Um balanço do ano que passou e as novidades para 2017!

Fizemos uma seleção dos destaques do ano, e antecipamos um pouco do que a Boitempo prepara para 2017!

Queridos amigos,

Primeiramente, vocês já sabem o quê.

Segundamente, ótimas festas e um 2017 mais leve para todos nós!

Viradas de ano são inevitáveis tempos de balanço. Nós da Boitempo chegamos ao fim deste 2016 angustiante com a sensação de termos dado uma contribuição importante para o debate de ideias e para a difusão da cultura. Foi um ano conturbado no Brasil e no mundo. Apesar disso, publicamos um total de 33 livros novos, de clássicos do pensamento crítico a autores contemporâneos essenciais, passando por literatura contemporânea latino-americana e internacional, obras de intervenção política, revistas de ensaios e até quadrinhos! Confira, ao final deste post a lista completa das obras publicadas em 2016, bem como alguns dos títulos que preparamos para 2017.

Demos seguimento à organização de eventos que aproximam autores, público leitor e editores. Das contações de histórias por Kiara Terra aos debates em torno da política como interesse das crianças que marcaram a estreia do selo infantil da editora, o Boitatá, os atos e debates em torno da crise política, econômica e institucional na qual o país se vê imerso, a Boitempo organizou e apoiou muitas dezenas de eventos em diversos estados.

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A presidente Dilma Rousseff recebeu, da fundadora e editora-chefe da Boitempo, Ivana Jinkings, a coleção Livros para o Amanhã, que estreia o Boitatá, nosso selo infantil, e apresenta aos pequenos, de maneira lúcida, grandes temas como democracia, ditadura, igualdade de gênero e classes sociais. [Foto: Flávio Aguiar]


Além de trazer ao país alguns autores internacionais destacados, como Boaventura de Sousa Santos, Christian LavalDavid Harvey, Leonardo PaduraMichael Löwy e Pierre Dardot, entre outros, a editora encabeçou a organização da segunda edição do já célebre Salão do Livro Político, sediado a partir deste ano no Centro Cultural São Paulo.

Para os amantes da ficção, a Boitempo apoiou clubes de leitura e debates sobre a relação entre literatura e sociedade, de discussões em torno do romance Cabo de guerra, de Ivone Benedetti, ao curso “Para que se escreve um romance?”, apresentado pelo escritor cubano Leonardo Padura, que veio ao país a convite do Sesc-SP para promover sua série “Estações Havana”.

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Gilberto Maringoni, no ato de lançamento do livro Por que gritamos golpe? Para entender o impeachment e a crise política no Brasil, evento que contou com a presença de grandes intelectuais e militantes de esquerda como Tales Ab’Saber, Djamila Ribeiro, Eduardo Suplicy, Leda Paulani, Eduardo Fagnani, Esther Solano, Lira Alli, Murilo Cleto, Carlos Eduardo Martins, Laura Carvalho, entre outros.

O ano também foi marcado por uma série de debates sobre feminismo, organizados em torno de livros como Reivindicação dos direitos da mulher, de Mary Wollstonecraft, e da antologia Gênero e trabalho no Brasil e na França, organizada por Helena Hirata, tendo como ápice os diversos eventos em torno do clássico do feminismo negro Mulheres, raça e classe, de Angela Davis; além das atividades organizadas em livrarias e centros culturais de São Paulo e Rio de Janeiro, a publicação inspirou inúmeras iniciativas de acadêmicas e militantes por todo o país.

Djamila Ribeiro em um dos debates de lançamento de Mulheres, raça e classe, de Angela Davis. A gravação completa do debate, intitulado “A mulher negra e a renovação da esquerda“, está disponível na TV Boitempo. [Foto: Artur Renzo]

Boa parte dessas atividades tiveram suas gravações integrais publicadas na TV Boitempo que, com um total de 550 vídeos e mais de dois milhões de visualizações, ultrapassou este ano o marco de 30 mil inscritos, consolidando-se como o maior canal de editora brasileira no YouTube. Na esteira do uso de ferramentas do mundo virtual para promover o compartilhamento de saberes e ampliar o alcance das reflexões e ideias para além das nossas publicações, a Boitempo anunciou este ano o lançamento do impressionante Portal Enciclopédia Latinoamericana. Digitalizando, atualizando e ampliando todo o conteúdo da Latinoamericana: enciclopédia contemporânea da América Latina e do Caribe, obra vencedora do Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Não-Ficção de 2007, a plataforma põe à disposição de estudantes, professores e pesquisadores que dependem de uma fonte segura para fazer os seus estudos mais de mil verbetes elaborados por uma equipe interdisciplinar que supera uma centena de autores – entre eles, alguns dos mais respeitados intelectuais contemporâneos, como Álvaro García Linera, Ana Esther Ceceña, Aníbal Quijano, Atilio Boron, Carlos Eduardo Martins, Edelberto Torres-Rivas, Eduardo Galeano, Emir Sader, Fernando Martínez Heredia, Flávio Aguiar, Francisco de Oliveira, Gerardo Caetano, Héctor Alimonda, Luiz Alberto Moniz-Bandeira, Marcio Pochmann, Marco Gandásegui, Néstor García Canclini, Pablo Gentili, Ricardo Antunes, Theotonio dos Santos, Tomás Moulian, Vivian Martínez Tabares, Wilson Cano e tantos outros.

Este ano, nossa revista semestral, a Margem Esquerda, e a coleção Estado de Sítio, coordenada por Paulo Arantes, ambém ganharam novos projetos editoriais e visuais, e o Blog da Boitempo se transformou em um portal virtual interativo, fortalecendo-se como plataforma para a expansão, difusão e compartilhamento do pensamento crítico em língua portuguesa.

A mensagem vai ficando extensa, mas é impossível deixar de mencionar aqui alguns dos prêmios que marcaram a editora em 2016. Logo no início do ano, a Coleção Livros para o Amanhã, que estreou o selo Boitatá, recebeu o prêmio de melhor não-ficção do ano na Feira de Bolonha, mais importante evento de literatura infantil do mundo. O historiador Luiz Bernardo Pericás, autor e colaborador de longa data, recebeu, pela publicação do ambicioso Caio Prado Júnior: uma biografia política, o troféu Juca Pato de Intelectual do Ano – prêmio concedido ao próprio Caio Prado em 1967 (confira aqui o discurso completo de Caio Prado no recebimento do troféu, e aqui o de Pericás). O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, que veio ao Brasil realizar o lançamento mundial de seu livro A difícil democracia: reinventar as esquerdas, foi o homenageado internacional da II Bienal do Livro de Brasília. E levamos para casa o prêmio Jabuti pelo livro Mal-estar, sofrimento e sintoma: uma psicopatologia do Brasil entre muros, de Christan Dunker. (Entre os finalistas do Jabuti, tivemos ainda Raquel Rolnik, por Guerra dos lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finançasAnita Leocádia Prestes, pela biografia Luiz Carlos Prestes: um comunista brasileiro.)

Pra finalizar, acaba de estrear, na Netflix, a aguardada minisérie baseada na “tetralogia suja” de Leonardo Padura, “Estações Havana“. A série narra o dia a dia do investigador Mario Conde – que, na verdade, queria mesmo era ser escritor – pelas ruas de Havana durante as quatro estações do emblemático ano de 1989, marcado pela queda do Muro de Berlim. Com roteiro adaptado pelo próprio Padura e sua esposa Lucia Lopez Coll, a série chega às telinhas dirigida por Félix Viscarret, que também produziu um longa, intitulado “Ventos de Havana”, a partir do primeiro episódio da série. Confira, abaixo, o trailer da produção, que saiu com o nome “Quatro estações em Havana“:

Por fim, agradecemos o apoio imprescindível de todos – autores, colaboradores, professores, clientes, leitores –, parte essencial da história da Boitempo. Para 2017, acostumados que estamos a navegar em águas turvas, podem aguardar uma nova leva de publicações e eventos com os quais pretendemos ajudar a construir não apenas um tempo melhor, mas uma sociedade mais justa.

Algumas das obras previstas para 2017

Para além do Leviatã: Crítica do Estado, Volume I: O desafio histórico, de István Mészáros [projeto de vida do filósofo húngaro, a ter seu lançamento mundial no Brasil pela Boitempo]

Os despossuídos: debates sobre a lei referente ao furto de madeira, de Karl Marx [com um belo texto de apresentação assinado por Daniel Bensaïd]

Dicionário gramsciano, organizado por Guido Liguori e Pasquale Voza [magnífica obra, a se tornar referência!]

Caminhos divergentes: judaicidade e crítica do sionismo, de Judith Butler

O uso dos corpos: Homo sacer, IV, 2, de Giorgio Agamben [aguardado volume final do ambicioso projeto “Homo Sacer” do filósofo italiano]

Teoria geral do direito e marxismo, de E. Paschukanis [traduzido diretamente do russo]

O capital, Livro III, de Karl Marx [o mais aguardado do ano!]

Ruy Guerra: paixão escancarada, de Vavy Pacheco Borges

A rebeldia do precariado, de Ruy Braga

Reconstruindo Lenin: uma biografia intelectual, de Tamás Krausz

The New Jim Crow: Mass Incarceration in the Age of Colorblindness, de Michelle Alexander

Laika, graphic novel de Nick Abadzis sobre a cadela russa que se tornou conhecida por ser o primeiro ser vivo terrestre a orbitar o planeta!

E mais: novidades de Angela Davis, do Boitatá e do Barricada, nosso selo de quadrinhos!

Nossos lançamentos de 2016

17 contradições e o fim do capitalismo, de David Harvey

A crise da ideologia keynesiana, de Lauro Campos

A difícil democracia: reinventar as esquerdas, de Boaventura de Sousa Santos

A legalização da classe operária, de Bernard Edelman

A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal, de Christian Laval e Pierre Dardot

As contradições do lulismo: a que ponto chegamos?, organizado por André Singer e Isabel Loureiro

A teoria da alienação em Marx, de István Mészáros [nova edição!]

Cabo de guerra, de Ivone Benedetti

Cidades sitiadas: o novo urbanismo militar, de Stephen Graham

Caio Prado Júnior: uma biografia política, de Luiz Bernardo Pericás

Deslocamentos do feminino: a mulher freudiana na passagem para a modernidade, de Maria Rita Kehl

Estação Perdido, de China Miéville

Fidel: biografia a duas vozes, de Fidel Castro e Ignacio Ramonet [nova edição!]

Gênero e trabalho no Brasil e na França: perspectiva interseccional, organizado por Alice Rangel de Paiva Abreu, Helena Hirata e Maria Rosa Lombardi

Margem Esquerda #26 | Dossiê: Terrorismo, imigração e xenofobia

Margem Esquerda #27 Dossiê: Marxismo e a questão racial, coordenado por Silvio Luis de Almeida

Marx e Engels como historiadores da literatura, de György Lukács

Mais Marx!, material de apoio à leitura

Michael Löwy: marxismo e crítica da modernidade, de Fabio Mascaro Querido

Mulheres, raça e classe, de Angela Davis

O sujeito incômodo: o centro ausente da ontologia política, de Slavoj Žižek

Por que gritamos golpe? Para entender o impeachment e a crise política no Brasil

Passado perfeito, de Leonardo Padura

Ventos de quaresma, de Leonardo Padura

Máscaras, de Leonardo Padura

Paisagem de outono, de Leonardo Padura

Sartre: direito e política: ontologia, liberdade, revolução, de Silvio Luiz de Almeida

Televisão: tecnologia e forma cultural, de Raymond Williams

Lançamentos de 2016 do Barricada, selo de quadrinhos da Boitempo

Modelo Vivo, de Laerte Coutinho

Lançamentos de 2016 do Boitatá, selo infantil da Boitempo

Monstro Rosa, de Olga de Díos

Pássaro amarelo, de Olga de Díos

As mulheres e os homens, ilustrado por Luci Gutiérrez

O que são classes sociais?, ilustrado por Joan Negrescolor

Até breve! Felizes festas!

Equipe Boitempo

Allan Jones, Ana Yumi Kajiki, Artur Renzo, Bibiana Leme, Eduardo Marques, Elaine Ramos, Giselle Porto, Ivam Oliveira, Isabella Marcati, Ivana Jinkings, Leonardo Fabri, Livia Campos, Kim Doria, Marlene Baptista, Maurício Barbosa, Thaís Barros, Tulio Candiotto e Renato Soares.

7 comentários em Um balanço do ano que passou e as novidades para 2017!

  1. Vavy Pacheco Borges // 16/12/2016 às 12:10 pm // Responder

    Tenho muito orgulho em me juntar aos autores desta editora, parabéns por este blog tão significativo e atuante. Vavy Pacheco Borges

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  2. Antonio Elias Sobrinho // 16/12/2016 às 1:56 pm // Responder

    Tem sido através da Boitempo, sobretudo através desse blog, que tenho, minimamente, permanecido atualizado com a análise das grandes questões do mundo contemporâneo, sobretudo com a turbulência da política de um país que, a cada dia, demonstra ter dificuldades de encontrar um caminho no sentido de congregar forças para a formulação de um projeto comprometido com a construção de uma sociedade democrática. Essa contribuição é de grande significação, num momento em que a maior parte das publicações encontram-se inteiramente comprometidas apenas com os interesses do mercado e, para isso, fazendo todo tipo de concessão.

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  3. Parabéns para Boitempo pelo excelente trabalho de fortalecimento da “esquerda” brasileira com obras preciosas, mas, ampliem a publicação de marxistas negros em especial Frantz Fanon.

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  4. Cândido Neto // 16/12/2016 às 5:39 pm // Responder

    Olá, boa tarde!
    Eu gostaria de saber se vocês podem tirar uma dúvida. Qual ou quais os melhores livros do Slavoj Žižek para ler e ter um primeiro contato com o conteúdo dele sem ficar muito perdido com referências externas??
    Eu já vi muitos dos vídeos dele: as 2 entrevistas no roda viva; os guias do pervertido pra cinema e ideologia; além de diversos outros vídeos no youtube.
    – Gosto muito do material em video mas a produção literária dele é muito vasta, daí estou perdido. rs
    Já pesquisei na internet também mas as opiniões são bem difusas. Não há um consenso e uma outra galera fala pra nem ler porque é bem confuso.

    E como vocês são a editora com um contato bem próximo e estreito com o material dele, espero que possam ajudar. 🙂

    Desde já, agradeço a atenção!
    Abraço

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  5. Olá,
    O livro “O Jovem Hegel” de Lukács era prometido para março desse ano. Contudo, não aparece, agora, sequer como possível lançamento para o ano que vem. O que houve?

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  6. Joao Luiz Pereira Tavares // 31/12/2016 às 10:33 am // Responder

    ¯\_(ツ)_/¯

    2017: a todos do blog, que fiquem atentos à picaretagem em 2017 & que vossas mentes permaneçam rápidas perante ao ilusionismo do PT.

    Um sublime 2017!

    Viva 2016!

    Em 2016 houve fato fabuloso sim, apesar de Vanessa Grazziotin falar que não, dessa forma equivocada assim:
    “O ano de 2016 é, sem dúvida, daqueles que dificilmente será esquecido. Ficará marcado na história pelos acontecimentos negativos ocorridos no Brasil e no mundo. Esse é o sentimento das pessoas”, diz Grazziotin.

    Mas, por outro lado, nem que seja apenas 1 fato positivo houve sim! É claro! Mesmo que seja, somente e só, um ato notável, de êxito. Extraordinário. Onde a sociedade se mostrou. Divino. Que ficará na história para sempre, para o início de um horizonte progressista do Brasil, na vida cultural, na artística, na esfera política, e na econômica.

    Que jamais será esquecido tal nascer dos anos a partir de 2016, apontando para frente. Ano em orientação à alta-cultura. Acontecimento esse verdadeiramente um marco histórico prodigioso. Tal ação acorrida em 2016 ocasionou o triunfo sobre a incompetência. Incrementando sim o Brasil em direção a modernidade, a reformas e mudanças positivas e progressistas. Enfim: admirável.

    Qual foi, afinal, essa ação sui-generis?
    Tal fato luminoso foi o:

    — «Tchau querida!»*

    [ (*) a «Coração Valente©» do João Santana; criada, estimulada e consumida. Uma espécie de Danoninho© ‘vale por um bifinho’. ATENÇÃO: eu disse Jo-ã-o SAN-TA-NA].

    Eis aí um momento progressista, no ano de 2016. Sem PeTê. Sem baranguice. Sem política kitsch.

    A volta de decoro ao Brasil. Basta de porralouquice.

    Feliz 2017 a todos.

    J.L.

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  7. Helisson Ferreira Nantes // 02/01/2017 às 4:38 pm // Responder

    Esse ano promete. Queria saber como renovar minha assinatura da revista Margem Esquerda e ainda adquirir alguns números antigos?

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