Inaceitável, Dudu, inaceitável…
Por Emir Sader.
Em uma viagem de Havana a Managua, falando de coisas de um tempo em que as mortes de amigos e companheiros estavam na ordem do dia, Cortázar me disse, simplesmente o seguinte:
– Emir, a morte é inaceitável.
O que mais acrescentar a isso?
E que morte hoje é mais inaceitável do que a do Galeano, do Eduardo, do Dudu?
E que palavras para expressar o sentimento, para tentar descrever o que é a vida dele, o que nos deia, a falta que nos fará?
Dizer que era o melhor escritor latioameircano contemporâneo, o melhor ensaísta, o melhor jornalista, o melhor ser humano – não basta. Faltará sempre algo, que só os que tivemos o privilegio da convivência podemos avaliar ou sentir.
Ele nos deu um tempo para sentirmos o que seria a vida sem ele, conforme resistia duramente a doença – “é uma luta aqui dentro do dragão da maldade contra o santo guerreiro”, dizia ele. Mas ninguém pode aceitar uma ausência como a dele.
Inaceitável, Dudu, inaceitável.
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Em 2013, Emir Sader entrevistou Eduardo Galeano para o Repórter Brasil. O escritor e jornalista conversa sobre o que ele chama de uma atual ditadura do medo no contexto das revelações de Edward Snowden, e afirma, sem pestanejar: o mundo está dividido entre indignos e indignados.
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Emir Sader nasceu em São Paulo, em 1943. Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, é cientista político e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É secretário-executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e coordenador-geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Coordena a coleção Pauliceia, publicada pela Boitempo, e organizou ao lado de Ivana Jinkings, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile a Latinoamericana – enciclopédia contemporânea da América Latina e do Caribe (São Paulo, Boitempo, 2006), vencedora do 49º Prêmio Jabuti, na categoria Livro de não-ficção do ano. Publicou, entre outros, Estado e política em Marx, A nova toupeira e A vingança da história. Colabora para o Blog da Boitempo quinzenalmente, às quartas.
Como sempre, caro Emir, suas palavras foram maravihosas!
“A morte, muitas vezes, mente – quando se imagina que uma pessoa morreu, ela continua viva na memória, nas conversas, nas decisões” – Eduardo Galeano (1940 – 2015) Mestre…é nosso dever manter viva sua ideologia!!!
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Republicou isso em ivanmaglioe comentado:
Grande perda! Eduardo Galeano
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Sinto-me feliz por seguir o professor Emir Sader e lamentamos muito a perda de uma pessoa tão especial como foi o Dudu
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Galeano, presente hoje e sempre.
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Vemos desaparecer uma figura de um humanismo inigualável, insuperável. Um exemplo de humildade e amor ao próximo. Repousa em Paz amigo Eduardo Galeano, homem de todas as latuitudes e de todas as longitudes. Universal. Mal acabas de partir e já sentimos a tua falta. A Humanidade ficou bem mais pobre….
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Diálogo emocionante!
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Lindo, Emir! Não consigo parar de chorar. Eduardo Galeano , na ingênua parte criança que trago em mim, seria eterno, mas nesse mundo!
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Algumas pessoas fazem parte de nós (conscientemente), e Galeno em mim, é um de meus mestres. Uma parte de mim… das mais nobres.
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