Maringoni: O quadrinho do ano russo
Gilberto Maringoni escreve sobre a premiada HQ "Laika", de Nick Abadzis, que chega ao Brasil pelo selo de quadrinhos da Boitempo, o "Barricada".
Por Gilberto Maringoni.
O Barricada, selo de quadrinhos da Boitempo, acaba de lançar Laika, de Nick Abadzis. O volume é quase inclassificável. Na forma, é uma novela ilustrada, com ritmo, pegada, roteiro veloz, diálogos exatos e desenhos fulgurantes. Quadrinho de gibi, como deve ser.
No conteúdo, é um livro sobre apegos, afetos e insistências. Coloca em cena pelo menos dois personagens reais diante de uma conjuntura global a afetar vidas e expectativas.
Da trama emerge um minucioso trabalho sobre escolhas, sobre a ligação entre a cadela mais conhecida da história e sua treinadora no programa espacial soviético, durante a vertigem da Guerra Fria. Surge aqui também o drama de um pioneiro da ciência que, à testa de um formidável investimento em inovação e tecnologia, muda a percepção da humanidade sobre o espaço que nos cerca.
Como pano de fundo, há a construção de um sonho de igualdade entrecortado pela aspereza de sua edificação concreta. O livro se chama Laika, mas poderia se denominar Korolióv. Pois Serguéi Pávlovitch Korolióv (1907-1966) foi um dos segredos mais bem guardados do programa espacial soviético, nos tempos em que a corrida à Lua era peça-chave nas disputas políticas orientais e ocidentais. Um gênio ucraniano que revolucionou a indústria de foguetes e colocou o primeiro satélite artificial e o primeiro cosmonauta – Iúri Gagárin – em órbita terrestre.
Perseguido, encarcerado e exilado nos anos de desespero da construção da URSS, Korolióv sobreviveu à prisão, ao exílio e a acusações estúpidas por reinventar o imaginário de seu tempo. Sua trajetória corre paralela à de Laika, no infindável debate sobre a manipulação de destinos individuais em conflitos coletivos.
Mas Laika não é um livro-tese nem nos coloca diante da exaltação oca das hagiografias povoadas de heróis unidimensionais. Fala de existências miúdas, de uma menina e de seu bichinho de estimação, de jornadas comuns e repetitivas e de uma relação de cumplicidade simbiótica entre aqueles que tatearam os limites do conhecimento e um animalzinho lançado ao infinito.
Laika, o todo, extrai daí seu impulso vital, do que é aparentemente acessório em premências universais e assim se faz incômodo e lírico, numa tensão a latejar na cabeça do leitor até bem depois de fechada a última página.
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Obra vencedora do Eisner Awards 2008
“Repleta de páthos e comoção.” – Kirkus Reviews
“Um destaque.” – Publishers Weekly
“Tenha lenços de papel à mão.” – School Library Journal
Onde encontrar?
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Livraria da Travessa
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Saraiva Online
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Livraria Cultura
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Cia dos Livros
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Fnac Brasil
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Livraria Martins Fontes
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Amazon
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Boitempo Editorial
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Quadrinhos no Blog | Gostou? Leia também “Luis Gê em seis tempos” e “Uma das melhores HQs de todos os tempos“, de Gilberto Maringoni; “Surfista prateado“, sobre o quadrinho americano dos anos 60, “A rebeldia de Octobriana“, sobre a incrível personagem soviética de HQs e “O mundo louco de Basil Wolverton“, na coluna de Luiz Bernardo Pericás, no Blog da Boitempo!
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Gilberto Maringoni é doutor em História Social pela FFLCH-USP e professor adjunto de Relações Internacionais na Universidade Federal do ABC. É autor, entre outros, de A Revolução Venezuelana (Editora Unesp, 2009), Angelo Agostini: a imprensa ilustrada da Corte à Capital Federal – 1864-1910 (Devir, 2011) e da introdução do romance O homem que amava os cachorros, do cubano Leonardo Padura. Cartunista, ilustrou algumas capas de livros publicados pela Boitempo Editorial na Coleção Marx Engels, como o Manifesto comunista. Integra o conselho editorial do selo Barricada, de quadrinhos da Boitempo.
Republicou isso em O LADO ESCURO DA LUA.
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Até agora eu não entendi o que faz esse Maringoni.
Toda vez que eu leio o nome do Maringoni lembro do Marighella e do Lamarca.
Maringoni você só ilustra os ilustres? Você não escreve nada?
Começa escrevendo histórias sem graça e sem sentido igual o Laerte.
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Sua critica é vazia e preconceituosa. Começa desqualificando o nome do Maringoni, além de estremamente grosseira!
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Safira Caldas, eu estava de provocação com o Maringoni. Esse pessoal adora uma zoação. E de quebra taquei o Laerte no meio. Olha a cara do Maringoni, que cara boa e linda, pronta pruma brincadeira!
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O LIVRO TEM UM GRANDE PROBLEMA. MEU FILHO LEU EM 24 hs DEVIDO A SER DELICIOSO. ISSO é GRAVE.
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