Manifesto de intelectuais e artistas em apoio às escolas
[O geógrafo marxista David Harvey manifesta seu apoio às escolas de luta de São Paulo.]
Não fechem as nossas escolas! Respeitem os estudantes!
Não bastasse o atual estado crítico do ensino básico – com salas superlotadas, baixíssimos salários para docentes e funcionários e péssimas condições de trabalho –, o governo Geraldo Alckmin impõe uma mudança de grande porte à rede de ensino paulista, fechando mais de 90 escolas, encerrando períodos inteiros, removendo milhares de estudantes de suas escolas, impactando a vida de milhares de famílias e ameaçando o emprego de professores em todo estado.
O projeto de “reorganização” foi construído a toque de caixa, sem qualquer consulta às comunidades, sem audiências efetivamente públicas, sem tempo hábil de se fazer o real debate sobre as necessidades das escolas e o mérito da iniciativa. Como tem sido demonstrado em muitos estudos que contestam o projeto, suas justificativas são muito frágeis ou questionáveis. Não por acaso, em sua versão oficial que acaba de ser publicada, a reorganização foi baixada por decreto, sequer apresentada aos parlamentares estaduais.
Para agravar a situação, de forma covarde o governo conclama a uma “guerra” contra os estudantes que tiveram que ocupar suas escolas para serem ouvidos. Estão amplamente registrados todos os tipos de agressão, intimidação, coação e diversas ilegalidades por parte da polícia e de agentes públicos na tentativa de “desqualificar” ou “desmoralizar” o movimento enquanto se supostamente se consolida o projeto como um fato consumado.
Ao contrário das tentativas, o que temos visto são estudantes com muita convicção e firmeza, reforçando como nunca sua identidade com as escolas, cuidando dos espaços públicos, sendo protagonistas das programações de aulas públicas, de eventos culturais e esportivos.
Nós, intelectuais, artistas e figuras públicas que de maneira suprapartidária subescrevemos esse manifesto reivindicamos, para o bem da cidadania e da escola pública, a suspensão imediata da “guerra” contra os estudantes adolescentes bem como desse projeto de reorganização para que de uma vez por todas se escutem as vozes das escolas e comunidades que são as mais interessadas e com quais deve se pensar a educação.
Primeiros signatários:
Ariovaldo Umbelino de Oliveira (Geografia – USP)
Cesar Cordado (Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça)
Christian Dunker (Psicologia – USP)
Cibele Lima (Rede Emancipa de Educação Popular)
Cilaine Alves Cunha (Literatura – USP)
Ciro Correia (Geologia – USP)
Cristiane Gonçalves (Políticas Públicas e Saúde Coletiva – Unifesp)
Daniela Lima – escritora
David Harvey (CUNY – Nova York)
Fábio Konder Comparato (Direito – USP)
Franciso Miraglia (Matemática – USP)
Frederico de Almeida (Ciência Política – Unicamp)
Gilberto Cunha Franca (Geografia – Ufscar)
Gilson Schwartz (Cinema, Rádio e TV – USP)
Gregório Duvivier (Ator e escritor – Porta dos Fundos)
Guilherme Boulos (Coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST)
Henrique Carneiro (História – USP)
Homero Santiago (Filosofia – USP)
Isabel Maria Loureiro (Filosofia – Unesp)
Luciana Genro (Presidenta da Fundação Lauro Campos e ex-candidata à Presidência pelo PSOL)
Manoela Miklos (Produtora Cultural)
Márcia Tiburi (Filosofia – Mackenzie)
Márcio Seligmann-Silva (Teoria Literária e Literatura – Unicamp)
Marcos Barbosa de Oliveira. Prof. Colaborador, depto. Filosofia, FFLCH-USP
Maria Cecília Wey (Aliança pela Água)
Maria Rita Kehl (Psicanalista, jornalista, ensaísta, poetisa, cronista e crítica literária)
Mariana Fix (Urbanista – Unicamp)
Mario Schapiro, professor FGV Direito SP
Marussia Whately (Aliança pela Água)
Mauro Pinto (Advogado OAB-SP)
Marcos N. Magalhães (IME – USP)
Miranda (Coordenador do Movimento Negro Socialista – MNS)
Otaviano Helene (Física – USP)
Paulo Eduardo Arantes (Filosofia – USP)
Paulo Miklos (Vocalista do Titãs)
Plínio de Arruda Sampaio Jr (Economia – Unicamp)
Ricardo Antunes (Unicamp)
Ricardo Musse (Sociologia – USP)
Rosa Maria Marques – PUCSP
Ruy Braga (Sociologia – USP)
Sara Del Prete Panciera – (Saúde, Educação e Sociedade – Unifesp )
Vladimir Safatle (Filosofia – USP)
Para subscrever ao manifesto, escreva para:
naofechemminhaescola15 @ gmail . com
Outro projeto de Brasil , montado em bases democráticas e igualitárias com políticas inclusivas é possível ! Vão vendo aula que os estudante estão dando-Imaginem se tivessem aulas decentes, se os professores fossem valorizados e respeitados ?
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Há tempos os estudantes vem dando sinais de capacidade,
podemos observar isso ao longo da História política do Brasil,
só que a mente elaborativa e pensante da nossa educação
tem trabalhado no escuro e não tem enxergado direito o que acontece a sua volta.
A luta dos estudantes contra o fechamento das escolas em São Paulo, tem mostrado que os mesmos conseguem ir além da função de serem meros aprendizes dentro das salas de aulas,que
podem fazer mais do que apenas ficar sentados em uma carteira,
é preciso rever os conceitos da educação no país.
Pode-se analisar a educação a partir das atitudes dos estudantes
em meio a ocupação das escolas,a responsabilidade,capacidade de
assumir uma bandeira e segura-la com garra.
Acredito que muitos sabem que não irão vencer a luta no todo e
que algumas escolas serão realmente fechadas,mas só de conseguirem manter algumas em funcionamento já é o bastante e que a atitude destes possa servir de lição,mas infelizmente estão tendo seus direitos desrespeitados pela ditadura do governador Alckimin o que é uma pena.
É preciso acreditar neles e delegar funções,deixar que eles assumem na escola o papel que esperamos que eles no futuro
possam assumir na sociedade.É preciso fazer com que a escola volte a ser um ambiente agradável assim como foi no passado com seus momentos de civismo que inspiram o respeito à escola, aos professores e a pátria.
A educação no Brasil ainda tem conserto!
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Sou professor da Escola pública e também privada. Todos sabem que a realidade de ambas são extremas.
O apoio de “intelectuais” a OCUPAÇÃO é bem vindo mas é estéril. Seria produtivo se esses “intelectuais” saíssem do gabinete e se juntassem a massa. Como diz a música: “Todo o artista tem que ir aonde o povo está”.
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