A esquerda depois do PT

esquerda depois do ptPor Luis Felipe Miguel.

É possível dizer que é injusta a maneira pela qual o Partido dos Trabalhadores se tornou o emblema de todos os vícios da política brasileira, enquanto seus concorrentes da direita são preservados sistematicamente por uma cobertura de mídia manipulada. É verdade. Caixa dois, loteamento do Estado, relações de compadrio com grandes grupos econômicos, corrupção: o PT não inventou nada disso; pelo contrário, tornou-se participante tardio de uma festa que começara muito antes (e, aliás, para a qual nem fora convidado). Nem por isso, os efeitos do desgaste do PT no eleitorado deixam de ser sentidos. Para a classe média, que se sentiu ameaçada pelo pequeno avanço dos mais pobres nos três mandatos presidenciais petistas, o discurso da indignação moral permite extravasar sua insatisfação, de maneira mais legítima do que se ficasse apenas no registro do simples egoísmo. E a maioria politicamente desmobilizada, com menor acesso a outros canais de informação, tem poucos recursos para resistir ao bombardeio da mídia.

Ao mesmo tempo, os grupos mais politizados à esquerda se sentem cada vez menos contemplados pelo partido que é responsável por um governo que implanta políticas altamente prejudiciais aos interesses dos trabalhadores e que, na busca da permanência no poder, não imagina outro caminho além de uma submissão cada vez mais profunda ao capital. Em nove meses de segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff não foi capaz sequer de fazer um aceno simbólico aos movimentos populares, certamente por imaginar que tal gesto assustaria aqueles que ela tenta desesperadamente agradar. Na visão política de Dilma e seu círculo, os movimentos populares não existem. Todas as equações que fazem para sair da crise incluem os mesmo elementos: os grandes grupos econômicos, as elites políticas tradicionais, as oligarquias partidárias. Por mais que a conta nunca feche, não se cogita agregar um novo fator.

No início deste segundo mandato ainda era possível imaginar que, apesar de todo desgaste, o PT possuía lastro nos movimentos sociais para manter sua relevância como força política. Hoje, está claro que não. Por mais que o golpismo dos defensores do impeachment seja evidente, por mais que ver Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves entronizados no papel de guardiães da moralidade pública cause repulsa, quem quer defender um governo cujo único programa é o aumento do desemprego e a redução do investimento social?

Espremido entre a campanha ascendente da direita, uma mídia cada vez mais abertamente hostil e o seu governo, que age diariamente contra sua base social, o PT caminha para se esfarelar com uma velocidade inimaginável um ano atrás. Movimentos sociais acomodados com a interlocução com o PT estão percebendo que o partido perdeu a capacidade de expressar suas demandas. Mas também muitos deputados, prefeitos e vereadores petistas buscam novas legendas, por vezes até na direita, em geral por simples oportunismo – o que revela, por si só, como o PT se tornou parecido com os partidos tradicionais.

Evidentemente, tudo isso não é efeito apenas do descalabro do segundo governo Dilma. O PT nasceu com um projeto – inacabado, em aberto, contraditório. Apontava para um horizonte de transformação profunda da sociedade, incluindo algum tipo indefinido de socialismo, alguma forma nova de fazer política e também a revalorização da experiência das classes trabalhadoras. A busca de relações radicalmente democráticas, de uma política efetivamente popular, fazia parte da “alma do Sion”, como André Singer definiu o espírito original do partido, fazendo referência à sua fundação no Colégio Sion, em São Paulo, em 1980.

Para pessoas treinadas nas tradições organizativas da esquerda, o PT original possuía uma perigosa indefinição programática, além de ser vítima de um basismo e de um purismo paralisantes. De fato, o partido surgiu num momento em que essas tradições estavam em xeque. Os equívocos do PT foram fruto de sua vontade de não repetir o trajeto dos partidos leninistas ou da social-democracia, que, cada um a seu modo, tenderam a se fossilizar em estruturas hierárquicas e burocráticas. Tratou-se de uma experiência inovadora, inspiradora para a parte da esquerda que tentava se renovar em muitos lugares do mundo.

Tal inovação apresentava custos crescentes, à medida em que o partido crescia. Na famosa lei de ferro das oligarquias, no início do século XX, Robert Michels afirmou que “quem fala organização, fala oligarquização”. Deixando de lado seu determinismo retrógrado, é possível dar crédito ao pensador alemão nos dois eixos centrais de sua reflexão: as camadas dirigentes tendem a desenvolver interesses próprios, diferenciados daqueles da massa de militantes, e a eficiência organizativa trabalha contra a democracia. De fato, é fácil “discutir com as bases” quando se é um ator político pouco relevante. Depois, fica cada vez mais claro que o timing da negociação política prevê a concentração das decisões nas mãos dos líderes.

Como costuma ocorrer em organizações políticas inovadoras, o crescimento levou a tensões crescentes entre percepções mais “realistas”, que julgavam necessário um esforço de adaptação ao mundo da política tal como ele é, e outras mais principistas. A conquista das primeiras prefeituras municipais foi, em muitos casos, dramática. Mas até então o partido lutava para não renunciar à possibilidade do exercício localizado do poder político sem abrir mão dos princípios gerais que orientavam sua organização.

É possível datar com precisão o momento em que o PT iniciou sua caminhada para se transformar naquilo que é hoje: o anúncio do resultado do primeiro turno das eleições de 1989. Quando Lula passa à etapa final da disputa, ao lado de Fernando Collor, parecia se tornar claro que um bom aproveitamento do clima político, aliado a um marketing eleitoral competente, proporcionaria um acesso mais rápido ao poder do que o trabalho de mobilização no qual o partido apostava desde sua fundação. O fato de que o partido hesitou em aceitar, no segundo turno, o apoio de políticos conservadores, mas democratas, é em geral apontado como uma demonstração de seu caráter naïf e de seu despreparo para a política real. É provável. Mas não dá para não respeitar tal purismo, sobretudo à luz do PT posterior, para o qual ninguém, de Maluf a Collor, de Sarney a Jader Barbalho, de Kátia Abreu a Michel Temer, está fora do alcance de uma possível aliança.

Entre a hesitação inicial de 1989 e a política de alianças indiscriminada adotada a partir de 2002 houve uma evolução paulatina, eleição após eleição. Evolução também no discurso, no programa político, na forma de fazer campanha. É razoável dizer que o PT abandonou a ideia de que a campanha eleitoral era um momento de educação política. Quando Duda Mendonça assume, na quarta candidatura presidencial de Lula, já está claro que não se deve mais disputar a agenda, nem os enquadramentos ou valores dominantes. Para ganhar a eleição, é mais fácil mudar o candidato para se encaixar nas expectativas vigentes. Estava surgindo o Lulinha paz e amor, que não é só uma persona do marketing eleitoral, mas a indicação da visão de que seria possível fazer política transcendendo os conflitos.

Só que os conflitos não são transcendidos, são escamoteados. E quando são escamoteados, isso sempre trabalha em favor daqueles que já estão em posição privilegiada. O governo Lula vendeu ao capital sua capacidade de apaziguar os movimentos sociais. Com a elite política, prosseguiu no toma-lá-dá-cá típico brasileiro, agravado pelo fato de que, dada a desconfiança que o PT precisava enfrentar, os termos da troca eram piores. Graças a isso, ganhou a possibilidade de levar a cabo uma política de combate à miséria. Sem negar sua importância, o fato é que foram 12 anos em que o avanço social se mediu exclusivamente pelo acesso ao consumo. A fragilidade de uma política que não enfrentou nenhuma questão estrutural nem desafiou privilégios fica patente pela facilidade com que os supostos avanços da era petista vão sendo desmontados. Voltamos ao momento do desemprego, da redução do poder de compra dos salários, do desinvestimento nos serviços públicos. E, como o ambiente parece propício, de roldão são acrescentados retrocessos ainda maiores: precarização das relações de trabalho, criminalização da juventude, legislação retrógrada no campo da família e da sexualidade.

O momento, em suma, é o da maior derrota das forças progressistas no Brasil após o golpe de 1964. E uma parcela considerável da responsabilidade recai sobre um partido que não soube ou não quis aproveitar as oportunidades de que dispôs para consolidar algum tipo de avanço político e social.

Ao fim do processo, a esquerda brasileira parece órfã. Nos últimos 30 anos, o PT ocupou uma posição de absoluta centralidade neste campo, seja sob a chave da utopia, seja sob a chave do possível. Mesmo os críticos, mesmo os não petistas, encaravam o partido com um pilar incontornável da esquerda. Hoje, é cada vez mais evidente que a única maneira de ler o PT é como um experimento fracassado. Torna-se necessário pensar novas formas de organização e ação, novos instrumentos para fazer política, superando o saldo de desencanto e de desesperança que o final melancólico dos governos petistas deixa.

***

Luis Felipe Miguel é professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, onde edita a Revista Brasileira de Ciência Política e coordena o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades – Demodê, que mantém o Blog do Demodê, onde escreve regularmente. Autor, entre outros, de Democracia e representação: territórias em disputa (Editora Unesp, 2014), e, junto com Flávia Biroli, de Feminismo e política: uma introdução (Boitempo, 2014). Ambos colaboram com o Blog da Boitempo mensalmente às sextas.

20 comentários em A esquerda depois do PT

  1. Enquanto nos mantivermos manietados a aceitação do capitalismo seremos eternamente vítimas da corrupção, denúncias sem fim sem ação é fazer o jogo da vítima impotente, como mulher de malandro.

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  2. Hugo Pequeno Monteiro // 25/09/2015 às 7:26 pm // Responder

    Prezado Luis,

    Obrigado por esta análise bastante lúcida deste momento que estamos vivendo e que se caracteriza pela demolição do PT. Não sei se você foi um dos muitos militantes anônimos que ia de casa em casa nos bairros periféricos durante os finais de semana para apresentar aos trabalhadores e trabalhadoras a proposta inovadora desta nova organização partidária, diferente daquilo que a ditadura permitia existir (Arena hoje repaginada como DEM e MDB hoje repaginado em PMDB e PSDB). Eu fui um destes militantes. Participei ativamente nestes já longínquos anos de minha juventude animado pelo objetivo de estar construindo a alternativa organizacional para a classe trabalhadora com a perspectiva do socialismo/comunismo. Bem, os anos se passaram e a alternativa de poder para os trabalhadores que o PT potencialmente representou, desapareceu. O objetivo de sustentação nos cargos dirigentes da máquina pública se tornou o único objetivo destes indivíduos que tomaram de assalto a direção do partido. O grande militante REVOLUCIONÁRIO Lev Davidovich Bronstein – Leon Trotsky há muito afirmou, a crise do movimento revolucionário dos trabalhadores é a crise de suas direções. Ele esteve certo (infelizmente) até o presente momento histórico pois estas direções têm se notabilizado por trair os interesses da classe trabalhadora em nome de seus projetos pessoais de poder (sem falarmos no PT, um outro excelente exemplo disto é o Syriza de Alexis Tsipras na Grécia). Como você enfatizou em seu documento, o PT vendeu a idéia de que era possível conciliar interesses de classes absolutamente antagônicas. O PT reverberou por aqui esta “ideologia” muito em voga na Social-Democracia européia. O resultado disto é tão evidente que o PT e seus congêneres social-democratas aplicam planos de austeridade seguindo exatamente a cartilha neoliberal de apoio total e irrestrito ao capital financeiro.
    O PT não existe mais enquanto organização de trabalhadores e a ESQUERDA (em maiúsculas para diferenciar da falsa “”esquerda -social democrata””) deve ser ECUMÊNICA e buscar unidade de ação em pautas de consenso como por exemplo: Não aos planos de austeridade – taxação imediata das grandes fortunas – taxação de operações financeiras de grande monta – reativação de um plano de obras públicas para construção e reconstrução da infraestrutura do país – redução da taxa de juros e facilitação do crédito – Liberação das verbas contingenciadas do Ministério da Educação com a aplicação destes recursos na consolidação do processo de expansão das Universidades Públicas e escolas de ensino técnico federal – Retomada do FIES com exigência de contrapartida das Universidades particulares recebedoras do benefício. Explico a contrapartida que deve ser exigida: Contratação de Mestres e Doutores que recebam seu salário de acordo com sua titulação. Com esta base de docentes poder-se-ia estimular a atividade de pesquisa também nestas Universidades, uma vez que o pouco que se faz de pesquisa no Brasil é feito em Universidades públicas. Estes são alguns dos pontos, outros podem ser acrescentados a estes.
    E finalmente voltando ao moribundo PT, boa parte destas pautas que exemplifiquei acima poderiam ter sido implementadas durante o segundo governo Lula com 80% de aprovação, mas infelizmente o velho Trotsky esteve certo uma vez mais, Lula e a direção do PT preferiram costurar o acordo com os fascínoras do PMDB com a ilusória esperança de se sustentarem em seus cargos. E hoje recebem a mordida da serpente cujo ovo ajudaram a chocar (grande Ingmar Bergman e o seu extraordinário “O Ovo da Serpente”.
    O resultado é este que estamos assistindo.
    A ESQUERDA pode e deve ser ECUMÊNICA neste momento e o PT precisa imediatamente ser enviado para a lata de lixo da história.

    Grande abraço

    Hugo P. Monteiro
    Professor Titular
    Departamento de Bioquímica
    Escola Paulista de Medicina/UNIFESP

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    • Mais um comentário delirante sobre a origem do PT e a suposta “perspectiva de se fazer o comunismo” a partir dele.
      O PT SEMPRE foi um partido reformista, social-democrata e sem qualquer objetivo de superar o capitalismo. PONTO. O resto são delírios de juventude de alguns militantes mais antigos, que ficaram irritados ao descobrirem ao que serviram.
      Prova disso é que grande parte dos parlamentares que viriam a fazer parte do PT vieram do MDB citado no seu texto. E grande parte da militância. Vieram da “Tendência Popular” e da “Tendência Socialista”.

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  3. Antonio Tadeu Meneses // 25/09/2015 às 7:39 pm // Responder

    O Fenômeno PT pode ser traduzido em uma simples fórmula:
    ANTIPARTIDO + ANTIPOLÍTICA = GOVERNO DE MERCADO
    Sendo:
    ANTIPARTIDO = (Pluralismo ideológico aniquilacionista + Corrupção + Populismo, etc);
    ANTIPOLITICA = (Apaziguamento dos trabalhadores e movimentos sociais + Aliança com partidos conservadores + Balcão de negócios + Ideologia da prosperidade, etc);
    GOVERNO DE MERCADO = (Facilitação do povo a bens de consumo e não a bens sociais + atingir metas do Tripé Econômico neoliberal).
    Onde:
    É mais fácil às pessoas ter acesso aos bens de consumo de ostentação como, celular, Computador, TV, roupa de marca, carro, etc. Do que ter acesso a bens sociais de qualidade como educação, serviços de saúde, transporte público, saneamento, moradia e trabalho digno. A elite financeira lucrou como nunca, a crise econômica vai reduzir o consumo de supérfluos e aumentar a criminalidade, a indignação do povo por que vai ter que pagar a conta devido ao desgoverno do PT.

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  4. “pequeno avanço dos mais pobres”
    “experimento fracassado”
    Caraca, bicho, tirar 40 milhões da miséria absoluta, melhorar a situação social e econômica de outros tantos, reduzir índices de mortalidade e analfabetismo em mais de 50% – tudo isso o PT fez, reconhecido pela ONU. Foda-se o PSOL que diz ser esquerda mas se junta com a direita pra malhar o PT. Foda-se a intelectualidade coxinha que marchou junto com a direita coxinha nas ‘xornadas de xunho’ e também se opôs a tudo o que o PT realizou, desde a Transposição do S.Francisco a obras de segurança energética. Foda-se quem fala como se fosse esquerda e propôe coalizão de esquerda mas ataca ferozmente o PT, colocando-o, na verdade, ‘na centralidade’ de seus alvos. Linguagem bonitinha eu também sei usar, mas fazer o que o PT conseguiu em pouco mais de uma década com toda a resistência do mundo eu quero ver fazer. Em Macapá e Itaocara não fazem …

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    • izaias almada // 26/09/2015 às 3:03 pm // Responder

      Maiara, assino em baixo. Como apareceu crítico do PT ultimamente, não? Onde é que essa gente estava que não lutou dentro do partido para mudar os rumos? Esquerda? Que esquerda é essa que falam tanto, que está fora do PT, claro, esse partido de gente irresponsável que conseguiu olhar para milhões de brasileiros? Erros? Quem não os comete? Olha, parabéns pelo comentário. Política é feita no dia a dia, na prática, e não em leitura de alfarrábios onde se costuma recorrer para pinçar citações que – mesmo fora de contexto – dão aquele ar de conhecimento histórico que ajuda a apontar o dedo acusador com mais arrogância. Procure pela atuação da esquerda nos momentos mais delicados da vida política brasileira e você terá uma surpresa. Isso não muda, claro, o caráter da luta de classes, nem altera o uso da dialética no entendimento da história e mais particularmente do capitalismo. Sinceramente, não penso que – dados os argumentos que tenho lido nesse e em outros artigos – que é só o PT que precisa ir para a lata de lixo da História.

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      • Hugo Pequeno Monteiro // 27/09/2015 às 2:19 pm // Responder

        Uma vez mais aproveito a oportunidade para dialogarmos neste Blog da Boitempo. Certamente eu e creio que os demais comentaristas deste post além do próprio autor do texto, Prof. Luis Felipe Miguel, não ignoramos os grandes avanços sociais realizados durante os dois primeiros governos do PT. O que criticamos e criticamos duramente foi o desmanche crescente destas políticas nos mandatos subsequentes onde o pt se aliou à quadrilha do pmdb em nome de uma suposta “governabilidade”. Isto é certamente o produto de dois erros capitais da esquerda que ao longo da História produziram grandes desastres. O primeiro deles vem sendo cometido pela socialdemocracia desde a sua criação no século XIX e ele poderia ser descrito como uma adaptação às formas de governo ditadas pelas diversas maneiras através das quais o capital se organiza (capital financeiro, corporações industriais, latifúndio hoje transformado em agronegócio). A esquerda quando governo tem agido assim sistemáticamente.
        O segundo erro é cometido pela esquerda que não chegou ao governo e parece não querer chegar. Infelizmente, aí temos nos momentos mais decisivos da História a divisão de forças que acaba levando a grandes desastres. Tomo emprestado o termo utilizado por você em seu comentário, “alfarrábios” e em um deles, “Revolução e contrarrevolução” na Alemanha escrito por Leon Trostsky em 1930, podemos acompanhar a tentativa do revolucionário em promover a unidade das duas grandes forças de esquerda locais, a Social Democracia Alemã e o Partido Comunista. A divisão entre as duas forças neste momento proporcionou a eleição do cão fascista, adolf hitler.
        É claro que dentro do PT existem indivíduos que atuam nos diversos movimentos sociais e que gostariam de aprofundar as políticas sociais desenvolvidas pelo PT nos dois primeiros mandatos, entretanto estes militantes sinceros e honestos não conseguem dar seguimento ao seu trabalho por conta da ação nefasta da atuação direção criminosa do pt. Por outro lado, o divisionismo levado adiante pelos outros partidos e organizações de esquerda ao não estabelecerem uma pauta de ação conjunta também acaba favorecendo a direita, ajudando-a a se manter no poder.
        Levando tudo isto em conta, creio que devo concordar com você e não apenas acrescentar á lata de lixo da História o PT, mas acima de tudo as práticas de adaptação e os discursos divisionistas que vem caracterizando as ações da esquerda ao longo da História .
        Abraço.

        Hugo Monteiro
        P.S: Por favor, peço não confundir minhas críticas ao PT com as bobagens, mentiras, calúnias, etc, diuturnamente difundidas na mídia golpista: grandes jornalões, veja e a odiosa rede globo.

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    • Ai,Maiara…É por causa de gente cega como você que estamos como estamos. O PT falhou como alternativa de esquerda.Falhou.Temos que aceitar isso. Não adianta ficar defendendo,dizendo que fez isso ou aquilo,porque vemos que aquilo foi fumaça,não foi uma mudança real. Me desculpe mas não estou aqui pra xingar ninguém de coxinha. Desculpe,mas prefiro ficar ao lado do Brasil do que do lado do PT. O PT morreu. Resta-nos encontrar uma alternativa realmente nova.O resto é conversa fiada. Gente como você representa tudo aquilo que o povo brasileiro hoje em dia despreza:pessoas que defendem um partido antes de encarar a realidade e lutar pelo país. Você está parada no tempo. Dá pena…

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  5. Paulo Donatti // 26/09/2015 às 4:24 pm // Responder

    Excelente reflecção. Eu diria que é a mais próxima da realidade do PT/governo, possível. Apenas uma observação, quanto ao ranço esquerdista cego, de achar que a mídia trabalha para derrubar o governo/partido, alimentando/compactuando os planos golpistas da direita.
    Hoje, com grande parte das empresas estatais aparelhadas, trabalhando para o PT, com um juiz federal nomeado para defender os interesses do partido e de possíveis réus petistas da Operação Lava Jato, com ameaças de cortes em propagandas às emissoras de televisão, e com uma operação via redes sociais, de divulgação de mentiras e difamações, digna de partidos totalitários, quem faz, de fato, o papel de desinformar, enganar, confundir e derrubar qualquer sopro de democracia? De qualquer forma, volto a elogiar este trabalho. Mas ele machuca… machuca a já doida alma daqueles que um dia trabalharam e acreditaram que poderíamos ter um país mais digno, com consciência e responsabilidade de cidadania, com
    confiança na justiça… um país onde pudéssemos ver os abusos da corrupção amenizados, e o velho estílo populista de lideranças políticas presas as velhas práticas oligárquicas, banido. Paulo Donatti.

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  6. André Lopes // 26/09/2015 às 5:29 pm // Responder

    Exato. A despeito de todo o progresso obtido nos últimos anos, principalmente no campo social (o que é indiscutível), hoje as lideranças do partido, com o claro intuito de se manter no poder, aliaram-se ao velho modo prostituto do PMDB de fazer política, e agora estão colhendo o que plantaram… o que é uma pena, pois atualmente assistimos a uma série de equívocos comparáveis às políticas social-democratas dos (neo)fascistas tucanos.

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  7. Excelente texto. Mas não podemos esquecer que a própria esquerda é responsável por essa situação com sua eterna fragmentação e incapacidade de criar uma agenda comum. Nas últimas eleições presidenciais tivemos 4 candidatos de partidos de esquerda (PSOL, PSTU, PCB e PCO) e um suposto centro-esquerda (PT). Isso também dificulta a ação, enquanto a direita se articula de forma mais eficiente.

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  8. Hugo Pequeno Monteiro // 26/09/2015 às 8:57 pm // Responder

    Lamento, que discussões políticas nesse sejam tratadas, NÃO PELA CONCEPÇÃO EM DISCUSSÃO, MAS SIM PELO FANATISMO PARTIDÁRIO de pessoas que acham que, desrespeitando as opiniões alheias, usando termos “baixos” para de

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  9. Adriana Karla Reis // 26/09/2015 às 9:04 pm // Responder

    Lamento que as discussões políticas nesse país sejam tratadas por pessoas que, não respeitando a opinião dos outros e por fanatismo político, abaixam o nível em suas colocações e ofendem, sem nenhum propósito, cidadãos e ideologias que não são as suas.
    As diferenças devem ser respeitadas, para que sejam ouvidas e discutidas em prol do coletivo.
    Realmente lamentável, Sra Maiara.

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  10. O texto vinha muito bem até que o último parágrafo generalizou os governos petistas cometendo assim um erro trivial.

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  11. SÉLIS BRANDÃO // 27/09/2015 às 2:03 pm // Responder

    Prof. Luiz, faço meu comentário com os seguintes questionamentos, por que o conjunto dos professores com expertise em fazer leituras políticas conjunturais, centram suas energias apenas em apontar os problemas ? Não seria mais produtivo, avaliar e abordar a luz das soluções possíveis, para evitar esse tipo de enrascada ? O cerne da questão na minha opinião está no fracassado modelo político eleitoral brasileiro, com as vergonhosas coligações proporcionais, que distorce o resultado dos votos depositados nas urnas e que gera o fatiamento do governo executivo a partir do legislativo. O fracasso está no financiamento empresarial de campanha, que coloca todos os representantes do ESTADO a serviço de interesses particulares. Está na reeleição indefinida para cargos de representação no parlamento, que cria lobos como ACM, Sarney, Renan e Cia……. NÃO HAVERÁ em nenhum país do mundo, ideologia que resista a esse modelo corrompido.
    A população precisa ter clareza disso, mas cadê os professores, as lideranças religiosas, políticas, líderes sociais, meios de comunicação para fazer a discussão na perspectiva de formar uma sociedade crítica com possibilidades de pressionar pelas urgentes reformas ? Praticamente não existe. Preferimos a comodidade, pois falar do erro visível é cômodo e evito discordâncias.

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  12. Olá, não conhecia o blog e fiquei feliz de alguém me indica-lo.
    Concordo e discordo, aceito. É inegável que estamos num mato sem cachorro, como dizemos em Minas, e nem precisamos de olhos para enxergar que a situação não está boa. A direita caminha rápido sobre o campo que cedemos dia a dia. O fascismo ganha força, a desilusão cresce e o mundo volta aos poucos a ser o “velho mundo” de sempre. Penso que não foi pouco avanço, pelo contrário, avançamos muito nos primeiros anos do PT, ao longo dos anos na verdade. Nada mudará o que foi feito, a estima elevada do povo, a certeza que o povo pode e merece mais. A queda fantástica na mortalidade infantil, a distribuição de renda que ainda é insignificante mas significou demais, abrindo caminhos. “Como nunca antes na história”, a percepção que é possivel deixar de adorar o Deus Mercado ao tempo que essa entidade jamais sairá do cotidiano. O maior acesso a saúde, a educação e a singeleza das cotas que não reinará para sempre, mas apenas enquanto ainda for necessária. E tantas e outras tantas coisas. Isso não é pouco não, foi muito, apesar que insuficiente. Acontece que juntamente com isso tudo, mantivemos niveis altíssimos de “mais do mesmo”, e de teto (ficou claro as diretrizes que apontavam até onde os governos petistas iriam, e o que deixariam de enfrentar), fato, mas avanços houveram e sou grato, feliz por eles terem vindo. Acontece que contra um sistema fechado em retomar as coisas, esses avanços estão sim se perdendo no tempo. E a explicação é que o “fardo” está tão enraizado que basta um descuido, lapso, para voltar com força. E demos lapsos aos montes e continuamos dando, dessa vez sim, inexplicavelmente. Só adianta para o PT que o gov Dilma termine seu mandato com niveis aceitados de popularidade. Ah essa tal popularidade, fardo tb. Mas para a esquerda como um todo isso é nefasto. Nesses ultimos tempos perdemos aos poucos o que jamais poderíamos nos permitir perder, quebramos nossa própria crista. Foda! Cada vez mais jovens pendendo pra direita e sem que possamos tentar impedi-los. Ora, esses ultimos tempos de aceitação ao Deus Mercado contrapõe em quê ao discurso conservador. Antes falávamos aos mais jovens, ou a qualquer pessoa, mostrávamos as diferenças gritantes de modelo e percepção, hoje em dia, poxa, tem conservador parecendo mais progressista que os progressistas todos. Outro dia pensei no meu discurso em defesa de uma esquerda que não é nem sombra da esquerda que sonho. O PT mudou sim o país, mas não mudou sozinho. Petistas dizem gritando de felicidade, “mudamos o país” mas não se lembram de dar crédito a quem não sendo petista, povo e partidos, ajudaram e garantiram tempo para que as coisas acontecessem. Dilma é uma mulher fantástica, admiro, mas seu governo está causando um mal sem precedentes para toda uma “razão”. A esquerda, nós, somos maiores que qualquer partido, e até que todos eles juntos. Não consigo mais criticar quem se diz enfraquecido, esmorecido em lutar. Vou falar o que? Um dia Levy passará? Os marqueteiros que ensinaram a comparar nós e outros, farão o que quando a gente é que for comparado? Acho que está mais do que na hora da esquerda realmente se unir. E o PT tem obrigação moral de abrir a porta da casa pra todos nós entrarmos. O que está acontecendo agora, poderá nos deixar ao relento nos próximos 50 anos. Está aí na nossa cara, somos reféns de pessoas que estão pensando só em chegar bem em 18, enquanto a gente que vive o dia a dia da coisa, pensamos que viver bem o dia a dia, é justamente a garantia que precisaremos. Vejo, ao contrário de muitos, com bons olhos as reivindicações e protestos dos movimentos sociais que começam a chamar o governo á responsabilidade. A esquerda não é o governo, a esquerda é o povo, e o povo está inconsolável. O STF abriu uma grande janela agora, fim do financiamento empresarial possibilita dentre outras coisas a abertura para novos nomes, e temos que aproveitar. Como fazer? Não sei, nas redes sociais cada individuo grita, mas sem que esses gritos ressoem e sejam discutidos. Precisamos de criar mecanismos novos, voltar a discutir o assunto, parar apenas de rebater. Sei lá, foruns virtuais por exemplo. Catalogar os diferentes pensamentos e criar ambiente para que esses diversos grupos dentro da esquerda se encontrem, se fortaleçam. Eu por exemlo sei que muitos pensam iguais a mim, mas não consigo encontra-los… Cada um tem suas observações a fazer, mas estamos observando em cima de pessoas que muitas vezes não seguem o mesmo caminho. Ha vida dentro do PT, há vida fora do PT, mas não a vida entre a vida. To sendo confuso, sei disso tb, mas é mesmo muita confusão que paira hj em dia. Poxa, cadê a democracia dentro da nossa querida e imprescindível esquerda? Com que cara lutaremos por ela, depois de tudo que representantes nossos estão fazendo? Ha milhares de coisas positivas que foram feitas, mas não comunicamo-as. Ainda mais sabendo que contra esse sistema todo, esse PIG, precisamos destacar sempre e sem parar, as coisas boas todas…
    Sinceramente, não esmoreço, sou desses. Mas tb estou de olhos arregalados percebendo que o partido do Governo não pensa mais no futuro da esquerda e suas benesses, pois sim, estão preocupados em pensar apenas no futuro da esquerda contida dentro e sob a batuta do do partido do governo.

    Por fim, sou fã de carteirinha do Lula. Muito mesmo. Mexeu com ele mexeu comigo. Não sou inocente ao ponto de achar que sem governabilidade caminharíamos. Não sou. Mas ha limites poxa. E uma boa saída é contar com o apoio do povo, irrestrito apoio que seria capaz de colocar essas governabilidade necessária nos eixos. Mas como chamar o povo de novo, com essa política atual? Com as promessas que não são sequer ventiladas mais? Da tempo, mas tem muito cacique e muitos militantes precisando urgentemente tomar tento. A direita não faz nada de diferente hj em dia, é isso que sempre fizeram e farão. Acontece que em 12 anos, nunca demos tantos motivo para que cogitem te-la de volta, o povo nas ruas.
    Obrigado pelo espaço, meu twitter é @fabriciopro e se quiserem continuar algo e que eu participe, basta me chamarem. Seguindo o blog tb, necessário e importante blog.
    PS: só pra exemplificar: Outro dia eu que sou esquerda desde que nasci e ajudei a manter esses governos todos, critiquei o senhor Levy e ouvi de petistas, alguns só, na verdade; Vai pra europa lá não tem crise. Tá!?

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  13. Republicou isso em tyrsoreblog.

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  14. Renato Prata Biar // 28/09/2015 às 5:09 pm // Responder

    Apenas uma discordância na conclusão final desse artigo. Os instrumentos para fazer política e, portanto, de luta, são os mesmos e devem permanecer os mesmos (partidos, sindicatos, movimentos sociais, etc.). O que precisa mudar é o modelo de luta que esses instrumentos têm adotado até o momento. Isso implica retomar esses instrumentos para e com a classe trabalhadora e fazer luta de classes como ela nunca deveria ter deixado de ser feita: sem conciliação com a classe dominante.

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  15. Jorge Fabrício // 11/10/2015 às 2:06 am // Responder

    “Para a classe média, que se sentiu ameaçada pelo pequeno avanço dos mais pobres”

    Quase parei de ler neste trecho.

    90% do público daqui se enquadra em alguma das duas categorias

    Nós que realmente lutamos pela ESQUERDA, digna, temos que parar de nos vincular com falácias políticas e lutar de verdade pelos nossos ideais.

    O PT já demonstrou que de esquerda não tem nada, por que ainda o defendemos?

    Está difícil encontrar representantes da esquerda que tanto sonhamos..

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    • Falou tudo,Jorge Fabrício. Fica difícil levar a sério gente que defende partido mesmo vendo a realidade a sua frente. O PT não é esquerda. Talvez tenha sido nos idos de seu nascimento, quando muitas pessoas viam o partido como uma alternativa, como uma chance de sermos um país diferente, uma país melhor. Mas a realidade se mostrou totalmente diferente. Temos que aceitar isso. A coisa mais triste é ver uma pessoa aferrada a seus sonhos, iludidos,apegados.Esse papo de que a classe média não quer o bom dos pobres é um argumento velho,carcomido. Expressa o clichê do esquerdista tolo. Devemos ver além. O PT falhou.E enquanto continuarem defendendo o indefensável, será cada vez mais difícil construir uma alternativa. Sem mais.

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