Cultura Inútil: Inferno!
Mouzar Benedito reúne as melhores frases e ditados sobre o inferno em nova coluna da série "cultura inútil"!
Por Mouzar Benedito.
“Quero ir para o inferno, não para o céu. No inferno, gozarei da companhia de papas, reis e príncipes. No céu, só terei por companhia mendigos, monges, eremitas e apóstolos.” (Nicolau Maquiavel)
Hoje em dia Maquiavel talvez mudasse um pouco a fala sobre quem encontraria no inferno. Presidente, deputados, senadores, governadores, empresários (que nunca pagaram o pato mas propagandeiam como se pagassem), escravistas rurais e urbanos, banqueiros, ministros, boa parte das altas autoridades em geral (judiciárias inclusive)…
Quando era criança, eu via na sala da casa de uma família religiosa um quadro chamado “O caminho largo e o caminho estreito”. O caminho largo, ladeado por cassinos e outras casas de diversão, era plano, não exigia esforços, mesmo assim havia carruagens (o quadro era dos tempos em que não existiam automóveis). Era atrativo, uma gandaia. E no fim dele estava o inferno. Quem optasse por essas facilidades da vida, terminava no inferno. Esta era a mensagem.
Ao lado do caminho largo, tinha um caminho estreito, difícil, com uma baita subida, pinguelas sobre córregos, feras ameaçando… Mas no final, quem seguia por ele chegava ao céu. Na época eu já achava que não era bem assim, pois os que se esbaldavam no “caminho largo” pareciam ter certeza que nunca cairiam no fogo do inferno, enquanto os pobres, ferrados, condenados ao “caminho estreito”, não tinham motivo nenhum para acreditar numa eternidade paradisíaca. Era uma propaganda para os pobres se conformarem acreditando que seriam recompensados depois de mortos.
Mas o que é o inferno, o que pensadores “famosos” dizem dele? Coletei um monte de frases e ditados, e repasso.
Bom… Antes de apresentar essas frases, uma coisa mais: fico imaginando o que se passa na cabeça de um bando de safados cheios de poder, fazendo tudo para se manterem com certos poderes, e não dando a mínima para qualquer sentimento humanitário, para dizer o mínimo. Podem ser políticos, empresários e até sindicalistas fiespentos. Falam como cristãos, tementes a Deus etc. etc. Mas comportam-se do jeito que o diabo gosta. Será que acreditam mesmo que existe inferno? É um pessoal vendido, perverso, mau, traidor, corrupto, mesquinho… Será que essas pessoas que, de acordo com a crença que dizem ter, não irão queimar no famoso “fogo eterno”?
Será que os vampiros e múmias que manipulam leis, ferram os pobres, acabam com direitos dos trabalhadores, colaboram para o massacre de povos indígenas, usam trabalho escravo, detonam o patrimônio do país e se comportam sempre como gente do mal, não têm medo do inferno? Ou será que eles são representantes aqui dos seres que mandam no inferno? São cúmplices?
O vampiro-mor, seu corpo de auxiliares formado por outros vampiros e por múmias, seus aliados manipuladores da justiça, seus parlamentares capetais… Penso neles. Como podem ser tão ruins? Quase todos se dizem “cristãos”, então deviam ter medo do inferno. Mas parecem não ter. Quem sabe, são eles mesmos os mandarins dos infernos. Capetas! Ah, curiosidade: capeta é diminutivo de capa. Antigamente, representavam o diabo sempre vestido com uma capa. Daí…
Então, fico vendo certas figuras que me dão nojo. Gente vendida, sem pejo, sem vergonha na cara, seres rastejantes… Aí vão alguns sinônimos desse tipo de gente: demônio, satã, satanás, arrenegado, diabo, Lúcifer, Arimã, Belial, Zamiel, Belzebu, príncipe das trevas, pedro-botelho, Asmodeu, diacho, serpente infernal, anjo das trevas, guedelha, espírito mau, imundo, maligno, tinhoso, gênio do mal, o cujo, o canhoto, o cão, cão-tinhoso, grão-tinhoso, coisa-ruim, não-sei-que-diga, anjo dos abismos insondáveis, excomungado, beiçudo, bode-preto, rabudo, rabão, capiroto, capa-verde, pé-cascudo, pé-de-cabra, pé-de-gancho, coxo, espírito imundo, decaído, labrego, cramulhano, farrapeiro, lá-de-baixo, porco-sujo, sarnento, taneco, tisnado, zaparelho, Mefistófolis, íncubo, súcubo…
Agora vamos aos pensamentos e ditados que coletei:
Guimarães Rosa: “Nós todos viemos do inferno: alguns ainda estão quentes de lá”.
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Dante Alighieri: “No inferno, os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise”.
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Eu: “O inferno é aqui na terra mesmo, mas só para os pobres. Para os ricos, aqui é um céu”.
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Schopenhauer: “Para milhões de seres humanos o verdadeiro inferno é a Terra”.
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Schopenhauer, de novo: “Após o homem ter posto todo sofrimento e tormento no inferno, nada restou para o céu, senão o tédio”
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Provérbio curdo: “Enquanto não tiveres conhecido o inferno, o paraíso não será bastante bom para ti”.
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Shakespeare: “O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui”.
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Winston Churchill: “Se você está atravessando o inferno… não pare”.
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Carlos Drummond de Andrade: “Se o inferno existir, este mundo deve ser o seu vestibular”.
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Drummond, de novo: “Circunstâncias infernais da vida habilitam a compreender a ideia de inferno”.
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Ditado: “Quem viver no inferno, se acostuma com o diabo”.
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Omar Khayam: “Ouço dizer que os amantes do vinho serão castigados no inferno. Se os que amam o vinho e o amor vão para o inferno, o paraíso deve estar vazio”.
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Lucrécio: “Na verdade, aqueles suplícios que dizem existir no profundo inferno, estão todos aqui, nas nossas vidas”
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Marquês de Sade: “Não há outro inferno para o homem além da estupidez ou da maldade dos seus semelhantes”.
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Marquês de Maricá: “A imaginação é o paraíso dos afortunados e o inferno dos desgraçados”.
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Não sei quem: “Perdoar é divino, mas mandar para o inferno é mais legal”.
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Provérbio libanês: “Quem tem dinheiro, mesmo no inferno, pode tomar sorvete”.
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Ditado popular: “Fala do inferno, e o diabo aparece”.
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Bernard Fontenelle: “Uma mulher bonita é o paraíso dos olhos, o inferno da alma e o purgatório da bolsa”.
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Aldous Huxley: “O inferno é a incapacidade de sermos diferentes da criatura segundo a qual ordinariamente nos comportamos”.
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Aldous Huxley de novo: “E se este mundo for o inferno de outro planeta?”.
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C.S. Lewis: “A estrada mais segura para o inferno é aquela gradual – o declive suave, piso macio, sem curvas acentuadas, sem marcos de referência, sem sinalização”.
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Lewis, de novo: “O inferno é o único lugar fora do céu onde podemos estar seguros dos perigos do amor”.
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Carl Jung: “O homem que não atravessa o inferno de suas paixões também não as supera”.
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Ditado popular: “No inferno tem uma forca pra quem não gaba o que é seu”.
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Jean-Paul Sartre: “O inferno são os outros”.
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Clarice Lispector: “Somos livres, e este é o inferno”.
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Clarice Lispector, de novo: “O que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano – já me aconteceu antes”.
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Victor Hugo: “Do inferno dos pobres é feito o percurso dos ricos”
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Nikos Kazantzakis: “Não sei como é a alma de um criminoso, mas a alma do homem honesto, do homem bom, é um inferno”.
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Sean Penn: “O Iraque não é nosso banheiro. É um país de seres humanos cujas vidas foram oprimidas por Saddam e agora estão em um inferno de Dante”.
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Nietzsche: “Uma doutrina doce para os que têm fé nela não contém inferno nem ameaças. Os que não têm fé, estes apenas sentiram em si uma vida fugidia”,
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Ditado judaico: “Os homens são criadores dos seus próprios infernos”.
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Percy Shelley: “O inferno é uma cidade muito parecida com Londres. Uma cidade com muita gente e muita fumaça”.
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José Saramago: “A maior dificuldade para chegar e viver razoavelmente no inferno é o cheiro que lá há”.
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Ditado popular: “Quem dá e volta a pedir, ao inferno vai cair”.
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John Milton: “A mente é um lugar em si mesma e pode fazer do inferno um paraíso e do paraíso um inferno”.
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John Milton, de novo: “É melhor reinar no inferno do que servir no céu”.
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Arthur Rimbaud: “Acredito que estou no inferno, portanto estou nele”.
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Isaac Asimov: “Eu não temo morrer e ir pro inferno ou – o que seria consideravelmente pior – ir para a versão popularizada do paraíso. Eu espero que a morte seja um nada e, por me remover todos os medos possíveis da morte, eu sou muito agradecido ao ateísmo”.
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Ditado popular: “Quem no inferno foi criado, no inferno é desejado”.
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Jorge Luis Borges: “O que é o céu se não um suborno, e o que é o inferno se não uma ameaça?”.
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Não sei quem: “Tem gente que não adianta mandar para o inferno: o capeta devolve”.
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Thomas Fuller: “O paraíso de um tolo é o inferno de um sábio”.
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Ditado popular: “É bom ter amigos, até no inferno”.
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Virgílio: “Se eu não puder mover os céus, moverei o inferno”.
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Friedrich Hölderlin: “A Terra nunca se parece tanto com o inferno como quando os seres humanos tentam fazer dela um céu”.
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Ivan Teorilang: “Para descer ao inferno, encontrarás inúmero caminhos e facilidades, não precisarás nem suar a camisa antes de chegar lá”.
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Ditado popular: “Dá mais trabalho ir para o inferno do que para o céu”.
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Machado de Assis: “O inferno é um hospício de incuráveis”.
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Nietsche: “O idealista é incorrigível: se é expulso do céu, faz um ideal do seu inferno”.
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Charles Bukowski: “Às vezes você acha bondade no meio do inferno”.
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Simone Weil: “O inferno é darmo-nos conta de que não existimos e não nos conformamos com isso”.
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Cazuza: “O inferno é um baile de carnaval no Monte Líbano”.
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Ditado popular: “De boas intenções o inferno está calçado”.
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Karl Marx: “O caminho do inferno está pavimentado de boas intenções” (usado por).
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George Bernard Shaw: “Uma vida inteira de felicidade! Nenhum homem vivo conseguiria suportá-la. Seria o inferno”.
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Provérbio xintoísta: “O céu e o inferno provêm do mesmo coração”.
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Mark Twain: “As pessoas que me dizem que eu vou para o inferno e elas vão para o céu, de certa forma deixam-me feliz de não estarmos indo para o mesmo lugar”.
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Mark Twain, de novo: “Prefiro o paraíso pelo clima, o inferno pelas companhias”.
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Freddie Mercury: “Oh, eu não fui feito para o paraíso. Não, eu não quero ir para o paraíso. O inferno é muito melhor. Pense em todas as pessoas interessantes que você vai encontrar lá embaixo!”.
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Termino lembrando uma historinha que já contei aqui no Blog da Boitempo, sobre o cacique Hatuey, nascido no Haiti. No início do século XVI, ele foi de canoa para Cuba, para prevenir os povos indígenas de lá sobre a maldade dos colonizadores espanhóis. Foi pego e condenado à morte na fogueira. Um padre disse que se ele se convertesse ao cristianismo iria para o céu. Hatuey perguntou ao padre se espanhóis também iam para o céu, e ele disse que sim. Então o cacique disse algo mais ou menos assim: “Então quero ir para o inferno. Não quero ir para um lugar com gente tão ruim”.
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Mouzar Benedito, jornalista, nasceu em Nova Resende (MG) em 1946, o quinto entre dez filhos de um barbeiro. Trabalhou em vários jornais alternativos (Versus, Pasquim, Em Tempo, Movimento, Jornal dos Bairros – MG, Brasil Mulher). Estudou Geografia na USP e Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo. É autor de muitos livros, dentre os quais, publicados pela Boitempo, Ousar Lutar (2000), em co-autoria com José Roberto Rezende, Pequena enciclopédia sanitária (1996), Meneghetti – O gato dos telhados (2010, Coleção Pauliceia) e Chegou a tua vez, moleque! (2017, e-book). Colabora com o Blog da Boitempo quinzenalmente, às terças.
Ei Mouzar: muito bom. Duas contribuições: 1. um dito, de minha marca: “de infernos as boas intenções estão cheias”. 2. um comentário, que eu sempre fazia pros meus alunos, quando falava do inferno – o inferno é muito mais legal do que o paraíso; é mais democrático, qualquer um pode entrar; já no paraíso, precisa ter carteirinha e se for do Brasil, despachante; segundo, você não tem que usar camisolão, fingir que é assexuado e ficar cantando canto gregoriano pra Deus o tempo inteiro, ou seja, o paraíso é um saco; no inferno, com sorte, você vai pro Limbo, fica lá lendo o que quiser, ou então, se estiver na fogueira, sempre pode fazer um churrasquinho; e terceiro, nunca houve uma guerra porque algum energúmeno quisesse ir para o inferno, ou quisesse afirmar que “o meu inferno é melhor do que o seu”; já o paraíso… em suma, o paraíso é mais traiçoeiro e perigoso. Uma observação teológico-filosófica: em todas as religiões, os infernos são parecidos uns com os outros. Ou seja, a consciência da dor aproxima os viventes. Já o prazer…
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O inferno existe para você ser bom segundo os princípios cristãos, caso contrário você corre o risco de ser bom de forma pagã, o que seria um desastre para as igrejas.
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Boa, Flávio. Estou em São Luiz do Paraitinga, na Festa do Saci (maravilhosa!). Uma das versões sobre a origem do Saci é que houve uma festa no inferno e todo mundo encheu a cara. Até o porteiro do inferno ficou bêbado, e um bando de diabinhos fugiu. Quando passou a bebedeira, os diabos de ressaca, o satanás determinou que um bando saísse pra pegar os diabinhos fugitivos e levar de volta. Pegaram todos, menos um… Olha ele aí. Mas é só uma das versões, né?
Abraços.
Mouzar
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Uma outra denominação do demônio muita usada no interior é “capeta” talvez derivado de capa preta.
Dizem que no inferno não é tão quente como se apregoa pq quem toma conta das fornalhas são brasileiros. Então, um dia funciona e outros dez não. Falta mão de obra, tá todo mundo fazendo concurso para ser funcionário público. Principalmente juiz.
Pensando bem, política é uma doença ainda não investigada e para mim um dos sintomas é semelhante à cleptomania..
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Oi, João Damaceno.
Nas gravuras antigas, o diabo aparecia sempre com uma capa. Capeta, diminutivo de capa, é a razão por que virou sinônimo de diabo. Você acertou, pelo menos é a história que conheço.
Abraços.
Moluzar
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estou com o Omar Khayam e a primeira do Marck Twain
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Oi Mozar, o diabo do inferno é que Satanas tem a mesma mania do lá de cima e quer mandar em todo mundo. É preciso mandar os dois para o Limbo.
Um abraço anarquista
Tarcisio
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Quando Voltaire estava em seu leito de morte, padres o perguntaram se ele gostaria de renunciar o Diabo. Sarcasticamente, ele respondeu: “não é hora de fazer novos inimigos”.
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