Universalismo e diversidade | Olgária Matos escreve sobre o novo livro de Renato Ortiz

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Em seu novo livro, Universalismo e diversidade: contradições da modernidade-mundo (Boitempo, 2015),  Renato Ortiz se dedica a destrinchar o mal-estar do universalismo moderno. Enfocando a “diversidade” como emblema da globalização, Ortiz apresentará o antagonismo entre o universal e o particular como base do “espírito de nosso tempo”. Em cinco breves e afiados ensaios, o livro reflete sobre os sentidos em que essas antinomias “falam” de nossa condição. Leia abaixo a orelha do livro, assinada por Olgária Matos.

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Universalismo e diversidade: contradições da modernidade-mundo procede a uma genealogia do conceito de globalização, reconstruindo o campo teórico e os métodos que o formaram, bem como suas implicações na vida social. À ideia de globalização, Renato Ortiz prefere “modernidade-mundo”, a fim de compreender o processo no qual se inverteram valores e se dissolveram modos de vida e tradições. Dos gregos aos modernos, trata-se do que é comum e cria a comunidade política, e do que é “próprio” e não poderia ser comum.

A modernidade foi um fenômeno do Ocidente europeu que se dispôs a universalizar a exigência da “liberdade, da igualdade e da justiça”, em suas diferentes concepções filosóficas e históricas, abrangendo os estágios da evangelização, da colonização, da descolonização e, por fim, a “globalização”.

A universalização do industrialismo e a predominância da técnica, a aceleração do tempo da produção e do mercado, com sua potência de liquidação de tradições e valores, traz para o primeiro plano a “experiência do tempo” e da “diversidade” – nacional, cultural, sexual, religiosa, histórica. Disso resultam as aporias do universal e do particular, o universal – comum e acessível a todos – rumando para o universalismo homogeneizador e intolerante das diferenças, e a diferença tendendo ao relativismo corporativista e privatizante, a que subjaz a problematização da experiência democrática, convertendo-se a cidadania em “identidades”, direitos universais legislados cada vez mais no particular, a democracia tornando-se vulnerável a lobbies e grupos de pressão.

Analisando diferentes perspectivas da antropologia, Renato Ortiz reflete sobre as implicações entre a crescente retórica do multiculturalismo e da globalização, em contraste com a produção da uniformidade dos gostos e dos costumes. O autor se volta para o Brasil, analisado segundo a consciência da multiplicidade étnica, religiosa e racial, em que a heterogeneidade não é um elemento acidental e instável, mas constitutivo da própria ideia de nacionalidade e origem. De onde a grande importância desta publicação, que enfatiza os valores culturais em sincretismos e hibridizações, sem aderir automaticamente à tradição que eles atualizam.

Com refinamento e erudição, Ortiz nos oferece a história da mudança no modo de vida espiritual das sociedades, contra o universalismo absoluto e contra o multiculturalismo absoluto dos valores que dissolvem os fundamentos do direito comum, abrindo o horizonte crítico de uma phylia generosa, a de cada um e de todos.

Olgária Chain Feres Matos

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1 comentário em Universalismo e diversidade | Olgária Matos escreve sobre o novo livro de Renato Ortiz

  1. Onde encontro o livro aqui em Teresina-Piauí? Pela orelha dá p dimensionar seu conteúdo atual. Quero comprar.É uma leitura obrigatória.

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