Bem-vindo, Lênin!
Augusto Buonicore escreve sobre a importância do "Arsenal Lênin", ambiciosa nova coleção que a Boitempo inaugura no centenário da Revolução Russa.
Por Augusto Buonicore.
Vladímir Ilitch Uliánov Lênin (1870-1924) foi o mais importante líder bolchevique e chefe de Estado soviético, mentor e executor de um evento que inaugurou uma nova etapa da história universal, a Revolução Russa de 1917. Intelectual e estrategista com rara apreensão do momento histórico em que viveu, escreveu artigos e livros que inspiraram a articulação do internacionalismo socialista e aprofundaram a compreensão do capitalismo, dos efeitos do desenvolvimento desigual, do imperialismo e do Estado. Durante sua existência, praticou o que escreveu e escreveu sobre o que praticou, num notável exemplo de coerência. Quase toda a sua obra – teórica e prática – foi produzida nas duas décadas que inauguraram o século XX, período em que sua influência foi decisiva. Por isso e muito mais, é fundamental voltar a Lênin. A Boitempo aceita o desafio e se lança nesta aventura fundamental: a coleção Arsenal Lênin!
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O lançamento da coleção Arsenal Lênin pela editora Boitempo é motivo de muita alegria para todos aqueles que têm interesse no rico – e contraditório – processo de desenvolvimento e expansão do marxismo ao longo do século 20. Nenhum outro intelectual influenciou tanto as lutas emancipatórias dos trabalhadores e dos povos do mundo quanto Vladímir Ilitch Uliánov, vulgo Lênin. Várias gerações de revolucionários – de todos os continentes – foram, de alguma forma, tributárias do seu pensamento. Contudo, ele tem sido o grande ausente no mundo editorial e nos debates acadêmicos contemporâneos, mesmo entre os segmentos de esquerda. Suas obras desaparecem dos catálogos e dos currículos. Ao bem da verdade, nestes últimos nunca estiveram.
As várias ondas do marxismo que bateram nas costas das universidades brasileiras tenderam a subestimar as contribuições de Lênin. Ocorreu uma verdadeira “operação intelectual” (ou ideológica) visando a separar o pensamento de homens como Gramsci, Lukács e Althusser da sua fonte teórica imediata mais importante. Chegaram mesmo a erigir uma verdadeira muralha da China entre eles, considerados originais e críticos, e Lênin tachado de dogmático. E nisso reside uma contradição, visto que todos se consideraram tributários do pensamento e da ação política de Lênin. Falando de uma forma mais seca e direta: todos se diziam leninistas.
Em 1924, Lukács afirmou que Lênin havia sido “o maior pensador que o movimento revolucionário dos trabalhadores concebeu desde Marx.” Por isso mesmo advogava que “Lênin deveria ser estudado do mesmo modo como ele estudou Marx.”. (Lênin: um estudo sobre a unidade de seu pensamento, p.29). No volume 1 de Para uma ontologia do ser social, ele voltou a escrever: “A obra de Lenin é, após a morte de Engels, a única tentativa de amplo alcance no sentido de restaurar o marxismo em sua totalidade, de aplicá-lo aos problemas do presente e, portanto, de desenvolvê-lo.” (p.301).
Sobre a contribuição de Lênin observou Gramsci nos Cadernos do cárcere: “O princípio teórico-político da hegemonia […] é a maior contribuição de Ilitch (Lênin) à filosofia da práxis (marxismo).” Não precisamos relembrar aqui o quanto é importante o conceito de hegemonia na construção teórica gramsciana. Por fim, citemos a ousada afirmação de Althusser: “Lênin nos oferece elementos para começar a pensar a forma específica da prática filosófica na sua essência e dar retrospectivamente um sentido a numerosas fórmulas consignadas nos grandes textos filosóficos.”. Ou: “graças a Lênin, podemos começar a compreender […] o mundo filosófico hegeliano.”. Estas citações deixam bastante claro o que esses intelectuais pensavam sobre as contribuições de Lênin ao marxismo.
Em 1922, preocupado com o crescente menosprezo pela dialética entre os comunistas russos, Lênin propôs aos editores da revista teórica do Partido Comunista – “Sob a bandeira do marxismo” – que criassem uma “sociedade dos amigos materialistas da dialética de Hegel”. Hoje, devemos conclamar a intelectualidade marxista a organizar uma sociedade dos amigos das ideias materialistas e dialéticas de Lênin!
A obra inaugural do Arsenal Lênin já está em pré-venda!
Escrita exatamente cem anos atrás, às vésperas da Revolução de Outubro, O Estado e a revolução ganha tradução inédita, feita diretamente do original em russo e revisada por Paula Vaz de Almeida. A edição cuidadosa traz diversas notas e comentários, além dos preciosos esboços preparatórios de Lênin que incluem planos para um último capítulo, jamais escrito, e vem acrescida de apresentação e posfácio de grandes especialistas brasileiros e outros anexos selecionados.
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“É impossível superestimar o potencial explosivo de O Estado e a revolução – neste livro, o vocabulário e a gramática da tradição política ocidental foram abruptamente abandonados’” – Slavoj Žižek
“O Estado e a revolução é um livro fundamental, não só por explicitar o que seria um Estado do proletariado no poder, como por ser um verdadeiro laboratório sobre a práxis revolucionária, por mostrar como uma teoria sobre o Estado e a atuação no processo revolucionário permitiram formular a teoria do Estado da classe operária.” – Marly Vianna
Conselho editorial | Arsenal Lênin
Antonio Carlos Mazzeo • Antonio Rago • Augusto Buonicore • Ivana Jinkings • Marcos del Roio • Marly Vianna • Milton Pinheiro • Slavoj Žižek
Onde encontrar?
- Livraria da Travessa
- Saraiva Online
- Livraria Cultura
- Cia dos Livros
- Fnac Brasil
- Livraria Martins Fontes
- Amazon
- Boitempo Editorial
O dossiê especial “1917: o ano que abalou o mundo“, reúne reflexões de alguns dos principais pensadores críticos contemporâneos nacionais e internacionais sobre a história e o legado da Revolução Russa. Aqui você encontra artigos, ensaios, reflexões, resenhas e vídeos de nomes como Alain Badiou, Slavoj Žižek, Michael Löwy, Christian Laval, Pierre Dardot, Domenico Losurdo, Mauro Iasi, Luis Felipe Miguel, Juliana Borges, Wendy Goldmann, Rosane Borges, José Paulo Netto, Flávio Aguiar, Mouzar Benedito, Giovanni Alves, Ruy Braga, Edson Teles, Lincoln Secco, Luiz Bernardo Pericás, Gilberto Maringoni, Alysson Mascaro, Todd Chretien, Kevin Murphy, Yurii Colombo, Álvaro Bianchi, Daniela Mussi, Eric Blanc, Lars T. Lih, Megan Trudell, Brendan McGeever, entre outros. Além de indicações de livros e eventos ligados ao centenário.
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Augusto César Buonicore é historiador, presidente do Conselho Curador da Fundação Maurício Grabois. Membro do conselho editorial da coleção Arsenal Lênin, da Boitempo, é também autor dos livros Marxismo, história e a revolução brasileira: encontros e desencontros, Meu Verbo é Lutar: a vida e o pensamento de João Amazonas e Linhas Vermelhas: marxismo e os dilemas da revolução. Todos publicados pela Editora Anita Garibaldi. Colabora para o Blog da Boitempo mensalmente, às segundas.
Alguns textos de Lenin, hoje, parecem complicados, inclusive O Estado e a Revolução, baseado nas análises do Manifesto, que apresenta o Estado como um instrumento da burguesia e a revolução como um momento de choque frontal entre duas classes, sem intermediação. Naquelas circunstâncias, as condições já tinham mudado muito, e ele já dispunha de várias avaliações que apresentavam várias questões sobre a luta dos trabalhadores muito diferentes. A Introdução de Engels, ao livro de Marx “As lutas sociais na França”, de 1895, por exemplo era um exemplo disso. Deve ter ignorado isso talvez por questões táticas, na medida que estava empenhado na conjuntura russa e obcecado no processo revolucionário de 1 país muito parecido com os países capitalistas da Europa do século XIX.
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Cambada de vagabundos!!! Admirar um verme como esse Lênin…. seus lixos.
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Apelo a Editora para retirar este comentario do vagabundo Maico.
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Parabéns por levar em conta minha sugestão de publicar as obras principais do Grande Revolucionario Lenin, a editora merece milhões de parabéns pelo conjunto do trabalho na divulgação das primorosas obras dos Gigantes Comunistas, segue outra sugestão as obras principais de Trotsky, Lider cujas ideias ate hoje esta numa nuvem obscura de confusão e de interpretações errôneas, mas por enquanto fica aqui meus agradecimentos e de todos aqueles que querem a construção de uma sociedade baseada na justa relação individuo e coletivo.
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