Marx e Engels como historiadores da literatura, de György Lukács

Clássico de Lukács sobre estética e política ganha primeira edição em português!

LUKÁCS CURSO

Chegou o novo título da coleção Biblioteca Lukács, coordenada por José Paulo Netto na Boitempo! Marx e Engels como historiadores da literatura oferece um precioso mapa da visão de Marx e Engels sobre a arte, feito por um dos maiores filósofos marxistas e pensadores da estética no século XX.

Marx e Engels se ocuparam a fundo dos problemas da arte e da literatura, mas não chegaram a publicar escritos abordando o tema de maneira sistemática. Nesta obra, o filósofo húngaro György Lukács realiza um trabalho magistral de destrinchar e examinar o tratamento que os fundadores do marxismo dedicaram ao tema da estética. Referência fundamental para pensar o imbricamento entre estética e política. Nas palavras de Hermenegildo Bastos, que assina o prefácio do livro, “a certeza de que na obra de Marx há in nuce uma estética contrapôs Lukács aos marxistas contemporâneos dele. Em vez de acrescentar à obra de Marx uma estética elaborada por outro pensador, – como Kant, por exemplo –, cabia aprofundar as geniais observações feitas por Marx sobre a arte e literatura.” Confira, abaixo, o texto de orelha do livro escrito por Ranieri Carli.

lukács

Com esta publicação, vem a lume os quatro ensaios de György Lukács reunidos pela primeira vez em 1952 sob o título Marx e Engels como historiadores da literatura, o mais recente lançamento da Biblioteca Lukács, da Boitempo.

Neste volume, o pensador húngaro indica com grande evidência suas principais teses sobre a criação literária. Entre outras, temos a noção de que em Marx e Engels já existem embrionariamente os elementos de uma estética sistemática; a polêmica em torno das vanguardas; a ressalva da peculiaridade da criação artística como modalidade particular de produção ideológica; a obra literária como sendo compreensível apenas com sua inserção na totalidade das relações sociais de um tempo e um lugar específicos; a defesa do realismo como categoria central da análise da literatura; a reificação mercantil e aviltante da arte; e a crítica à vulgarização do realismo crítico por parte de correntes da literatura modernista (como o naturalismo).

Sobretudo, o livro registra um passo adiante na maturidade da reflexão estética de Lukács; avança paulatinamente na senda que culminaria na Estética de 1963. Graças a sua contribuição à crítica literária que nasce da teoria social de Marx, a presente coletânea já teria justificada sua atenta leitura.

Além disso, é ainda visível o quanto os ensaios estão fincados nas lutas pelas quais Lukács transitava à época: contra a influência dos revisionistas partidários de Lassalle no interior do movimento comunista; contra o assalto irracionalista às formas da democracia burguesa, como o romance do realismo crítico e o pensamento do tempo heroico da burguesia; contra a burocratização do partido comunista etc. Isso quer dizer que o conteúdo de Marx e Engels como historiadores da literatura não é nada gratuito: seu material diz muito a propósito dos embates que movimentavam as reflexões de Lukács.

Saúda-se com entusiasmo a possibilidade de lermos esta obra em língua portuguesa com uma bela tradução a partir do original. Que o leitor se sirva de sua riqueza ímpar, comparável às melhores realizações de Lukács, fértil o suficiente para legar um amplo conjunto de categorias à crítica literária que é feita entre nós. — Ranieri Carli

Onde encontrar o livro?

O conteúdo do livro

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Folha de rosto e sumário completo do livro. Clique na imagem para ampliar.

O livro é composto de quatro artigos escritos entre 1931 e 1940 em que Lukács procura demonstrar que, embora de um modo não sistematizado, nas reflexões de Marx e Engels estão presentes os traços essenciais do fundamento de uma estética de cunho primordialmente realista. O primeiro artigo apresenta pormenorizadamente a discussão de Marx, Engels e Lassalle em torno da peça teatral Sickingen, composta por Lassalle e enviada por ele para apreciação de Marx e Engels. O segundo faz um panorama histórico da atividade de Engels como crítico literário, desde os anos de estudante até os anos da maturidade. O terceiro artigo analisa a fundo a crítica de Marx à decadência ideológica da burguesia no seu tempo após 1848. O quarto e último artigo inspira-se em Que fazer?, de Lenin, analisando a contraposição entre tribuno e burocrata e aplicando-a ao campo artístico, em especial ao da literatura.

Esta primeira edição brasileira, traduzida a partir do original por Nélio Schneider com revisão técnica e notas da edição feitas por José Paulo Netto e Ronaldo Vielmi Fortes (coordenadores da Biblioteca Lukács na Boitempo), conta ainda com um apêndice inédito disponibilizando a própria correspondência entre Lassalle, Marx e Engels sobre a peça Sickingen.

Saiba mais sobre a Biblioteca Lukács da Boitempo clicando aqui.

Curso Livre György Lukács

Este ano, o governo húngaro decretou o fechamento do Arquivo György Lukács, dispersando todos os documentos sob sua responsabilidade. O trabalho do Arquivo foi crucial para a viabilização do projeto editorial da Biblioteca Lukács, editada pela Boitempo com a coordenação de José Paulo Netto.

Na contracorrente deste processo, a Boitempo Editorial mantém seu compromisso de tradução e edição das obras de Lukács no Brasil e seu compromisso com a difusão do pensamento crítico, através de debates, vídeos e artigos disponibilizados gratuitamente online. Neste sentido, a TV Boitempo, acaba de terminar de disponibilizar as gravações integrais do I Curso Livre György Lukács. São 10 aulas abertas apresentadas por alguns dos maiores estudiosos da obra lukácsiana no Brasil, como Celso Frederico, José Paulo Netto, Ester Vaisman, Arlenice Almeida da Silva, Maria Angélica Borges e Ronaldo Fortes, entre outros. Confira!

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1 comentário em Marx e Engels como historiadores da literatura, de György Lukács

  1. Vocês pretendem publicar alguma obra do Louis Althusser?

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