Lançamento Boitempo: “A luta de classes”, de Domenico Losurdo
A Boitempo acaba de lançar o livro A luta de classes: uma história política e filosófica, do marxista italiano Domenico Losurdo. Depois de seu aclamado A linguagem do império: léxico da ideologia estadunidense, Losurdo se volta para o conceito e a prática da luta de classes e sua atualidade diante da atual crise econômica que se alastra, e provoca: “é certo que a luta de classe tenha de fato desaparecido?”
Para Losurdo, a luta de classes não é somente o conflito entre classes proprietárias e trabalho dependente. É também a “exploração de uma nação por outra”, como denunciava Marx, é a opressão “do sexo masculino sobre o feminino”, como escrevia Engels. O livro faz uma original leitura da teoria de Marx e Engels da história mundial que tem início com o Manifesto Comunista. E nos mostra que, em face das colossais mutações que marcaram a passagem do século XX para o XXI, a teoria da luta de classes revela-se mais vital do que nunca.
Leia a orelha do livro, assinada por José Luiz Del Roio
Domenico Losurdo trabalha em uma minúscula cidade do centro da Itália, que é uma joia do renascimento: Urbino. Do alto de suas suaves montanhas, lança o olhar para o presente e o passado da história social de todo o planeta. E consegue traçar linhas para o futuro. Possui uma erudição impressionante, contando sua obra com uma meia centena de volumes. E não tem medo da polêmica, que realiza sempre em alto nível. Enfrenta “monstros sagrados” como Simone Weil, Hannah Arendt e Jurgen Habermas, contestando suas teses com a precisão de um cirurgião.
Neste seu trabalho, se fixa numa expressão intrigante usada no Manifesto Comunista, de Marx e Engels, ou seja, “lutas de classes”. Esse plural não é inócuo, mas pleno de significado e consequências, que nem sempre foram percebidas, no desenvolvimento da luta política nos tempos sucessivos.
E é aqui que Losurdo se aprofunda, demonstrando a complexidade das situações que se apresentaram diante dos fenômenos revolucionários. Nada é simples e linear, se entrelaçam fenômenos de sociedades cada vez mais diversificadas ou mesmo fragmentadas, como nacionalismos, libertação nacional, anseios de conquistas tecnológicas e mesmo messianismo em diversas formas. O autor concentra boa parte de seu esforço em aprofundar a análise dos acertos, dos erros, das utopias e da dura realidade que enfrentaram e ainda enfrentam as sociedades que puderam trilhar os caminhos da construção do socialismo. Grande é o mérito do pensador italiano ao colocar nesse labirinto de contradições a questão de gênero e da luta das mulheres para superar a alienação e a exploração específica a que foram e são submetidas. Sua análise, rigorosamente científica, não esconde, entretanto, o militante revolucionário, pleno de confiança em um destino melhor para os povos e oprimidos do planeta.
É claro para muitos que hoje a sociedade brasileira está imersa em uma intensificação “das lutas de classes” que nem sempre é de fácil leitura. Para os ativistas sociais, o conhecimento do método de análise e das informações fornecidas por Domenico Losurdo pode ser de grande utilidade para a construção de programas de lutas eficazes.
DOMENICO LOSURDO NO BRASIL | De 10 a 23 de junho de 2015
Conferências de lançamento de A luta de classes: uma história política e filosófica
O filósofo e historiador italiano Domenico Losurdo está no Brasil ao longo do mês de junho para um ciclo de conferências e debates de lançamento de seu novo livro A luta de classes: uma história política e filosófica (Boitempo, 2015). Entre os dias 10 e 23 de junho ele passa pelas cidades de São Paulo, Santo André, São Luís, Niterói e Rio de Janeiro para discutir a história e atualidade da luta de classes no Brasil e no mundo. Confira a agenda completa de debates e conferências aqui.
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Recién lanzado. Un autor cálido, me pareció. Tuve la oportunidad de exponerle el caso de Puerto Rico en un cuestionamiento sobre la agenda política cuando converge la lucha de clases y la independencia. Muy claro en su breve respuesta, a la que de paso trajo la lectura de Marx sobre la situación de Irlanda como colonia inglesa: “Siempre hay que evaluar la forma en la que el dominio se expresa, ya no sólo en la clase sino también en el territorio. La “cuestión social” se entreteje con la “cuestión nacional”, ninguna pudiendo ser resuelta de modo separado. La lucha asume diversas características según los momentos en que se expresa y lo mismo sucede con el colonialismo. Opino que la luchas de clases debe ser usada en plural (luchas de clases), porque así trasciende el empleo de un slogan, para atender diferencias como esta. Infelizmente, aún no he estado en Puerto Rico” -agregó tristemente.
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