Boitempo vai publicar obras de Milton Friedman, Mises, Hayek, Ayn Rand e pensadores neoliberais

marx troll abril

Marx fanfarrão pegou você no 1º de abril! A Boitempo não vai publicar a obra desses autores identificados com o discurso neoliberal… mas se você realmente quiser entender o que é a racionalidade neoliberal, não basta ler Hayek, Friedman nem Mises. Na verdade, segundo os pesquisadores Christian Laval e Pierre Dardot, a própria esquerda ainda não entendeu o que é o neoliberalismo, e está pagando um preço altíssimo por isto. E foi este anseio de urgência que os levou a abraçarem a forma e o tom de intervenção política ao livro A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal, que a Boitempo lançou recentemente – um trabalho de intensa acumulação crítica que passa a limpo todos os lugares comuns sobre a natureza do capitalismo contemporâneo. O livro integra a coleção Estado de Sítio, coordenada por Paulo Arantes, e inaugura o novo visual da série editorial:

Para os autores, o neoliberalismo não é uma retomada do antigo liberalismo, tampouco marca o advento de uma forma mais “pura” e desregulamentada de capitalismo. Muito pelo contrário. Invertendo o chavão da “retirada do Estado”, Laval e Dardot afirmam que o neoliberalismo é na verdade uma forma de governo inteiramente nova marcada por uma normatividade disciplinar ainda mais insidiosa. Valendo-se de um referencial analítico pouco ortodoxo – que concilia a biopolítica de Foucault com a crítica da economia política de Marx –, os autores descrevem a sociedade neoliberal como uma própria racionalidade expressa pela generalização da concorrência como norma de conduta e da empresa como modelo de subjetivação. Na nova razão do mundo, todas as atividades devem assemelhar-se a uma produção, a um investimento, a um cálculo de custo. E aqui o conceito de “forma-empresa” é mais do que metáfora para descrever uma realidade em que toda atividade do indivíduo é concebida essencialmente como um processo de valorização do eu.

Levando ao pé da letra a palavra de ordem de Margaret Thatcher – “A economia é o método. O objetivo é mudar a alma” –, o livro descreve os assombrosos contornos deste mundo em que “o desejo é o alvo do novo poder”. Refletindo sobre as implicações psicológicas e subjetivas de um paradigma em que a economia torna-se uma disciplina pessoal, o livro traz ainda elementos originais para interpretar a sobrevida da ética gerencial em tempos de incerteza e crise, em que toda atividade tem de ser empresarial porque nada mais é garantido para a vida toda.

Essencialmente ademocrática, a nova razão do mundo torna obsoleto todo o vocabulário tradicional da ciência política (os autores cunham o termo “neoliberalismo de esquerda” para descrever a forma política que sucedeu à social-democracia, por exemplo). O foco na generalização dessa racionalidade sub-reptícia permite enfocar, para além do processo mais visível de privatizações, a corrosão interna da própria dimensão pública e democrática dos Estados nacionais, da direita à esquerda no espectro político institucional.

Os autores Pierre Dardot e Christian Laval vieram ao Brasil em abril de 2016 para debater a obra. Confira abaixo as gravações dos eventos de Christian Laval em São Paulo e de Pierre Dardot em Salvador, bem como do comentário de Christian Dunker sobre o livro:


Não deixe de conferir também a lista de 10 leituras que preparamos para refletir sobre o golpe de 1964, consolidado também num outro primeiro de abril, 52 anos atrás…

8 comentários em Boitempo vai publicar obras de Milton Friedman, Mises, Hayek, Ayn Rand e pensadores neoliberais

  1. Real no comuna // 02/04/2016 às 2:20 am // Responder

    “Valendo-se de um referencial analítico pouco ortodoxo – que concilia a biopolítica de Foucault com a crítica da economia política de Marx.”

    Ou seja, os autores utilizam dois “pensadores” descreditados que só inventaram BESTEIRA pra acadêmico continental e terceiromundista, para discutir o INEXISTENTE neoliberalismo.

    Criem vergonha na cara e vão publicar Hayke e Scruton mesmo, filhos.

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    • “pensadores descreditados que só inventaram BESTEIRA”, “INEXISTENTE neoliberalismo”.

      Cara, cuidado com o marxismo cultural, com o foro de São Paulo e esses vampiros bolivarianos, eles vão te pegar.

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  2. Falando serio… eu acharia legal uma iniciativa desse tipo pela boitempo. Uma edição própria de vcs com um prefácio escrito por um marxista de forte calibre… ou até uma edição comentada…

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  3. Boa… Já estou com uma lista pra acrescentar na minha biblioteca. Brevemente farei as compras. Vida longa e próspera à Boitempo.

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  4. Uma pena uma editora tão interessante e com uma redação de fácil assimilação preferir se afunilar apenas a uma ideia, a um lado polarizado…

    Interessante mesmo é a pluralidade de ideia, o conflito – intelectuais -, os confrontos – honestos – e ver que ainda sim, no meio de informação e conhecimento, se prefira apenas um lado da moeda…

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  5. KKKKKKK, eu quase levei a sério essa notícia. Ainda bem que é só uma brincadeira. Pensei que a Boitempo ia… PERDER SEU TEMPO (KKKKK), divulgando estes inúteis de direita.

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  6. É pegadinha, mas a idéia em si não é de todo ruim. a CLACSO publicou o livro asqueroso do Helmut Nicolai, mas prefaciado pelo grande Zaffaroni, com a seguinte tarja na capa: “PORQUE TRADUZIR E PUBLICAR ESSE DISPARATE?” Não deve ser difícil achar bons teóricos que façam prefácios devastadores às obras disparatadas dessas pessoas.
    Às vezes é necessário mostrar a toca jogando luz nela, não só descrevendo-a.
    Bora adotar a idéia, Boitempo? 🙂

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  7. Não consigo acessar o link de venda do livro. A página está indisponível. quero comprar.

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