Ministro não é síndico e ministério não é condomínio | Carta aberta de Christian Dunker à Presidência da República

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Carta aberta à Presidência da República

A saúde é um processo que envolve continuidade de propósitos e genuína atenção sobre cada um de seus meios. Quando deixamos que um ministro, cuja prática vem do SUS e que age para o SUS, seja substituído, apenas como meio para sustentação política, é a finalidade da política que se perdeu. Finalidade que é distribuir este bem simbólico, a saúde, para todos. Ministro não é síndico e ministério não é condomínio. As coisas públicas não são bens que se trocam, elas são meios comuns para fins comuns. A fonte e origem de toda corrupção é a inversão entre meios e fins. As piores experiências e as práticas menos producentes nesta área são verificadas quando substituímos agentes interessados em saúde por gestores e políticos de ocasião.

Não é o que a saúde precisa, não é o que o Brasil precisa. Sobretudo neste momento, não tornemos esta pequena urgência local, e a miséria de suas circunstâncias, um motivo para suspender benefícios e sucessos laboriosamente compostos. Não deixemos que, mais uma vez, nosso presente precário destitua nosso futuro possível, pago com grande custo no passado.

Christian Ingo Lenz Dunker,
São Paulo, 25 de Setembro de 2015.

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2 comentários em Ministro não é síndico e ministério não é condomínio | Carta aberta de Christian Dunker à Presidência da República

  1. Antonio Elias Sobrinho // 28/09/2015 às 5:50 pm // Responder

    Esse discurso moralista não contribui nem um pouco para o debate e nem para a busca de uma solução. Isso porque todo mundo sabe que a coisa pública não pode ser trocada e nem vendida. Isto é, pelo fato de ser tão óbvio é que essas opiniões só servem para manter o articulista com o espaço.
    O problema central encontra-se no seguinte: como fazer para se manter a governabilidade num país onde a maioria dos seus principais membros tradicionalmente só entendem essa linguagem? Ou seja, há possibilidade de um presidente chegar para um PMDB, partido sem o qual não se governa e dizer: olha, vocês tem que me apoiar porque tenho um programa popular, fui eleito pela maioria que espera soluções republicanas para os grandes problemas do país.
    Então, se o PMDB e nem um outro partido não entende isso, porque isso não faz parte da cultura política do país, então o que fazer? Entregar o cargo? O único que fez isso, num momento de embriaguez, quando curou o porre que quis voltar atrás era tarde.
    Com isso não quero dizer que não se deva fazer nada e que tudo pode começar pelas críticas. Porém, por críticas adequadas que estimule algum tipo de discussão mais generalizada e que estimule a busca por alternativas.

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  2. Hugo Pequeno Monteiro // 29/09/2015 às 10:47 pm // Responder

    Prezado Christian,
    Parabenizo-o pela atitude de redigir esta carta endereçada a Presidente da República e pela tentativa de fazê-la entender que o ministério da Saúde não pode nem deve em nenhuma circunstância ser fruto do toma-lá dá-cá desta política rasteira que infelizmente ela, resolveu abraçar. Infelizmente os motivos levantados pela presidente para fazer este é dando que se recebe são mais mesquinhos possíveis: sustentar-se em um cargo no qual ela no momento é apenas figura decorativa. Discordo radical mente do Sr. Antonio E. Sobrinho e de todos aqueles que defendem o postulado da chamada “governabilidade” e mais ainda que esta tal “governabilidade” tenha que necessariamente contar com a participação desta quadrilha de fascínoras que atende pela alcunha de PMDB. Nos únicos 2 termos de presidência onde não tivemos a nefasta presença desta quadrilha (os dois governos Lula), avançamos em muito no campo social. Ao final de seu mandato com 80% de aprovação Lula poderia ter feito uma composição com partidos a esquerda e entregar esta composição à sua sucessora. Ao invés disso, faz um movimento a direita e chama a quadrilha para governar junto.Bem, o resultado estamos vendo e sentindo: A presidente cada vez mais governa para o PMDB e para os interesses desta corja.
    A tão propalada “governabilidade” tornou-se o governo do PMDB que pode ainda contar com uma “rainha -da-Inglaterra” como bode expiatório.
    O PT deve sair do governo se é que ainda almeja continuar existindo como um partido reconhecido pelos trabalhadores.

    Um abraço

    Hugo P. Monteiro
    Professor titular
    Departamento de Bioquímica
    Escola Paulista de medicina/Universidade Federal de São Paulo

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