Curso completo: A psicopatologia do Brasil entre muros, coordenado por Christian Dunker
O psicanalista Christian Dunker foi o curador de um módulo do Café Filosófico da CPFL Cultura baseado inteiramente em sua obra Mal-estar, sofrimento e sintoma: uma psicopatologia do Brasil entre muros (Boitempo, 2015). Ao todo foram quatro encontros, com alguns dos principais pensadores da psicanálise no Brasil hoje. Confira!
O módulo se inicia com uma conferência de abertura do próprio Christian Dunker, que mapeia as três noções de “mal-estar”, “sofrimento” e “sintoma”, que balizam o curso, e introduz o ousado gesto de colocar o Brasil no divã. Nas suas palavras, “para entender o brasil, é preciso imaginá-lo como um agente que sofre, vive às voltas com o mal-estar e é capaz de produzir sintomas. um desses sintomas é a nossa vida em condomínio, uma representação da psicopatologia de um país entre muros: os muros dos diagnósticos da escola, da justiça, das avaliações nas empresas, do trabalho em forma de projetos.” Em seguida, o psicanalista Nelson da Silva Jr. discutirá as noções chave de “sintoma social” e “racionalidade diagnóstica” na historicização de Dunker do sofrimento psíquico no Brasil e as formas de articular ele. Essa abordagem o permite decifrar a dimensão política como fundamental para compreender esta dinâmica. Na sequência, a psicanalista Maria Lívia Tourinho Moretto discute os contornos do nosso sofrimento social à brasileira no interior de uma cultura global do sucesso e questiona a máxima da sociedade contemporânea: “é preciso ser feliz”? Por fim, o filósofo Vladimir Safatle encerra o módulo com um raio-x da “lógica do condomínio”, dispositivo que, na tese de Dunker, seria a matriz fundamental de articulação dos afetos no Brasil contemporâneo. Confira a gravação integral das quatro conferências abaixo!
1. O Brasil no divã: “mal-estar, sofrimento e sintoma”
Com Christian Dunker
Neste primeiro encontro Dunker apresenta as três noções de “mal-estar”, “sofrimento” e “sintoma” no contexto da expansão do uso de diagnósticos clínicos e sociais para definir nossas formas de vida: da dimensão filosófica e existência da angústia que se apresenta no “mal-estar”, passando pelas condições narrativas pelas quais o “sofrimento” se exprime e é reconhecido socialmente, até a ideia de “sintoma” como algo que atrapalha mas também porta uma verdade que ainda não pode ser reconhecida pelo sujeito.
2. Sintoma social e racionalidade diagnóstica
Com Nelson da Silva Jr.
A conversa se dedica a esclarecer os diferentes sentidos da expressão “sintoma social”, que pode encontrada, com significados radicalmente diversos, tanto nos discursos higienistas, quanto nos marxistas, nos gerenciais e nos psicanalíticos. Ao longo da conferência, o psicanalista Nelson da Silva Jr demonstra como estabelecimento de fronteiras, e o exame da racionalidade diagnóstica presente em cada um desses usos exige a explicitação de sua compreensão do que é a vida social em seu princípio, isto é, seu posicionamento político.
3. O sofrimento na nossa cultura do sucesso
Com Maria Lívia Moretto
Neste último encontro, a psicanalista e professora da USP Maria Lívia Tourinho Moretto discute os contornos do nosso sofrimento social à brasileira no interior de uma cultura global do sucesso e questiona a máxima da sociedade contemporânea: “é preciso ser feliz”?
4. A lógica do condomínio
Com Vladimir Safatle
Nesta terceira conversa, o filósofo Vladimir Safatle demonstra como a lógica do condomínio impõe-se enquanto modelo de produção social de afetos. Ele defende que ela só pode ser compreendida no interior da elevação do medo a afeto social fundamental (seguindo com isto uma tradição que remonta a Hobbes), e encerra comentando como tal articulação pode nos dizer muito sobre as formas de sofrimento social em terras nacionais.
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Mal-estar, sofrimento e sintoma: uma psicopatologia do Brasil entre muros
por Christian Dunker
prefácio
Vladimir Safatle
orelha
José Luiz Aidar Prado (Leia aqui).
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Para descontrair: Christian Dunker desempacota seu livro Mal-estar, sofrimento e sintoma, na edição de estréia do “conversas de estoque” na Boitempo. Entre pilhas e “muros” de livros, o autor discute como a “lógica do condomínio” baliza nossas formas de sofrer e sublinha o papel da cultura em criar narrativas para articularmos e darmos outros sentido ao sofrimento e, enfim, “inventar novas formas de sofrer” – uma tarefa que Dunker coloca como sendo urgente para o Brasil de hoje.
Para ampliar a discussão: Não deixe de conferir o debate de lançamento de Mal-estar, sofrimento e sintoma, com Christian Dunker, Paulo Arantes, Maria Rita Kehl e Vladimir Safatle, intitulado “Segregação e ódio no Brasil partido”. Realizado no centro de São Paulo, numa Quadra dos Bancários apinhada de interessados, o evento teve a mediação do jornalista Antonio Martins e discutiu as interfaces possíveis entre psicanálise e política para pensar os impasses do Brasil entre muros.
Enviado por Samsung Mobile.
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A segregação ideológica entre nós e eles fez os brasileiros pensar com a emoção. DDemétrio Magnoli coloca isso em depoimento no Roda Viva ttps://youtu.be/4zwn_Jsc_7s
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Muito tempo dentro da bolha acadêmica deixam de ver o que é a realidade social. Infelizmente reproduzem um discurso descolado
do universo fora do mundo universitário. Perderam a noção e o espaço dos reais problemas da sociedade. E se associaram a corrupção. O resultado é este nas eleições. A espiral do silêncio ao inverso. A maioria silenciosa se posicionou.
Até mais professor
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