Assim nasce o conservador | Um poema brechtiano de Mauro Iasi
“Nada mais parecido com um fascista que um pequeno burguês assustado”
– Brecht
Assim nasce o conservador
De todos os invernos
De todas as noites sangrentas
De todos os infernos
De todos os céus desterrados de perdão.
De toda obediência burra
Ao oficial, burocrata,
À coroa, ao cetro,
Ao papa, ao cura.
De todo medo
“Agora não, ainda é cedo”,
de todo gesto invertido para dentro,
de toda palavra que morre na boca.
Do obscurantismo, de todo preconceito,
de tudo que te cega, de tudo que te cala,
de tudo que lhe tolhe, de tudo que recolhes,
de tudo que abdicas, de tudo que te falta.
Um beijo o assusta,
um abraço o enfurece,
a dúvida o enlouquece,
a razão se esvanece no vácuo.
Germina, assim, uma impotência tão grande,
que deforma as feições e torna tenso o corpo,
o dedo em riste, a veia que salta no pescoço,
a boca transformada em latrina.
Assim nasce o conservador.
Ele teme tudo que é novo e se move.
É um ser frágil, arrogante, assustado…
e violento.
Por Mauro Luis Iasi.
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Leia, na coluna de agosto de Mauro Iasi, “Três crises… falta uma“, uma análise da crise política e da crise econômica, que se entrelaçam na atual conjuntura brasileira.
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Mauro Iasi é professor adjunto da Escola de Serviço Social da UFRJ, pesquisador do NEPEM (Núcleo de Estudos e Pesquisas Marxistas), do NEP 13 de Maio e membro do Comitê Central do PCB. É autor do livro O dilema de Hamlet: o ser e o não ser da consciência (Boitempo, 2002) e colabora com os livros Cidades rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil e György Lukács e a emancipação humana (Boitempo, 2013), organizado por Marcos Del Roio. Colabora para o Blog da Boitempo mensalmente, às quartas.
Conservador, revolucionário, etc., são termos com grande dosagem de abstração quando usados de forma descontextualizada.
São usados, geralmente, com o intuito de desqualificar o oponente.
Os poetas, sobretudo os geniais como Brecht, possuem licença para generalizar as coisas, sem compromissos com a investigação e nem a comprovação.
Porém, só a forma como provocam a curiosidade e a reflexão é importante para o debate e o aprofundamento de conceitos contidos num poema lindo como este.
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“Poesia” de merda de um liberasta burguês degenerado metido a comuna caviar! Se fosse na União Soviética, esse idiota útil seria jogado no fundo da Sibéria no Gulag, porque suas “poesias” não são comunistas!
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Que ótimo, Iasi! Faça mais e mais…. Eles odeiam a poesia! A poesia os fere de morte!
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