência, a arte e a filosofia foram o ambiente de Marx. Longe de pedantismos ocos, Marx era um estudioso com enorme rigor na análise das relações sociais, inflexível na crítica da economia política do capital e na luta contra a devastação da vida que este impunha e ainda impõe.
É essa mesma capacidade analítica e crítica que lhe permitiu viver intensamente as possibilidades da sociabilidade, muitas delas ofuscadas pelo capital. Marx preservou a doçura do afeto em muitas esferas: no trato gentil e direto com crianças, com suas filhas e seus netos; no convívio com jovens, rindo com as amigas das filhas, nas leituras coletivas dos grandes clássicos da literatura internacional; no amor por sua companheira Jenny; na camaradagem com os amigos; no prazer da música, do teatro e da poesia.
Os longos e ásperos debates teóricos e políticos da militância sempre foram centrais. Porém, não eliminavam as longas conversas, a atenção com os camaradas e com os jovens. As dificuldades da vida foram muitas, mas Marx e Jenny jamais perderam o senso de humor.
Vivemos tempos em que o capitalismo apenas oferece violência, despojo, expropriação e exploração brutal, deixando um rastro de devastação humana e ambiental que ameaça a própria vida no planeta. Quanto mais isso se torna evidente, mais os donos do mundo perseguem e falsificam Marx, irritados, pois o conhecimento verdadeiro de seu legado se torna a cada dia mais urgente e relevante. Falsificam seus textos e também sua vida.
A vida de Marx trazida pela pena de seus contemporâneos e herdeiros políticos mostra que ciência e conhecimento, assim como arte, cultura, filosofia, compreensão e afeto, são espaços de humanidade. Outra vida social é possível. E a cada dia mais necessária.
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Uma biografia feita pelas mãos não de um David Mclella, Juan Goytisolo ou Francis Wheen, mas por quem conviveu com o “Velho Diabo”. Pena que dentre os colaboradores não estejam os espiões da Polícia prussiana, que passando-se por revolucionários, hospedaram-se por algum tempo na casa dos Marx e em relatório publicado, proporcionaram uma interessante fonte de pesquisa sobre o dia-a-dia da família e do próprio Mouro. Parabens a Boitempo! Excelente proposta editorial!
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querido, onde encontro essa preciosidade?
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Uma biografia feita pelas mãos não de um David Mclellan, Juan Goytisolo ou Francis Wheen, mas por quem conviveu com o “Velho Diabo”. Pena que dentre os colaboradores não estejam os espiões da Polícia prussiana, que passando-se por revolucionários, hospedaram-se por algum tempo na casa dos Marx e em relatório publicado, proporcionaram uma interessante fonte de pesquisa sobre o dia-a-dia da família e do próprio Mouro. Parabens a Boitempo! Excelente proposta editorial!
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Em tempos em que uma transloucada débil, ignorante e medíocre mentalidade invertida se alvoraça a “críticos” cretinos, transmitindo ódio, alienação e pseudo liberdade de pensamento, é bem vinda uma transversal leitura da obra desse maior filósofo do sistema mundo contemporâneo. Certamente, terei que aguardar um pouco para ter acesso à obra presente, mas desde já, já me sinto melhor por vê-la anunciada
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